Capítulo 8.

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 Daren abriu os olhos, primeiro. O sol ainda não tinha nascido, mas ele sabia que logo estaria na hora de Anna acordar. Piscou algumas vezes até que sua visão se focalizasse. Percebeu que deitava de barriga para cima, sua mão direita embaixo de sua cabeça. Anna estava deitada ao seu lado, descoberta da cintura para cima. A mão da garota estava pousada sobre o peito de Daren. Ele sorriu e não ousou se mexer. Sabia que ela acordaria logo. Ele virou o rosto para ela, fechou seus olhos e ficou espiando os movimentos de Anna ao perceber que ela se remexera.

— Hmmmm — ela gemeu, deitando-se de barriga para cima. Daren viu que ela abrira os olhos e, em seguida, virara para ele. Ele não poderia abrir os olhos — continuou espiando. Percebeu a garota sorrindo. Anna colocou seu rosto próximo do dele, como Daren fizera na noite passada. Ela vislumbrava cada parte de seu rosto. Anna ergueu a mão, como se fosse acariciá-lo nos cabelos... mas recuou. Suspirou e se levantou da cama. Daren a viu pegar suas roupas e sair em direção ao banheiro. Colocou-se sentado na cama e observou o céu através da janela. Ele sentiu seu interior se retorcer. Seu mau pressentimento estava mais evidente, hoje.

Não demorou muito e Anna já estava ali, vestindo uma calça jeans e um moletom preto e grosso.

— Bom dia — ela falou. — Dormiu bem?

— Acho que não dormia bem assim faz uns cem anos. — e Daren se espreguiçou.

Anna segurou um riso. — Esqueço que você já é um ancião.

Daren jogou um travesseiro na garota.

— Ei! — ela grunhiu. Pegou o travesseiro de volta e, apoiando seu joelho na beira da cama, ergueu-o para cima para batê-lo em Daren. Assim que o fez, o garoto o pegou, no ar, com uma mão apenas, e o puxou em sua direção — Anna veio junto com o impulso, parando com as mãos sobre o peito de Daren e seus olhares tão próximos. Daren estava sentado e Anna desajeitadamente se ajoelhava em sua frente.

— Oi — a voz rouca dele disse baixinho, com um sorriso torto nos lábios. Anna sentiu suas bochechas corarem e não conseguia desviar o olhar. A íris de Daren parecia estar mais violeta hoje. O tom continuou se mesclando com o cinza até que ficasse violeta por completo. Anna não conseguia parar de olhar.

— Oi — ela conseguiu dizer, concentrando quase toda sua força naquela simples palavras, rezando para não acabar com aquele momento.

— Você se importa se... — e Daren se aproximou, ainda mais, do rosto dela. Seus narizes tocavam um no outro e os lábios estavam implorando para que se tocassem.

— Não... — ela conseguiu dizer. O coração da garota batia tão rápido que ela achou que fosse explodir. Nunca sentira aquilo. Nunca batera tão rápido. Nem mesmo quando entrou na faculdade. Ou quando beijou na boca pela primeira vez. Ou quando teve momentos tristes. Seu coração estava em seu auge, batendo como se uma orquestra de anjos o controlasse.

Daren ergueu as duas mãos e segurou Anna firme no rosto. Ele se afastou um pouco, observando cada parte do rosto dela. Deixou que seus dedos descessem até a nuca dela, sentindo as madeixas loiras espalhadas por ali. Acariciou-a, sem desviar o olhar. Estava prestes a abrir a boca para falar alguma coisa, quando o indicador de Anna pousou em seus lábios, impedindo-o de fazê-lo. Ela balançava a cabeça com um sorriso. Anna aproximou seu rosto do de Daren, deixando novamente seus narizes tocarem. Ele sorriu. Não tinha vontade de sair dali.

Daren, com uma mão na nuca da garota, inclinou levemente o rosto para o lado e se aproximou ainda mais, os narizes ainda se tocando. Seus lábios estavam separados por um milímetro. Anna o imitou e sentia seu coração na boca, nas bochechas, na garganta. Daren passou seus dedos pelos cabelos acima da nuca e, com um suspiro de “finalmente”, ele traria o rosto dela próximo do seu.

Íris VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora