Íris Violeta

Capítulo 3.

 Anna entrou em seu apartamento e esperou Daren entrar para, só então, trancar a porta atrás de si. Aproveitou do calor que fazia ali dentro e tirou seu enorme casaco, jogando-o em uma das cadeiras que tinha logo ali, na sala.

— Então... é aqui que você mora. — Daren quebrou o silêncio.

— Eu sei, não é grande, não tem muito espaço para se mexer... mas é o que posso pagar, enquanto estudo na faculdade. Aqui é a sala — ela apontou para o cômodo que estavam. Havia uma passagem naquele espaço que dava para um corredor. Anna andou em direção ao mesmo. — Aqui, é a cozinha — ela apontou para uma porta que estava fechada. — Do lado dela, que dá para a varanda, há a lavanderia. Aqui — ela continuou pelo corredor. — é o banheiro. — apontou para uma porta fechada. — E esta porta aqui é o meu quarto. — ela abriu a porta e Daren conseguiu ver aquela grande cama encostada à parede, uma televisão em frente a mesma, uma mesinha e uma cadeira também no cômodo, bem como um único guarda-roupa.

— Você estuda aqui? — ele perguntou.

— É... ou na sala de entrada, já que lá não tem televisão.

— Televisão... a caixa mágica que transmite imagens. É isso? — ele apontou para a mesma em cima de uma estante.

— É isso mesmo. Vai me dizer que de onde você vem não tem dessas coisas?

— Ah, não. Lá é tudo por holograma. — ele sorriu para a garota, tirou a mochila de suas costas e se jogou na cama. — Uau, isso aqui é realmente gostoso de se deitar!

— E é aí que eu durmo, Daren. Eu. — ela o encarou feio.

— Ah, claro. — ele se levantou da mesma, rapidinho. — Eu fico com a cadeira. — puxou a mesma da mesinha ao lado da cama e se sentou.

— Não, claro que não. Você pode dormir no sofá da sala, ele é bem mais confortável.

— Anna, da mesma forma que eu não preciso comer toda hora, eu não necessito dormir. Eu vou ficar acordado.

— Mais um motivo para você ficar na sala. Você acha que vou conseguir dormir com alguém me encarando a noite inteira? — Anna erguia uma sobrancelha enquanto o encarava.

— Não vejo problema algum. — ele se recostou na cadeira, tirando os calçados que vestia e cruzando os pés sobre a cama. Daren ergueu uma de suas mãos e, como se segurasse algo invisível entre os dedos, ele apertou um botão imaginário que fez com que a televisão do quarto de Anna ligasse.

— O quê?!... — a garota se virou para o objeto. Daren não estava com o controle. Como que ele conseguira ligá-la? — Como você fez isso?

— Eu tenho minhas habilidades. E, se não se importa, eu vou ver um pouquinho do que acontece por aqui enquanto você dorme. Pelo que eu já ouvi em seus pensamentos, você tem aula amanhã cedo. Não quer se atrasar... quer?

Anna rolou os olhos. A teimosia daquele garoto a deixava maluca. Sem mencionar as coisas bizarras que ele conseguia fazer. Ela decidiu deixar para sentir medo na hora que fosse para sentir — mas, agora, tudo o que ela queria era dormir, para que o álcool saísse de seu sangue por completo.

— Tudo bem. Eu já volto. Vou me trocar. — e ela fechou a porta do quarto atrás de si, indo em direção à porta do corredor que dava para o banheiro.

Ali, Anna conseguiu tirar o moletom que vestia e a calça jeans que a esquentou pela noite. Olhou, pelo reflexo do espelho, seus cabelos loiros e desgrenhados. Ela estava péssima. Virou-se de costas para o mesmo e começou a vestir seu pijama comprido, o qual tinha desenhos de estrelas por tudo. Deixou suas roupas sujas dentro do cesto ao chão e saiu dali. Respirou fundo antes de abrir a porta do quarto.