XI - Vormund

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A porta dava para uma escada circular com um foço no meio, uma visão linda porém sombria, mas o que se esperar do que um dia foi o castelo de Drácula ?

Thamerin e Claus desceram as escadas escuras tateando pelos corrimões de pedra degrau por degrau, pareceu interminável, olhando por uma das fendas laterais podia se ver abaixo a cratera circular esculpida e uma espécie de altar no centro, para cima o topo do foço que antes não parecia tão alto como agora, estava tampada por várias madeiras velhas com frestas por onde poucos raios de luz entravam, era quase manhã na Transilvânia mas parecia madrugada.

Ao chegar lá em baixo, Thamerin abriu o livro atrás de alguma informação que pudesse ajudar, Claus observava as paredes que eram cobertas de símbolos, pela escuridão estavam difíceis de se ver.

Algo parecia se mecher pelos hieróglifos como água cintilante porém muito rápido para se discernir , Claus afasta se um pouco da parede e vira sua atenção para Thamerin, ela ainda com espanto no olhar balbucia algo que ele não chegou a entender, se aproximou e então pode ouvir.

- Não fale nada sobre mim. - Ela transformou- em corvo tão rápido quanto Claus nunca viu e sumiu pelas beiradas escuras do castelo.

Claus obviamente sem entender continuou no mesmo local esperando pelo que viria, mais uma vez uma presença se anuncia, mas ele pode sentir a diferença, comparada a presença de Thamerin aquela era quente e pesada, poderosa.

Os feixes líquidos que deslisavam pelas paredes passaram a flutuar como penas douradas pelo ar, iam em direção ao meio onde ficava a forma da base do poço, redonda e de algo semelhante a cerâmica marfim.

Por segundos Claus pensou que teria de enfrentar um dos demônios dos quais Thamerin havia dito, mas a aparência do que se formava a frente dele deu a idéia contrária.

As gotas distorciam se a frente até que tivessem pouco mais que sua altura, Claus assistiu elas duelarem Entre si no ar ate que tomassem forma quase humana, tornou- se pele, aquilo deixou a textura de água e semelhou metal . um rosto fino e liso como prata, cetas cemelhantes a chifres espalhadas pelo crânio, um corpo se viu cheio de pontas lustradas, andava delicado a centimetros do chão, sua voz irrompeu como trovão mas não se viu lábios.

- Eu saúdo você caçador. Espero- te a muitas luas.

- E quem seria você ? - Claus disse fitando a lâmina em forma de Probóscide* que pendia da mão do tal ser.

- Eu sou a sua morte. Eu sou a sua vida. Eu sou a sua escolha, certa ou errada.

- Que nome comprido cara, tem abreviação ? apelido sei la...?

- Não ouse zombar de min caçador. - A criatura lançou a arma partindo o ar na direçao de Claus que em rápida esquiva manteve seu pescoço intacto.

Claus correu e usando uma pedra na parede como impulsor se lança e chuta diretamente o rosto do adversário, Ele recebeu todo o impacto que causou uma trinca enorme na sua face, mas ao invés de contra atacar ele não se moveu, Claus lançou- se para trás como precaução.

- Era de se esperar vindo de um caçador. - disse o ser com o rosto esfarelando.

- Diga- me, você não é um demônio, então o que é ?- Claus compreendeu, estava sendo testado.

- Sou apenas um guardião jovem caçador.

- Que guarda.......?

A criatura deu lhe as costas e fitou a redoma de cerâmica que formava a base do poço, estendeu sua mão e cada cúbiculo do chão começou a se mover, empilhar- se uns em cima dos outros até que formou uma cratera em formato do cruz, cheia de líquido viscoso que Claus notou pelo cheiro ser sangue.

- Você veio atrás do fogo assassino de demônios não é mesmo jovem caçador ?

- Se você se refere a espada, sim.

- A forma que retém não é importante, sua função sim.

- Tanto faz só entregue a min.

- Sua presunção e repugnante.

- Tudo bem, Pode da- la a min por gentileza ?

A entidade gargalha estridente enquanto observa Claus, que controlava sua falta de paciência, ele cruza os braços e espera o proximo rompante vindo do tal ser.

- A assassina de demônios antes de tudo deve ser merecida.

- Explique- se.

- Esta arma já tomou muitas vidas, mas não só de demônios, ela passou por muitos donos e alguns deles não tinham bondade no coração. O anjo caçador deu o próprio sangue para que não caisse em mãos erradas novamente, mas agora aqui está você um simples garoto arrogante que acha que pode matar sem medir consequências.

- Então você entendeu direitinho, agora se não se emporta.... - Claus acerta a criatura com os dois pés fazendo a cair com a face na poça de sangue.

- Maldito você nunca a terá ! você não é puro !

- Não sou puro tem razão, nem preciso ser, mas preciso desta arma. Aquiete- se, não darei mau uso a ela.- Claus enfiou a mão na poça de sangue que estava morno, parecia ter sido recentemente extraído.

- Se você aliar- se ao doce fio das trevas, esta arma irá corroer e putrefará sua alma.

- Trarei de volta e te farei engolir. - Claus disse em tom sarcástico.

A criatura desfez- se e voltou a forma semelhante a líquido original, suas últimas palavras foram; "lembre se do meu aviso", Claus vasculhava a poça que deveria ter em torno de meio metro de profundidade, quando afinal pode sentir algo diferente do solo trouxe a superfície.

Não era nada do que ele esperava, simplesmente um pequeno montante de substância semelhante a platina, não possuía forma de lâmina muito menos cabo, simplificando, ele adquiriu um peso de papel em forma de cemi cruz.

- Thamerin ?  onde se escondeu ? - Ele estava andando pelos corredores escuros e fétidos do castelo, tudo parecia igual, com exceção do cheiro, ele percebeu o aroma morno da pele dela e o seguiu, logo a encontrou deitada em chão de pedra fria, desfalecida.

- O que aconteceu?

- Você conseguil pegar ?

- Sim está aqui, mas o que houve com você ?

- Longe de você minha energia desce muito depressa. Se demorasse por mais dez minutos seria forçada a voltar pro submundo e deixaria você aqui até a próxima lua minguante.

- Você devia me avisar essas coisas idiota!  por que sumiu daquela maneira ?

- Daedalus e um guardião aliado do céu, ele não lhe daria a arma se soubesse que eu o acompanho.

- Ele não quis me dar de qualquer forma. - Claus pegou a no colo e caminhou em direçao a saída.

- Então como a conseguiu ?

- Nada que algumas porradas não resolvam.

Assim que terminou de falar, pisou fora do castelo, lá estava o cavalo que os levaria de volta, mas Thamerin estava fraca para abrir o portão, Claus decidiu acampar em uma mata que ficava perto, foi ate a cidade e trouxe um grande cobertor de pele e alguns alimentos, ao voltar Thamerin estava encostada numa árvore adormecida, então aproveitou e fez sobre ela um abrigo, uma tenda improvisada com cobertores.

Ele notou que nos ultimos dias ela parecia mais uma pessoa normal do que a Succubus que apareceu no teto de seu quarto. Talvez ela estivesse regressando a mortalidade.



Talvez.








(NOTA : Probóscide ou probóscida é um apêndice alongado que se localiza na cabeça de algumas de algumas espécies de animais principalmente insetos.
Probóscide também pode ser usado como aspecto de ¨tromba¨.)

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