Capitulo 66

152 5 0
                                    

Fim do domingo, começo de uma segunda, começo da segunda mais perturbadora que eu teria na minha vida. Nesse exato momento estou deitada abraçada com o Diego que está de costas para mim, faço um carinho em seus cabelos lembrando dos momentos que passamos nesses 9 meses.

Me apego fácil, não há como negar. É tão explícito. É difícil me afastar de quem veio dividir pra somar. Aquela coisa boa de compartilhar histórias, pensamentos e de fantasiar um futuro bonito (mas com os pés no chão).

É uma troca tão maravilhosa. Gosto disso. É cativante. Compartilhar histórias com aquele ao qual se admira nos faz crescer, evoluir, amadurecer, amar mais os pequenos detalhes dessa vida e ser grata a Deus por tudo que Ele tem feito.

Então a resposta é sim, me apego sim! E não ligo pra isso. E se eu não me incomodo moço, você também não deveria se incomodar. Detesto aquela história de desapego, de "Não se apega não!", isso só torna as pessoas mais egoístas e frias, e de frias já bastam as minhas mãos.

Faça aquilo que te der vontade de fazer, mesmo que pareça uma insanidade para a sociedade. Ame. Se entregue. Reviva. E esteja inteiro novamente. Não pela metade. E eu sou assim, me apego e não nego.
Não tenho vergonha ao dizer: Sou aquela que domina a arte de se apegar ainda mais por aqueles que entram em minha vida para somar.

Sinto meus rosto encharcado de tantas lágrimas que eu deixava cair por ele em silêncio para que eu não acordasse meu menino. Sinto umas mãos em meus ombros e eu sabia que era do TH, levanto agarrando nele e sem parar de olhar para o meu menino.

Eu sei que eu poderia ganhar a audiência de amanhã, mas eu nunca fui de ter muita sorte na vida, amanhã poderia ocorrer uma reviravolta e eu perder ele. Só quem é mãe tanto biológica quanto de coração, sabe que qualquer coisa que mexa com seu filho, machuca.

Deito na cama em posição fetal e sinto o Th me abrando por trás e fazendo um cafuné em minha cabeça.

TH: - Não fica assim, você é forte demais para isso - Ele da um beijo em minha cabeça - Vou ter que ir receber um carregamento agora, promete ficar bem ?

Afirmo com a cabeça e sinto ele me soltando aos poucos. Vou fechando meus olhos e deixando que o cansaço me vença e eu durma até amanhã, para que eu esteja preparada para o que estava por vir.

...

Acordo com meu celular despertando me alertando que estava na hora de encarar o que eu mais temia. Levanto da cama e vou até meu banheiro, ao me olhar no espelho vejo que meus olhos estão inchados de tanto chorar, tiro minha roupa e entro no chuveiro para um banho rápido.

Saio indo direto para meu closet, separo uma roupa íntima, uma blusa social de manga longa, uma calça social e um salto preto. Caminho até meu quarto onde eu começo a me trocar, vou até minha penteadeira e me sento para passar um rímel e um corretivo só para disfarçar essa minha cara de zumbi.

Prendo meu cabelo em um rabo de cabelo, passo um perfume e coloco meus acessórios. Encaro o espelho respirando fundo, me levanto indo até a cama dar um selinho no TH, dou a volta na cama para calçar meu salto e minha bolsa.

Saio do meu quarto indo no quarto do Diego, vejo ele dormindo em um sono profundo e seu rosto tão sereno, me aproximo da sua cama e lhe dou um beijo na testa, passo a mão em seu rosto e abro um sorriso lembrando que ele foi uma das poucas pessoas que eu confiei e não quebrei a cara.

Desço para a cozinha onde eu pego apenas uma maçã para comer, não estava com tanta fome por conta do nervosismo, eu nunca passei por isso e não queria estar passando. Escuto a campainha tocar e vou até a porta sabendo que era meu advogado.

DG: - Vamos ? - Pergunta entrando igual uma bala na minha casa.

Eu: - Aonde ? - Pergunto encostando a porta.

DG: - Para audiência ué - Diz colocando suas mãos na cintura.

Eu: - Você está maluco ? Eu não vou te levar para um ninho de policiais, você pode não sair - Digo encostando na porta.

DG: - Ninguém sabe como é meu rosto por aí, nunca me viram na TV, pode ficar tranquila - Diz desviando o olhar do meu.

Eu: - Você está mentindo - Aponto o dedo e me
aproximo dele - Você não vai e pronto - Digo dando de ombro e me jogando no sofá.

DG: - Nao vou deixar você ir sozinha, o Luan então vai com você - Diz pegando seu celular.

Eu: - Eu tenho 27 anos DG, sei me cuidar - Digo passando a mão em meu rosto.

DG: - A questão não é essa - Ele guarda seu celular e senta na ponta do sofá - A questão é de apoio, sei que está sendo difícil para você - Ele levanta do sofá dele e vem até o que eu estava me abraçando.

Eu: - Obrigada - Digo deitando minha cabeça em seus ombros.

Escuto a campainha novamente, me levanto indo até a porta de novo, abrindo ela vejo que é meu advogado, vou até o DG onde eu lhe dou um beijo na bochecha e pego minha bolsa para sair e ir até a audiência.

DG: - O Luan vai te encontrar lá - Diz do sofá.

Eu: - Tranquilo - Digo piscando para ele.

Bato o alarme do meu carro e entro no meu carro junto com meu advogado, ele não tinha entrado com o carro dele aqui no morro, então íamos até fórum com o meu e na volta deixava ele na entrada do morro onde ele pegaria seu carro.

O caminho todo eu fui nervosa e pensando em várias coisas, meu advogado falava sobre as ideias que ele tinha sobre o caso e como poderia dar um xeque-mate para que o Diego fosse meu, mas eu não conseguia prestar atenção em nada que ele falava infelizmente.

Entro no tribunal e ali minha ficha cai, respiro fundo e me sento nas cadeiras do fundo do lado esquerdo, para que ninguém me visse por agora, ia ficar ali na minha até que o juiz chamasse meu caso, já que o mesmo estava em outro caso.

...

Juiz: - Processo nº 2019.0802

Esse era meu caso, meu advogado se levanta começando a caminhar até a mesa que iríamos nos sentar, vejo a mãe do Diego entrar e ali eu vejo que eu não posso demonstrar estar abalada para ela. Me levanto e vou até onde meu advogado estava, encaro ela e lhe lanço um sorriso sarcástico.

Doutor Silvio: - Bom dia meritíssimo, estou aqui hoje para ajudar na defesa da minha cliente Giovana Santos que recebeu uma carta de intimação vindo da mãe de um garoto de 15 anos que foi abandonado pela mesma e que forjou sua própria morte deixando o garoto sozinho pelo morro. - Meu advogado começa o argumento

Xxx: - Nao foi bem assim, você não sabe - Diz a mãe do Diego.

Juiz: - Senhora, quando for sua vez você fala - Diz repreendendo a mesma.

Eu: - Bom meritíssimo, quando eu conheci o Diego, ele tinha apenas 14 anos, fisicamente ele se encontrava desnutrido e sinais de mals tratos pelo corpo, psicologicamente ele estava instável, ele pensava que era incapaz e que não podia ser bem tratado/amado por alguém. Ele me disse que seu pai tinha sumido a tempos de sua vida e que sua mãe havia morrido lhe deixando sozinho por aí e fazendo com que o mesmo entrasse na vida do crime para se sustentar, por sorte no primeiro dia que ele foi para contenção da comunidade eu vi ele e consegui tirar ele dessa vida - Respiro fundo para segurar as lágrimas - Eu coloquei ele em uma escola, lhe dei comidas, lhe dei roupa, lhe dei moradia e assina de tudo, lhe dei amor e carinho - Me encosto na cadeira e olho para a cara da mãe do Diego que estava com os olhos cheios de lágrimas.

...

A Primeira DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora