XXIII - Trauer

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O céu da cidade mantinha- se obscuro.

Marcos decidiu respeitar o luto do amigo. Se retirou, pedindo que Claus ligasse assim que pudesse. Ele por sua vez estava calado, dês de o momento em que a garota demônio desfez- se como pó em seus braços, o silêncio se instalou sobre seu ânimo,  nem ele mesmo compreendia por que estava tão abalado.

Ela não era nada para ele, era apenas alguém que tinha estado presente brevemente em seu passado, e agora vinha cobrar- lhe um jurado favor, algo que ele própria já havia esquecido, crianças ingênuas fazem promessas com sonhos também ingênuos, mas apesar disso, o pesar que ele sentia não era por descumprir sua palavra, nem mesmo por falhar numa missão, ele também se questionava sobre isso.

Depois de horas sentado no chão de frente para o sofá ele se levanta, pega o celular e envia uma mensagem de texto para Beatrice tentando saber se ela estava bem.

- Como estão as coisas  ? - Claus pergunta.

- Está tudo bem, sua voz me soa triste Claus, aconteceu alguma coisa ?

- Nada importante.

- Tem certeza ? - Ela insiste preocupada.

- Sim. Outra hora te ligo, só quis saber como estava.  Se precisar ligue também.

- Obrigada Claus.

Ambos desligam.

Beatrice guardou o celular e aumentou novamente o volume do rádio, ela agora passava os dias sozinha em casa, já havia se acostumado com a rotina, até mesmo voltou a frequentar o campus.

A sintonia do rádio oscilou, chiou por alguns segundos com sons indistinguíveis chamando atenção de Beatrice, ela se aproximou e depois de alguns instantes e sons oscilantes o rádio normalizou.

- Eu deveria ter ciúme deste garoto ? - Uma voz conhecida apareceu do nada.

- Você fica fofa com ciumes Myrael. - Beatrice respondeu.

A garota ruiva estava encostada na janela, vestida com um macacão de short curto e uma blusa vermelha, seus pés descalços, pequenos e delicados estavam sujos de algo que lembrava carvão, ela andou pelo quarto até a cama que Beatrice estava e sentou- se sobre o colo dela.

- Eu não sou fofa, já teria matado aquele garoto se você não precisasse dele. - Myrael se inclinou para frente fitando os lábios de Beatrice.

- Você vai Sujar minha cama, saia. - Beatrice acariciou o rosto de Myrael devolvendo o tom malicioso, porém sua ordem fria e direta calou a garota.

- Perdoe- me.

- Não se preocupe, você logo terá o que quer.

Myrael baixou a cabeça.

~~~

Poucos dias na cidade terminavam sem chuva, esse era um deles, mas o tempo se mantinha frio e úmido. Claus estava no banho, a água meio fria como sempre, ele a deixava cair sobre os cabelos enquanto pressionava a cabeça na parede.

De súbito seus sentidos atinaram, ouviu um som familiar, um som que não ouvia a dias, estranho e até mesmo um tanto sinistro, um grasnar que terminava em três batidas surdas como se duas coisas se colidissem, Claus demorou a entender que o som não vinha de suas memórias então abriu os olhos.

Na janela uma figura pequena escura e arredondada batia no vidro com certa frequência, a ave bicava como se quisesse entrar, Claus se enrolou na toalha rapidamente e abriu o vidro, um corvo preto voou para dentro da casa e claus o seguiu, parou no braço do sofá e ali ficou.

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