Capítulo 11 - Fora da realidade

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"Vida louca, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve."
Cazuza

Me sentia livre, como se nada pudesse mais me machucar.
Há está sensação de liberdade é maravilhosa, quero sentir todos os dias e sempre.

- Helena? Olha para mim! O que está fazendo?

Não conseguia ver quem dizia aquilo e muito menos reconhecer a voz, estava leve e no meu mundo.
Dançando e sendo levada pelo momento.

....

Acordei com muita dor de cabeça e não me lembrava de muito, percebi que não estava no meu quarto também, abri os olhos lentamente e vi que estava dormindo no sofá da casa do meu melhor amigo.

- Acordou, poxa Helena, você me assustou. Precisamos conversar, você não é adulta para beber e sem contar seu comportamento está muito estranho, parece outra pessoa. - Diz meu melhor amigo, com uma cara de preocupado.

Comecei a chorar, o que estou pensando, só tenho 12 anos e não sou ninguém, o que adiantaria dizer o que aconteceu, ninguém irá acreditar, ninguém irá ouvir.
Socorro que nunca será ouvido.
Meu medo é maior que minha vontade de viver, corro para casa e chegando vejo que minha avó não estava. Ótimo, assim posso me esconder e chorar sozinha.

Entro no meu quarto e me ajoelhou no chão, choro desesperada, sinto o ar faltar e o medo ser maior que esperado. - Deus, se você existe, não me deixe sofrer assim!

Em meio às lágrimas e desespero, sinto um toque no meu ombro e quando me viro lá está ele, meu repugnante tio.

- Não sei onde a mãe estava com a cabeça de deixar você dormir fora princesa, mas... - Ele me ergueu pelo pescoço, quase que me enforcando- EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ FICAR POR AÍ E SE TORNAR SUJA. - Ele gritou e me jogou no chão.

Não tinha forças para responder, simplesmente não conseguia e em meio ao mar de fúria do meu tio, ele tirou seu sinto, me virou na cama e começou a desferir os golpes.

- Você nunca mais poderá dormir fora de casa, eu fico preocupado!

Foram 10 cintadas, então minha avó chegou e viu a cena, se desespera e tenta segurar meu tio, mas sua força e raiva eram maior, meu avô veio correndo ver o que acontecia e então consegue segurar meu tio.

Ele gritava comigo coisas que não consigo ouvir, está tudo tão longe, tão distante.
O sono está falando mais alto, mesmo com meu corpo todo dolorido, simplesmente me virei para o lado da parede e dormi.

...

- Helena, princesa, me perdoa hã! Eu Só quero seu bem, faço isso porque te amo muito. - ouvi meu tio, ou melhor o monstro me dizer.

Simplesmente não conseguia dizer nada, só fiquei olhando para o nada e pensar em nada.

...

Não vi quando o dia virou noite, apenas fiquei no meu quarto e num ato de desespero resolvi fugir de casa.
Sim, tenho 12 anos e quero sumir.

Peguei uma mochila e coloquei dentro duas trocas de roupas, uma blusa de frio e meu Sniff (cachorrinho de pelucia).

Mas para onde vou?

Então tudo ficou claro, irei para um convento, lembro-me do caminho, é um pouco longe mas consigo.

Vozinha, me perdoe por estar sendo uma neta ruim, devo merecer tudo o que me acontece. Estou indo para um convento e lá espero nunca mais sair.
Beijos de sua neta.
Helena.

Deixei um bilhete para minha avó e esperei todos estarem na sala de casa, pulei a janela e depois o muro.

Comecei a andar, andar, andar...

Já fazer duas horas que estou andando e morrendo de sono, está tarde e frio, meus pés estão doendo, nunca fui tão longe de casa.

- Helena, tudo bem? - Encontrei meu colega de classe, Dimas.

- Estou sim, só cansada.

- Aonde vai a essa hora? Sua vó vai te matar.- então tive a ideia mais louca do mundo.

-Dimas, posso dormir na sua casa? Estou fugindo de casa mesmo e amanhã irei para um lugar melhor. Só não pode contar para sua mãe, se não estaremos ferrado. Afinal você também não deveria estar na rua a está hora.

Ele deu aquela gargalhada e então fomos para sua casa, entramos escondidos.
Como ele dividia o quarto com o irmão, ele me deixou ficar em uma das camas, já que seu irmão estava em outra cidade e então tinha um cantinho para mim.

...

Chorei até dormir, quando o sol nasceu, sai de fininho e fui continuar minha caminhada.

Quando comecei a andar meu avô me encontrou e estava desesperado.

- Helena, pelo amor de Deus! Por que fez isso? - Ele me questionou e eu simplesmente baixei a cabeça.

- Vamos para casa, sua avó está desesperada.

Fui obrigada a voltar para o lugar que agora se tornou meu inferno.
Minha avó me abraçava e chorava ao me ver ali, de volta.

- Helena, vamos conversar, sem mentir ou esconder nada de mim. O que está havendo meu amor. - Questionou minha avó.

Comecei a chorar e então disse tudo o que estava em meu coração naquele momento.

- Vó, eu não sei o que fiz de errado, mas o tio vem no meu quarto todas as noite e me machuca, diz que faz isso porque me ama, mas que eu não poderia contar a ninguém. - eu só conseguia tremer e chorar, não conseguia mais dizer uma palavra.

VazioWhere stories live. Discover now