Capítulo 14 - Uma decisão

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"Qualquer mudança que fazemos em nossa aparência nada mais é do que uma tentativa de revelar o avesso do nosso ser. Pena que quase ninguém presta atenção nas entrelinhas."
Hermes Fernandes

Acordei com o vazio mais intenso que o normal, não tenho vontade de ir para aula ou de sair deste quarto.

Tudo remete ao nada, absoluto nada.
Desespero de preencher essa dor? Não, não é dor que sinto.
Não sinto nada, nem vontade de existir.
Estranhamente essa é a única sensação que tenho.

Auto destruição é algo palpável, momentos de loucuras preenchem, estranhos momentos são a única coisa que me fazem sentir viva.

Bebida, cigarro, sexo e me perder cada vez mais em momentos absurdos. Ah, por que isso me faz preencher o momento e logo quando acaba me sinto assim novamente.

Nada tem sentido nessa vida.

Me destruir para me preencher?

Enquanto esses pensamentos vagam, não sei que momento e nem quando eu peguei essas coisas.

Em minhas mãos tenho um copo com sugo de laranja e um saquinho com veneno para matar rato.
Coloco o veneno no saquinho no suco e fico olhando.

Não vejo sentido em viver se nada faz sentido.

Não tenho motivos, já que ninguém me escuta.

Não consigo viver só na destruição para me sentir preenchida só em um instante.

Esses 15 anos que vivi não serviram para nada, já que tive o paraíso e depois o inferno.

Não sou ninguém e não tenho ninguém.

Não farei falta, na verdade serei um fardo a menos.

Péssima amiga, péssima estudante, péssima filha, péssima neta, um objeto vivo.

E em meio a esses devaneios tomo todo o conteúdo do copo, o gosto é amargo, mas não tão amargo quanto minha vida.

Me deito no chão e espero o fim.

Isso mesmo, o fim.

O fim desse vazio, desse desespero, dessa falta de vida.

Sinto sono, ligo um música e me deito.

Enquanto a música toca, sinto meu estômago revirar e minha boca salivar.

O sono e o nada tomam conta de mim.

Sempre este VAZIO.
Sempre o nada.
Sempre essa dor? Sim o vazio dói!

Começo a sentir uma forte dor no meu estômago e essa dor me faz sentir viva.
O sono é maior que a dor.
Aos poucos me sinto leve e fecho meus olhos.

Consegui!

...

- Helena? Estou entrando. - entro  o quarto de minha melhor amiga ouvindo o barulho do som alto.

Não tenho respostas e então entro em seu quarto.
Ao abrir a porta vejo que ela está deitada e tento acorda-la, sem resposta.
Ela está pálida e sua pele fria, isso me assusta.
Olho no chão e vejo um copo vazio e no fundo umas bolinhas rosas, no lado havia um pacotinho de veneno.

Meu olhos se abrem e um medo percorre meu corpo.

-HELENAAAAA, ACORDE, HELENAAAA, PELO AMOR DE DEUS!! - Me desespero, ela não abre os olhos e começa a sair uma espécie de espuma de sua boca.

Corro para rua em desespero, pedindo ajuda já que não tinha ninguém na casa de Helena.

Luiz o vizinho de Helena estava sentado na calçada e ao ver meu desespero ele se levanta.

Conto a ele o que houve e ele corre tirar o carro da garagem.
Entro correndo e pego Helena no colo.

Colocamos ela no banco de trás e fomos em direção ao hospital.

- Por favor Helena, não me abandone sua louca. Juro que sempre estarei ao seu lado se você não morrer.

VazioWo Geschichten leben. Entdecke jetzt