Capítulo 5 - Vício

126 20 98
                                    

"A generosidade preenche nosso vazio existencial, o qual tentamos enganar comprando, comendo, consumindo, além do necessário."
Angela G. A. Beirão

Acordei com uma dor de cabeça terrível e logo vi que Cláudio havia saído.
Fui até o banheiro ver se tinha alguma coisa para essa dor de cabeça passar e nada, logo penso em ir até meu melhor amigo e pegar alguns comprimidos.

Olho para o relógio e vejo que dormi apenas 40min.

-Eita Helena, precisa aprender a dormir mais. - Disse me criticando de frente ao espelho, já que nunca consigo dormir mais que 3h por noite.

Saio do meu apartamento e já vou direto a porta da frente.
Entro e levo um escorregão no chão. - "Caraalho"- esbravejo devido a cena do meu tombo, só que ao olhar para frente não consigo mais ficar brava, começo a rir como uma louca em plena 6h da manhã.

A cena de meu melhor amigo sendo "fodido" por nosso vizinho é hilária, principalmente a cara de espanto dos dois.

-Helena, pelo amor de Deus! Sai daqui!- Cláudio grita com as bochechas extremamente coradas.

Nosso vizinho simplesmente cai na gargalhada comigo e não conseguíamos mais rir, até que ele vira e fala.

-Helena, só você mesmo para nós pegar nessa cena depois do escorregão que levou na "porra" de sua Tata.

Fiquei totalmente em choque, Cláudio ficou mudo, mas logo caiu na gargalhada e eu não aguentei comecei a rir também.

-Literalmente uma "porra" então! - Disse olhando para eles.

-Queridos, podem continuar o que estavam fazendo, só quero comprimidos para dor de cabeça!- Ignorei os dois nus e fui até o banheiro pegar os comprimidos e sai de lá ouvindo meu irmãozinho falar um monte de asneiras que nem parei para ouvir.

Chegando em casa, fui tomar um banho para tirar aquele cheiro horrível, junto a tentativa de relaxar um pouco.
Olhando para o nada, enquanto a água caía pelo meu corpo, percebi que estou só e não sei dizer se este sentimento é ruim ou bom. Ruim porque estou só e bom porque quero estar só.
Confuso não?
Após minha higiene matinal, fui até a cozinha preparar meu café e como amo café!
Acendi um cigarro na sacada do apartamento olhando o movimento da rua e as pessoas passando, umas pelas outras, em seus próprios mundo.
Vi uma mulher dando bronca no que aparentava ser seu filho no ponto de ônibus e vi também um homem que chorava. Meu sentimento naquela hora era o absoluto nada, vazio como essa casca que chamo de corpo, simplesmente sem empatia nenhuma pelos acontecimentos a minha volta.

Depois de um bom café, entrei na internet e fiz o que mais me torna vazia.
Comprei várias coisas inúteis que nunca vou usar, mas o prazer momentâneo é a única coisa que tenho neste momento.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora