Capítulo 20 - Um jogo perigoso

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Capítulo 20 – Um jogo perigoso

Era uma manhã nublada de sábado. Não havia mais gelo nos gramados verdes, agora era somente o frio que se fazia presente. O frio e o vento. Um vento que poderia machucar se viesse violento em meio a uma tempestade ou só muito veloz enquanto corria pelo céu cinzento entre as folhas das árvores altas, mas ainda assim era deliciosamente libertador e invejado.

Harry conhecia muito bem a sensação de liberdade que o ar poderia proporcionar àqueles que soubessem apreciá-lo. Era mágico o fato de não haver nada ali que o prendesse, era somente ele e o mundo abaixo de si estendendo-se em uma imensidão gloriosa. O vento passou por seu cabelo dançando entre os fios desalinhados e fazendo-o fechar os olhos por um momento e respirar fundo antes de sorrir. Como sentira saudades daquela sensação, estar no alto e ser o dono de todas as escolhas, poder girar em todas as direções, correr velozmente sem um obstáculo a lhe parar. Era delicioso e seria mais ainda se não tivesse uma voz gritando consigo.

Harry abriu os olhos e se endireitou em cima da sua Firebolt antes de descer alguns metros e finalmente reconhecer a menina que o chamava na ponta do campo de quadribol. Os cabelos vermelhos de Gina seriam reconhecidos em qualquer lugar, parecia uma labareda de fogo dançando atrevidamente no meio do vento cruel do inverno não se deixando intimidar pela crueldade do frio. Os cabelos de Gina eram quentes assim como o sorriso que se abria em seu rosto enquanto esperava o grifinório pousar.

Ao tocar os pés no gramado bem arrumado do campo, Harry sentiu uma pontada no peito, já não estava mais no domínio pleno de tudo, agora estava de volta a realidade, de volta ao chão. Segurou a vassoura com uma mão e com a outra arrumou o uniforme tentando esconder a barriga já proeminente de quase quatro meses, depois se lembrou que a poção que Snape rigorosamente o lembrava de tomar todos os dias mascarava sua aparência fazendo com que os olhos daqueles que não sabiam de seu segredo vissem apenas aquele menino magro que sempre fora. Porém, e isso era constantemente lembrado por seu marido, ele estava em um momento delicado, deveria tomar muito cuidado com tudo que pudesse afetar sua saúde.

Harry suspirou, Snape estava sendo gentil todas essas semanas, pelo menos quando estavam a sós e do jeito dele, o que queria dizer que ele apenas não era cruel quando estavam entre quatro paredes, mas também não era mil amores e jamais voltou a agir tão vulneravelmente como no chuveiro, algumas vezes até tinha que aguentar sua cólera após um dia estressante de aula. Nesses dias Harry se sentia completamente machucado pelas palavras que Snape lhe gritava, ou pior, sussurrava. Mas depois acabava perdoando, mesmo que as desculpas não fossem nunca pedidas com palavras e sim com a fome desvairada que se transformava em uma noite de sexo quente e intenso. Mas mesmo com tudo isso Snape não tocava no assunto mais importante, seu filho, a criança que carregava em seu ventre e que no futuro seria como ele, uma eleita para se sacrificar pela vida de todos.

Que destino cruel, pensou Harry franzindo a testa.

- Não pense muito, Harry. Vai acabar pirando.

Harry riu e sentiu-se bem assim, fazia tempo que não dava uma risada por besteira. Hermione estava paranóica com os estudos devido os exames que se aproximavam e as aulas de aparatação, Rony estava ocupado tentando conquistar Hermione e se livrar totalmente de Lilá e ele mesmo estava ocupado tentando um bom convívio com seu esposo instável, intragável, espião e comensal. Mas além de tudo isso ainda tinha Malfoy.

Malfoy ainda era um assunto pendente em sua mente, mesmo prometendo, depois de quase matar o loiro com um feitiço hostil, que se distanciaria do sonserino, não poderia apenas deixar tudo para lá. Malfoy era um comensal e estava aprontando algo, ainda descobriria o que era e daria um jeito de fazer Snape acreditar em si. Mas não naquele momento, naquele momento Gina sorria para si e o puxava para o vestiário.

A Lenda (Snarry)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora