Capítulo 11.

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 Anna sonhava com a escuridão. O céu tomado por nuvens negras e avermelhadas, como verdadeiras chamas de fogo tomando conta do ambiente. O chão queimava-se e parecia se rachar, a terra se abrindo diante de seus olhos. Anna não sabia para onde correr. Ela via as pessoas caindo dentro dos buracos surgindo. Via bolas de fogo caírem do céu como cometas. Ela via... naves. Naves enormes e prateadas, de onde saíam mísseis incessantes que acertavam todos que tentavam fugir. Mel, Joe, sua avó... todos caíram nas rachaduras ao chão. Ela viu aquela bola de fogo vir em sua direção, sentiu seu coração acelerado. Então, Daren estava em sua frente, sorrindo. A claridade, a pureza e a limpidez de sua alma iluminando a aura em volta se seu corpo. Anna sorriu, por mais que soubesse que o cometa iria atingi-los. Daren a abraçou forte no momento do impacto em suas costas.

Anna acordou em um pulo, ofegante, sua mão instintivamente alcançando Daren ao lado de sua cama.

— O que foi? — ele disse, se levantando com o susto da garota, seu olhar franzido.

— Eu... apenas tive um pesadelo. Não foi nada. — mas Anna não conseguia ignorar o fato de que Daren se pôs na frente da garota, protegendo-a do real impacto. Algo que, certamente, deixaria marcas em suas costas...

— Se você diz... fico feliz que conseguiu dormir, pelo menos. Sente-se melhor?

— Fisicamente? Sim.

— Eu posso dar um jeito no resto — e, com um sorriso malicioso, puxou o rosto de Anna para si e deu-lhe um beijo molhado de bom dia. Anna corou ao se separar.

— Com certeza, conseguiu. — respondeu. Daren sentou-se, então, na ponta da cama e começou a calçar seus calçados. — O que está fazendo?

— Tenho que ir pegar nossas roupas. A atendente passou um bilhete por baixa da porta, dizendo que as duas já estão separadas para nós. Sage logo está chegando, também.

— Então, eu vou com você — Anna disse, prontamente. Ela não queria que Daren visse a roupa que escolhera. O garoto assentiu e, assim que Anna calçou seus tênis — que não combinavam nem um pouco com o vestido branco e de seda —, os dois estavam prontos para ir. Daren segurou a mão da garota e os dois seguiram Corredor adentro.

Anna esperou por Daren, enquanto o mesmo devolvia a chave do quarto. Assim que o fez, continuaram a caminhar até que chegassem na parte da passagem que dava às feirinhas. Anna, ao localizar a loja de roupas, rapidamente correu para dentro, soltando-se do garoto.

— Oi! Vieram cedo — a atendente falou. — Deixei separado o que pediram.

— Ótimo — Anna disse, prontamente, enquanto Daren se atrapalhava com os cabideiros da entrada. — Você consegue colocar o meu em um saco opaco? Não quero que Daren veja.

— Já o fiz, querida. Não se preocupe, eu entendo bem como surpresas funcionam. — e, tirando debaixo do balcão, ela pôs as sacolas em cima da mesa.

— Você é um anjo — Anna disse, sinceramente. — Quanto lhe devo?

— Querida, nós eonianos não cobramos por esse tipo de coisa. Estamos aqui para ajudar uns aos outros. Temos tudo o que quisermos, da forma que quisermos. Não precisamos de dinheiro. — a atendente explicou. — Mas acho que, por ser humana, você não sabia disso ainda, certo?

— Eu... — Anna engasgou.

— Fique tranquila. Não tenho problemas com isso. Apenas tome cuidado — estamos em um momento frágil de nossa história. — a loira alertou. Anna assentiu com um sorriso, pegou as sacolas e encontrou Daren do lado de fora.

— Conseguiu as vestimentas? — ele quis saber.

— Uhum. Agora, só precisamos voltar para casa e aguardar o casamento — a voz da garota foi sumindo.

Íris VioletaWhere stories live. Discover now