Capítulo 34 - O castigo de Gina

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Capítulo 34 – O castigo de Gina

O diretor, sentado na maior cadeira do local tomara um único gole de seu suco antes das corujas entrarem pelas janelas esvoaçando suas asas molhadas pelo sereno. A diminuição de quantidade de corujas era visível, antes eram tantas aves adentrando o local que tudo virava uma algazarra. Agora, porém, era raro ver mais corujas do que as dos pais dos sonserinos que eram os únicos a receber encomendas e a falar animadamente enquanto o restante da escola aprendera a ficar de mãos vazias e bocas caladas.

Entretanto algumas corujas perdidas entregavam as edições matinais de O Profeta Diário e O Pasquim e foi após uma dessas entregas que o caos reinou. A princípio o movimento não foi notado, mas aos poucos Snape percebeu que muitas cabeças viravam-se para cochicharem e aos cochichos seguiram-se as exclamações e depois o falatório cada vez mais alto quase retornando ao habitual de manhãs antigas. Porém em uma manhã antiga seria Dumbledore quem estaria sentado ali olhando para os alunos e em seus olhos teria algo como curiosidade e divertimento ao invés de irritação fria e cortante de Snape que olhou para Amico sentado ao seu lado e fez um aceno de cabeça. O comensal levantou-se sendo seguido por sua irmã que carregava um sorriso cruel no rosto. Ambos percorreram os corredores entre as mesas recolhendo os exemplares das revistas e ralhando com os alunos que os desafiaram.

- Não pode permitir uma coisa dessas. – Disse Minerva quando Denis Creevey levou um tapa na cabeça e uma ameaça de detenção com cruciatus. – Isso é violência.

- É melhor não se meter em nossos modos de ensino. – Disse Aleto aproximando-se e entregando a revista para Snape que mantinha-se calado.

- Modo de ensino? Desde quando abuso de poder e tortura são modos de ensino? – Perguntou Minerva levantando-se exaltada.

- Desde que temos carta branca dada pelo Ministério para nossas aulas.

- Um Ministério fajuto e controlado por um louco!

- Como se atreve?

Toda a escola parara para ver as duas professoras discutindo em alto e bom som. Os outros professores não se atreveram a abrir a boca contra eles, tinham medo de suas ameaças, eles eram comensais cruéis por natureza e pessoas como Sprout, Slughorn e Flitwick, apesar de poderosos, não aguentariam a força de cruciatus, mas McGonagall não tinha medo e nem receio. Os alunos sempre a avistaram discutindo com os irmãos Carrow e por vezes saindo aborrecida da sala do diretor. Amico e Aleto sabiam que apesar de detestá-la não deveriam entrar em um duelo com ela, além de muito mais poderosa do que eles a mulher de idade avançada era uma das poucas que conseguiriam aguentar sessões de cruciatus. Seria loucura, por isso ambos só ficavam gritando uma com a outra.

Apesar de toda a algazarra a sua volta, Snape só tinha olhos para a manchete na revista estranha de Xenófilo Lovegood que noticiava aquilo que O Profeta Diário tentava esconder. Havia uma imagem grande de três pessoas correndo pelo átrio do Ministério ainda aquela manhã. Snape reconheceu imediatamente os cabelos esvoaçantes de Hermione Granger e ao seu lado o rosto assustado e determinado de Harry Potter enquanto corria apontando a varinha por sobre o ombro. A imagem se repetiu diversas vezes e todas as vezes os olhos de Snape prenderam-se nos olhos do menino pensando se agora ele estaria bem ou se estaria machucado de alguma forma. Teria que vê-lo para ter completa garantia de tudo, tinha que ver com seus próprios olhos.

Com alívio por finalmente ver uma notícia dele Snape fechou a revista e finalmente percebeu que a discussão de Aleto e Minerva agora era compartilhada entre os professores e alunos. Aquelas vozes estavam lhe dando dor de cabeça e antes que duelos fossem travados o diretor bateu a mão com violência na mesa e se levantou.

- Basta.

A voz, apesar de ser pronunciada em tom baixo, reverberou com tanta força que não se ouvia um único som naquele recinto, parecia até mesmo que as pessoas haviam parado de respirar. Seus negros olhos não transpareciam mais do que irritação quando o passou por todo o salão observando atentamente as crianças assustadas e revoltadas assim como os professores perplexos. O medo começava a invadir o ar aos poucos conforme um sorriso torto abria-se em seu rosto emoldurado pelos cabelos negros.

A Lenda (Snarry)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora