Capítulo 12 - Silêncio

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"Aprendi a sofrer em silêncio quando vi que ninguém queria escutar."
Once Upon a Time

Contei para minha avó tudo o que aconteceu.

- Helena, isso não te graça, jamais isso aconteceria. - Ali, na minha frente ela se exaltou em fúria e ao invés do abraço, conforto e entendimento.

Ela tinha fúria em seus olhos e mandou eu me virar, meu avô foi entrar no quarto mas ela fechou a porta e disse: - Você nunca deveria mentir sobre essas coisas, irei fazer isso para que aprenda a não mentir e nem me preocupar mais. Isso que disse nunca aconteceria Helena, NUNCA!

Ela me debruçou na cama e começou a me bater com o cinto, bateu tantas vezes que perdi as contas e as lágrimas que saiam de meus olhos não era pela dor física e sim pelo meu coração que se despedaça mais um pouco.

Ela saiu e me deixou ali, toda machucada e com marcas tanto no corpo quanto na alma.

Realmente ninguém me escutou, ninguém acreditou.

...

Dias foram passando, não tive mais visitas em meu quarto, meu tio iria embora naquele final de semana, havia se entendido com a mulher.

Estava vazia, sofrendo em silêncio. Só tenho 12 anos e não sou nada, ninguém.

Essa dor não passa, está gravada em minha alma.

Forças divinas, não acredito mais que existam. Somente o vazio.

...

No lugar das músicas clássicas o rock se fez presente. No lugar do rosa do ballet, preto se tornou minha cor favorita.

Doía demais viver, ninguém me ama, ou melhor, amor não existe.

...

- Helena, bora faltar? Vamos dar um rolê na cachoeira. - Disse um dos meninos da escola.

- Vamos, não estou afim de aula de matemática hoje.

Várias meninas e meninos de minha escola foram, os meninos tinham cigarros e bebidas que não faço a mínima ideia de onde tiraram.

Passamos a tarde na cachoeira e bebi tanto que mal conseguia andar.

Fui para casa, mas antes passei na casa do Cláudio e ele estava desesperado.

- Por onde esteve? Você não foi para escola e depois fiquei sabendo que foi com uns meninos para cachoeira, Helena de sua avó descobre, ela te mata.

-Exageradoooooooooo!!! Talvez me matar não seja tão ruim... - respondi com sinceridade.

- Sei, mas me conta tudo o que aconteceu! - então contei ao meu melhor amigo como foi a tarde e posso dizer que me senti bem, me senti livre e por um instante longe de tudo aquilo que odeio.

Cláudio pareceu espantado, mas ou mesmo tempo não me julgou, agiu como se fosse tudo normal.

- Na próxima você precisa me levar. - Ri de sua ansiedade e óbvio que o levaria.

VazioWhere stories live. Discover now