Capítulo 10 - A inocência perdida

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Crianças geralmente confiam nos adultos e não percebem quando alguém está tentando enganá-las. Isso as torna mais vulneráveis. "Molestadores são vigaristas muito bons, e uma criança cai fácil na manipulação inteligente deles".
livro The Right to Innocence (O Direito à Inocência).

Hoje depois de muitos anos sinto vontade de sumir, o que eu fiz para isso acontecer comigo?
Será que não mereço viver?
Será que mereço essa dor?

- Princesa, titio está entrando!- Ele entrou no meu quarto e sentou ao meu lado, eu tremia de medo e não conseguia olhar em seus olhos.

- Shiiiii Princesa, o tio fez isso porque te ama. Nunca se esqueça e esse é nosso segredinho, se contar a alguém não irão acreditar e pior que isso, irão te abandonar. - Meu tio me dizia isso enquanto passava suas mãos entre minhas pernas.

Eu não conseguia responder, simplesmente só sabia tremer de medo diante daquele homem que um dia julguei ser minha família.
Estou tomada pela vergonha e pelo medo, não sei o que fazer, sei que não posso contar a ninguém pois eu mereço isso, matei minha mãe.

Enquanto ele me tocava, dizia várias vezes " te amo princesa", " nunca poderão saber princesa", "titio vai ensinar a você que isso pode ser bom".

Eram essas coisas que eu ouvia e meu coração se quebrava de uma vez só.
E ali ele começou a me beijar e era nojento aquilo, ele começou a me tocar e era dolorido. Assim novamente ele ficou em meu quarto mais uma noite e só saiu depois que se sentiu satisfeito.
...

Não consigo dormir e quando durmo tenho pesadelos, esta noite fiz até xixi na cama.

Fome, já nem sabia o que isso significava, meus dias passavam e eu não sentia nada.

Ballet havia começado mas eu me recusava a ir.

As aulas começaram, mas não me importava com estudo.

Cláudio insistia nas brincadeiras e tentava me fazer sorrir, mas nada, eu não sentia absolutamente nada, me sentia morta.

Em menos de dois dias na escola já arrumei briga com várias meninas, sempre ficava de suspensão e estava pouco me preocupando com que minha avó iria pensar, já que pelo menos eu sentia algo quando estava apanhando na escola.

- Helena! Me espera! Vamos conversar. - dizia meu melhor amigo, mas era como se simplesmente eu não ouvisse nada.

- O que quer conversar menino?- Respondi o mais grossa possível ele não entendia que não queria conversar? Que droga!

- Helena, vai ter uma festa lá em casa hoje, vamos? Por favor? Eu não sei o que está acontecendo, você anda estranha e nem quer mais brincar comigo. - Disse Cláudio em desespero.

- Se eu for, você para de me encher o saco? - Ele apenas confirmou com a cabeça e eu respondi: - Irei então.

...

Já era seis da tarde e minha avó veio furiosa brigar comigo perguntando o que ela estava fazendo de errado que eu não estava mais sendo sua menininha de sempre. Ignorei e continuei o meu nada.
Fui até a sala e vi na estante uma garrafa de bebida, peguei a garrafa e avisei minha avó que estava indo na casa de Cláudio.

Era aniversário de seu irmão Márcio e eu estava com a bebida na bolsa e até agora não sei o que passou pela minha cabeça para pegar isso.

- Helena, obrigada por vir. - Cláudio disse que você viria quase não botei fé. - Disse Márcio olhando para mim com sorriso de sempre.

Márcio era mais velho que nos, já tinha 16 anos e era muito sorridente só que problemático, já fumava cigarro e bebia muito, ele era gente boa e por isso minha avó nunca me proibiu de ir a casa deles.

Cláudio chegou sorridente até mim e então mostrei a bebida para ele que arregalou os olhos e já foi me puxando para um canto.

- Helena por que trouxe isso? Você se lembra que só temos 12 anos né? - apenas revirei os olhos e dei de ombros.

Logo comecei a beber junto com irmão do meu melhor amigo e seus amigos.

VazioWhere stories live. Discover now