CAPÍTULO 29

211 34 61
                                    

REBECA

Ainda em choque e o corpo tremendo por inteiro, entro no quarto acendendo a luz, antes de atravessar o recinto, e em total desolação jogo a bolsa num canto qualquer. Em passos lentos e pesados, me dirijo a cama imensa e confortável, onde desmorono na beirada, agarrada a borda do colchão. O sentimento de profundo abandono me aflige, formando um nó na garganta. Um gélido calafrio corre pelo meu corpo, junto a sensação de insuportável tormento e agonia. Um choro convulsivo, submerge, sendo impossível sufocá-lo. Por isso, trinco os dentes, pranteando baixinho e permito que as lágrimas insubmissas lavem meu rosto. Cada névoa de lágrima, é um lamento. Uma contestação silenciosa contra a direção infortunada e incompressível que minha vida tomou e a triste realidade de amar o homem que deu fim a vida dos meus pais.

A realidade é abominável! Devastadora.

Quem diria que, a noite terminaria em ruina total? Um simples presente, ocasionou um impacto aterrador, deixando tudo de ponta-cabeça. E, um pequeno espaço de felicidade, transformou-se num deplorável cenário de mentiras e verdades mal contadas. A noção real dos fatos, desespera o coração. Consumida por um tumulto interno, julgo que não é certo amá-lo. Mas as atuais circunstâncias sinalizam que não terei escolha. Pois Um rompimento será inconcebível. Como proceder como a esposa dele? Como encontrar um equilíbrio? Talvez minha única opção, seja me resignar com meu destino.

A despeito de tudo, o baú, acabou por despertar-me. Tirar-me do mundo fantasioso e em que vivia. Foi necessário vê-lo, tocá-lo e examiná-lo, para que a venda que cobria meus olhos caísse por terra. Se antes eu tinha ilusões sobre Alexander, e o fantasiava como um gentil cavalheiro, agora nada disso faz sentido. Em circunstância efêmera e eficaz, eu o vi em sua essencial primitiva; impiedoso, destemido e implacável. Ele estava feroz, em seu anseio de combater os inimigos. Se eu fechar os olhos posso vê-lo nitidamente em combate. Foi surreal e impressionante assisti-lo, manuseando a arma letal com tanta habilidade, que, compreendi que aquilo não era algo casual. Com a arma em punho, os músculos do seu corpo retesavam, enquanto, apontava a arma para os alvos e os atingia. Os tiros ecoavam com explosões numa sequência interminável. A veia assassina de Alexander pulsava numa energia assombrosamente brutal e sanguinária. Eu não conseguia respirar nem me mover. Enquanto isso os bandidos avançavam impetuosamente, mesmo em eminente derrota. E um a um foram ficando para trás. Foram mortos. Eles não tiveram a mínima chance de vencer a determinação implacável de Alexander.
Espanto as imagens impressionantes e meio inebriada pelos acontecimentos, sigo ao banheiro, retirando o vestido, que só agora percebo que rasgou até a coxa. Com repulsa, jogo-o dentro da lixeira, querendo me livrar do último resquício da noite desastrosa.

Depois do banho, visto uma camisola branca de algodão e me enfio entre as cobertas. Sentindo a exaustão percorrendo o corpo.
Fechando os olhos cansados, afundo a cabeça no travesseiro, quando ouço o barulho de vidros quebrando.
Os sons de coisas sendo destruídas chegam em meus ouvidos. Consequentemente, meu sangue congela.

Que Deus me ajude!

Alexander está enlouquecido. Esse homem é o diabo encarnado. Nunca vi alguém com o gênio tão infernal!
Ele se transforma de modo tenebroso. E só de lembrar do brilho perigoso dos seus olhos quando se enfurece, sinto pavor.

O som produzido pelos objetos se espatifando é aterrorizante. Até que inesperadamente decorre um sinistro silencio.
O que deveria me tranquilizar, me apavora ainda mais. A calmaria é mais apavorante.
Em instante, escuto o ruído da maçaneta e logo a seguir a porta se abre. Ao fechar a porta com força, esta ringe pelo impacto violento. Com medo, Puxo o lençol e me cubro até a cabeça, fingindo estar dormindo. Quando, ele avança pelo quarto, me mantenho imóvel e com respiração presa.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAOnde histórias criam vida. Descubra agora