Capítulo 6 - Todos precisam de ajuda

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"Plural de solidão é vazio existencial."
Verônica H.

Passei o final de domingo com a TV ligada em um canal qualquer, celular conectado as redes sociais e lógico com notebook em páginas de compra.

O quarto extra que tem aqui parece um depósito de tanta coisa que tenho guardado ou foram compradas na tentativa de preencher.

- Vazio que nunca acaba!- digo para mim mesma.

Como pode em meio a tanta gente e tantos momento eu me sentir assim, uma casca vazia e sem conteúdo?
Olhando daqui da sacada do prédio vejo pessoas sorrindo com sinceridade e felizes com pouco, e eu?
Tenho tudo que uma garota de 26 anos deseja, e mais, só que não!
Queria entender meu problema, porque eu só posso ser um problema.

-Preciso ver gente!- penso alto e já colocando uma roupa e pegando a chave do carro.

Sabe aquela frase "penso é logo existo", odeio com todas as forças, porque o que mais faço é pensar.

Estou dirigindo por uma hora já e ao passar pela avenida principal, vejo alguns moradores de rua e alguns com sorrisos estampados.

- Como pode um mendigo ser mais feliz que eu? Como isso é possível?- Uma onda de sentimentos invade meu ser, em uma mistura de inveja, ódio e tristeza.

Começo a chorar, estou aflita e não sei o porquê.

Queria que tudo acabasse mas nem coragem para tirar minha vida tenho.
Que ser humano inútil eu sou, desprezível!

Porque tenho que ser assim?
Me sinto sufocando aos poucos, como se estivesse em um quarto sem luz, encostada em um canto onde não consigo ter forças para me levantar.

Não acredito que exista forças divinas que me deixem desta forma nesse lugar que chamam de Terra.

Em meio a essa crise de pânico comecei a sentir o ar me faltar, meu coração palpitar cada vez mais e tudo começar a girar.

Só deu tempo de discar o número do meu melhor amigo e ali, parada no avenida sinto minha consciência cada vez mais longe e só consigo gritar -CLÁUDIO SOCORRO!!!- Tudo ficou escuro.
...
Acordei sentindo uma forte dor de cabeça e meio tonta.

- Ela acordou, vou chamar alguém e já te ligo novamente tia, ela vai ficar bem, irei cuidar dela.- Ouvi a voz de Cláudio dizer ao telefone.

- Oi Amado. O que houve?

- Não se mexe tá, a enfermeira está vindo e ela irá te explicar melhor.

-Cláudio, por que estou tão tonta?

-Irmãzinha, sinto lhe dizer mas tonta você sempre foi. - Cláudio ri alto e isso me dói a cabeça.

A dor de cabeça que eu sentia era como uma ressaca de whisky.

- Olá Helena, meu nome é Rodrigo e eu sou o médico que te atendeu. Nos deu um susto e tanto mocinha!- antes que eu pudesse dizer algo o médico continuou. - Você teve uma crise de pânico, em meio ao trânsito e isso significa que possui alguma fragilidade psicológica e você necessita de ajuda. Você não está só, então deixe que as pessoas lhe ajudem.

Não consegui dizer nada, novamente voltei a ter a crise de choro e não conseguia conter minhas lágrimas.

- Eu não preciso de ajuda! - Foi tudo que conseguir dizer.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora