Capítulo 8 - Ninguém pode te ouvir

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O homem que não sabe controlar-se a si mesmo torna-se absurdo quando quer controlar os outros.
Textos Judaicos

-Tia Lurdes, Helena já acordou?- Escuto meu melhor amigo gritar no portão para minha avó que provavelmente estava varrendo a calçada.

- Não sei querido, entra lá e chama ela por favor. Feliz ano Novo Cláudio!

Escuto passos pelo corredor e uma batida na janela, digamos que temos nosso toque secreto para saber se podemos entrar um no quarto do outro e logo respondi sua batida.

- Oi Helena, bom dia! Vamos hoje ao parque de diversões do shopping? - diz Cláudio todo animado, o que me faz sorrir abertamente e sem pensar duas vezes aceno com a cabeça dizendo sim.

-Espere aí, vou tomar um banho rápido e você vai tomar café comigo, assim pedimos juntos para ir. Sua mãe irá nos levar?

- Não, ia pedir para seu avô levar a gente, minha mãe hoje já está trabalhando, sabe como ela é com a sorveteria. - Responde com um olhar meio triste.

Tia Sônia trabalha demais, ela é empregada de uma sorveteria próximo a nossa casa.

- Vamos ver se ela nos leva. Faço biquinho de manha e tudo certo.
...

Após um banho rápido, tomamos café e fomos pedir para minha avó, ela não poderia nos levar e então tive a ideia de chamar meu tio.
Bato na porta do quarto que por ora é seu e ele abre com maior cara de ressaca.

- Bom dia princesa do Tio! A mãe mandou você me acordar? -
Balanço a cabeça em negação e já falo o mais manhosa possível.

- Não tio, Cláudio e eu gostaríamos de saber se pode levar a gente no parque do shopping? Por favorzinho, tio! - Ele logo solta uma gargalhada dizendo: - E tem como eu falar não com essa carinha sua, vou levar vocês, só que mais tarde eu vou cobrar um favor, hem mocinha!

...

Passamos a tarde toda brincando e quando estava próximo ao almoço meu tio chamou a gente para ir embora.

Amava essas ideias de Cláudio e sua companhia, ele sempre me fazia sorrir e rir com suas brincadeiras, afinal por ser tímida e quieta ele acabou sendo meu único amigo por pura insistência dele.

...

- Helena, já vou indo Ta, está tarde e sabe como minha mãe é. Ela me mata se eu não jantar com ela. Até amanhã! - Disse Cláudio se despedindo de mim.
- Até amanhã, manda um beijo para tia Sônia. - Me despedi já indo para um banho antes do jantar.
Durante o banho tive uma sensação estranha, como se algo ruim fosse acontecer, quem me dera ter ouvido aquela sensação.

- Helena, vem logo jantar, sua vó e seu tio estão esperando. - Gritou meu avô na porta do banheiro.

Sai as pressas e jantei com minha família, tudo estava indo bem, escovei os dentes, dei boa noite a todos e fui me deitar.

Não lembro porque de ter esquecido a porta do quarto sem trancar, mas no meio da noite acordei sentindo uma mão percorrer meu corpo, abri meus olhos e me assustei ao ver que aquelas mãos eram do meu tio.
Ele falou apenas: - Hora de devolver o favor ao tio e não grite, porque será uma vergonha ao verem você fazer essas coisas com seu tio. Acha que não percebi que está ficando safadinha?

Naquele momento comecei a chorar e com muito medo apenas fiquei em silêncio, enquanto o homem que eu considerava um pai me tocava de forma nojenta onde eu nunca havia tocado.
Ele introduziu um dedo dentro de mim e depois outro, eu já não continha as lágrimas e sua mão abafava o som de desespero que saia de minha boca.
Senti uma dor e um medo que não cabia em mim.
Então o pior aconteceu ele se deitou em cima de mim e ali no meu quarto me abusou, penetrou algo que até então não tinha noção que um homem tinha no meio das pernas e ele disse: - Ninguém pode te ouvir princesa, ninguém nunca te ouvirá. Faço isso por te amar demais, você é minha princesa.

Só sabia chorar, doía demais, me sentia suja e nojenta, eu não pedi por isso. Alguém que deveria ser meu herói, se tornou um monstro.

VazioWhere stories live. Discover now