BÔNUS

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HORAS ANTES DA INVASÃO.

MOIRA

-- Pare para pensar e desista dessa guerra! Isso  tudo é uma  loucura ! Vamos embora enquanto é tempo. 

--Nao!!!! -- Eva berrou trêmula. 

--Não percebe que que todo esse ódio  está te destruindo? 

-- Está com medo agora?  Eva debochou, me avaliando perigosamente.

--Claro que estou. Mas ficarei ao seu lado--  assegurei num misto  de angustia e pavor.

-- Então demonstre seu apoio e não questione minhas atitudes ... --ela pediu me encarando--lembre-se, depois que tudo acabar ficaremos juntas como sempre sonhou, dessa vez sem segredos.

--Você promete isso há anos... e eu estou sempre esperando  -- mencionei  emocionada --já segurei muito barra por você... fiz muitas coisas erradas... só para que perceba o quanto te amo... mas dessa vez, eu gostaria que você fizesse algo por mim.... por nós...

-- Não vou desistir, Moira. Vou ficar...
  
--Para tudo há um limite e você já extrapolou todos os seus. -- cortei-a, revoltada.

-- Não me fale besteiras! Você é mesmo uma infeliz! Imprestável... não passa de uma covarde! Uma  cadela sarnenta  com o rabo enfiado   entre as pernas -- Desdenhou  em tom asqueroso. -- Saia daqui!  -- apontou o dedo para a saída.--Nao quero olhar essa sua cara feia.

O choro de uma mulher, e em questão de segundos  vejo os seguranças  arrastando  Rebeca pelos cotovelos para o compartimento onde estamos.

---Cadê o médico?-- Eva gritou  os seguranças com impaciência.

-- Está preso no outro alojamento -- Um deles explicou.

--Ótimo. Amarre a garota e coloque-a sobre a mesa--continuou agressiva. -- E traga-o aqui.   

--O que você está pensando em fazer Eva?-- Perguntei, temendo ouvir a resposta.  Por que trouxe  o médico?

-- Para não sujar minhas mãos.... sabe que não gosto ver sangue.

-- Ainda não entendi.

-- O médico fará uma cesárea para  retirar o bebê.

-- Mas não há a menor condição de se fazer um parto nesse lugar.  Sem contar que aqui tem muita sujeira. A mãe e a criança podem pegar um infecção...

-- Eu nao me importo...

-- Isso é desumano até para você. -- Adicionei horrorizada  --Não faça isso...  Deixe essa moça em paz... Ela não tem que pagar uma conta que não deve ...

-- Até o último segundo ficarei e pode ter certeza irei matá-lo e como recompensa por tudo que passei levarei a criança. --Ela gritou enlouquecida. -- Não insistia!-- e estapeou meu rosto, furiosa.

-- Depois não diga que não avisei! -- Sentindo o rosto ardendo, a encarei cheia de magoa e decepção. -- O ódio a cegou... tenho pena de você. Porque com certeza, morrera pelas maos do seu próprio filho.

--Ele não é meu filho!--ela trincou os dentes, seus olhos brilhando de puro  desdém.

-- Esta cometendo o mesmo erro do passado--continuei, sentindo a língua coçando diante de tanta injustiça--  ,Tomando o filho de outra mulher.  Só que você não soube ser uma mãe naquela época, e eu temo que nao será no futuro. Você foi a pior mãe que eu já conheci. Nenhuma criança merecia  passar pelo que Alexander sofreu. Mas ele teve sorte. As pessoas ao seu redor o amaram verdadeiramente. E por isso, ele conseguiu seguir enfrente. Mesmo  carregando todos os traumas que você cruelmente imputou  sobre ele...

O  outro tapa que senti, fez meu rosto virar bruscamente. Meus olhos lacrimejaram.
Por um momento, nao me mexi, remoendo ódio e tentando recuperar um pouco a dignidade perdida. Quis implorar para ficar, mas dessa vez nao implorei. Com muito esforço nao cai em prantos, ali na sua frente. Porque depois de tudo, eu ainda precisava dela.

-- Agora desapareça da minha frente! -- ela ordenou calmamente, e depois virou a costas. Será que estava angustiada como eu? Talvez tivesse desejo de me pedir para nao ir, mas ela é orgulhosa.

Tropeçando pelo caminho, segui  pelo corredor,  sentindo a dor e a humilhação . Já devia ter me acostumado. Durante anos, sofro  agressões e insultos. O   temperamento inconstante de Eva é muito inconstante.  Ela sabe que me tem em suas mãos e se aproveita da minha fraqueza, do meu amor. Vivo implorando por uma migalha de sua atenção. Almejando com fracasso que Eva assuma nossa relação. Mas isso parece  um sonho distante.
Por anos sofro sendo expectadora de seus vários casos com diferentes homens, eles entram tão rápido quanto saem da sua vida vazia. 
É quando me procura.
Olho para trás várias vezes, enquanto luto com o desejo de retornar e implorar para que venha comigo.
Desisto quando ouço tiros, vários tiros.
Em seguida uma sequência ininterrupta de tiros, deve ser uma metralhadora, pelos sons.
Corro desesperada à procura de um lugar para me esconder.
Atravesso corredores, salões, até que pego um beco entre as paredes e encontro um lugar cheio de quinquilharias e móveis velhos .
Parece um dormitório.
Entro no local coberto de pó, sujeira e telhas de aranhas e me jogo debaixo da cama.
Fico deitada sentindo a poeira e o odor de mofo entrando pelo nariz.
Mas é preferível, do que morrer.
Sinto quando um rato passeia por cima do meu corpo, fico petrificada. Minha garganta parece ter vida própria, solto um grito sufocado pela minhas  próprias mãos para que ninguém me ouça.
Lá fora os tiros persistem, ecoando no ar.

As horas se passam lentamente.
Tenho a sensação de está doente.
Ainda consigo ouvir pessoas gritando.  Correndo.
Mais tiros.
Passos apressados.
Alguém abre a porta do lugar onde estou escondida, mas logo desiste e volta para o outro lado.

Um silêncio se instaura depois de longas horas de barulho.

As vozes estão cada vez mais  longe, consigo identificar que ainda estão no casarão.

Sem ter noção de quanto tempo se passou, enfim escuto barulho se aproximando, parecendo de helicópteros. 
Saio com dificuldade sentindo as pernas dormentes e subo num banco para olhar pela pequena abertura acima da parede.
Enfim os veículos aéreos pousam no jardim maltratado pelo tempo.

Vi quando todos se foram , inclusive Alexander levando a mulher nos braços.
Esperei  as aeronaves levantarem voo, e  finalmente sai do meu esconderijo. 

Meu coração batia com toda força. Em total desespero retornei,  atropelando nas próprias pernas, certa de que Eva estava morta. As lágrimas escorriam pelo meu rosto.  

Apertando os passos, vou contando mentalmente  todos os mortos. No ultimo aposento, deixei Eva, e ao adentra-lo em disparada,  pude vê-la engasgando com seu próprio sangue.

-- Eva! Eva!--Corri para socorrê-la, me agachando ao seu lado e apalpei o buraco no pescoço.

Ela abriu os olhos arregalando-os o máximo que pode.

Tentou falar.

-- Fique acalma. Não fala nada! -- Sussurrei,  segurando seu rosto.
-- Vou  ligar para o piloto vir nos buscar... Tenha calma. Volto logo.

_ Não me deixe morrer... Eu não posso _ Balbuciou com dificuldade _ Tenho que me vingar dele você sabe ... só assim nós duas poderemos viver feliz... Eu prometo.

Uma  esperança renasceu dentro de mim. Sai com pressa pelo corredor, indo para o único lugar onde tem sinal de celular. Eu tinha que salvá-la. 

BÔNUS CONCLUÍDO 🧨

Pois é quem apostou que talvez a megera não tenha morrido acertou !

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Temos capítulo no sábado ❤

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UMA TRAMA DO DESTINO- RELEITURAWhere stories live. Discover now