CAPÍTULO 49

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ALEXANDER

Assombrado pela incerteza e falta de notícias, percorro o extenso e amplo corredor do hospital, verificando cada espaço.
As paredes brancas do chão ao teto, tornam o ambiente um tanto opressivo.
Com desalento prossigo perdido, abrindo porta por porta, cada unidade de internação que encontro à  frente.
Contrariando o vai e vem de médicos, enfermeiros ou outros transeuntes, que normalmente perambulam pela área hospitalar, excepcionalmente, agora,  predominam o vazio e o silêncio perturbador.
No entanto  caminho com passos pesados, alarmado, seguindo numa solitária jornada pelos corredores iluminados por uma luz parca.
Todos os músculos do meu corpo estão tensos. Com agonia sou tomado por um pressentimento ruim, enquanto uma dor aguda aperta meu peito.
De certo que, ao final do corredor, me deparo com a porta fechada, por onde o médico retornou algumas horas para  realizar a cirurgia de Rebeca.
Extremamente nervoso estendo a mão trêmula para abrir a porta, entretanto antes que conclua a ação, esta é aberta estrondosamente pelo tal médico.

_ Senhor Castellari, já estava indo procura-lo. _Profere temeroso e oscilante, enquanto me analisa com cuidado, mantendo uma distância razoável. 

_ Cadê minha mulher? Ela está bem? _ Questiono ríspido com voz abafada.

_  Eu nao sei como lhe dizer ...

_ Fala de uma vez! _ Retruco atormentado, já enfraquecendo indo na sua direção sentindo os músculos do meu rosto contraindo-se.

_  Infelizmente a cirurgia não ocorreu como o  previsto ... sua esposa teve uma parada cardíaca, tornando impossível reverter o quadro... Eu ... eu sinto muito. _ Comunica aterrorizado, em razão do irreparável fracasso.

Meu coração desce uma batida e sobe outra, acelerado, quase saltando pela boca.
Me sinto pálido, sem reação. Paralisado no lugar.

Num segundo percebo as paredes  fechando-se, prensado-me, minando o ar dos pulmões, privando-me do fôlego de vida.
Puxo ar várias vezes inutilmente.

Como uma libertação da aflição  dilacerante, minha voz surge marcada por um grito de dor.

_ NÃOOOO! ... NÃO ! REBECA! _  Tento reagir em meio ao desespero enquanto alguém tenta me segurar. 

_ Alexander, se acalma!... Alexander foi só um pesadelo!

Abro os olhos e me deparo com Diego me observando espantado, ainda me segurando pelos ombros.

_ Está tudo bem! Foi só um pesadelo... você dormiu  _ Assegura com voz branda.

_ Como eu dormi? Cadê minha mulher? Não acredito que dormi... Que horas são? _ Indago angustiado .

Ao me erguer e sentar na cama de uma vez, minha vista escurece ligeiramente.

_ São quatro horas da tarde... Você está bem ? _ Replica me analisando  preocupado.

Confirmo fazendo um leve aceno com as mãos, fechando e abrindo os olhos para me recuperar da vertigem.
Desço os pés descalço no chão frio para me levantar da cama que parece pequena para um homem do meu tamanho.

_ Minha mulher numa mesa de cirurgia e eu dormindo ? Isto é inadmissível ! _ Reparo agitado.

_ Você estava muito esgotado, sem mencionar que pegou um tiro de raspão, precisava descansar. Do que iria adiantar ficar acordado e se martirizando durante horas de espera ? Quanto a sua mulher, reagiu surpreendentemente, à sete horas de cirurgia. Foi um sucesso ... ah, e seu filho é lindo! Está arrasando os corações das enfermeiras. _ Notifica exultante.

Respiro aliviado, como se o peso de uma tonelada tivesse sido erguido do meu peito, residindo no lugar uma brisa leve e agradável. 

_ Quero vê-la! _ Afirmo puxando as agulhas da minha veia, com negligência.

UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAWhere stories live. Discover now