Capítulo 7.

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 Anna adorava domingos. Porque, nos domingos, ela poderia dormir o dia inteiro e ninguém poderia impedi-la. Isto é, quando algo fora do normal não acontecia. Eram dez da manhã, àquele dia, quando Anna abriu os olhos, assustada, sentindo o tremor que penetrava na estrutura do prédio em que morava. Ela percebeu que estava coberta e que Daren não estava mais ali. Virou-se, rapidamente, para vê-lo em pé, ao lado da cama, apoiando-se nas paredes enquanto tudo chacoalhava.

— O que está havendo? — Anna se sentou, encolhendo-se com o tremor.

— O que eu não queria que acontecesse — Daren respondeu, a preocupação em sua voz. — Eu tenho que ir ver o que é.

— Do que está falando? — Anna se levantou na mesma hora, apoiando-se no garoto para não cair. — Eu vou com você.

Daren a olhou dos pés à cabeça, mordendo os lábios ao vê-la somente com aquela camiseta. O tremor parou no mesmo instante.

— Por favor, vista isso — ele alcançou-lhe seu sobretudo preto. — Está frio lá fora.

Anna o vestiu rapidamente, calçando apenas um par de pantufas que deixava sempre embaixo da cama.

— Aonde estamos indo? — ela quis saber.

— Para o terraço. — Daren começou a caminhar pelo corredor, em direção à porta do apartamento.

— Terraço? O que tem lá? — Anna ecoou.

— Anna, o tremor aconteceu somente no seu prédio. E você vai ver o porquê — isto é, se ninguém mais já viu.

A garota não entendia coisa alguma. Não sabia se se sentia curiosa, ansiosa ou nervosa. Tudo o que ela fez foi trancar a porta de seu apartamento e seguir Daren até o elevador. Ela sabia que era uma péssima ideia viver em um prédio de quase quinze andares, mas o fato de conseguirem pegar aquele atalho já ajudava.

Chegaram no último andar de apartamentos; naquele corredor havia uma porta que dava para as escadas. Os degraus desciam até o primeiro andar ou subiam apenas mais um — que dava para a porta que levava para o enorme terraço do prédio. Os dois subiram os degraus faltantes e, com um impulso de seu ombro contra a porta, Daren a abriu, revelando o sol forte no rosto de ambos.

Anna franziu os olhos com o brilho que a cegara momentaneamente.

— Ah, droga. — ela ouviu Daren dizer. Anna não enxergava coisa alguma ali.

— O que está acontecendo? Tudo me parece normal... — ela murmurou, olhando em volta.

Ela percebeu o olhar de Daren, preocupado com algo que somente ele enxergava. Parado ao seu lado, Daren a impediu de dar um passo a frente.

— Segure em minha mão — ele pediu. Anna o obedeceu, segurando-a firmemente. Sentia tanta adrenalina em seu sangue que mal sentia o frio que fazia.

Daren a tocou e, no mesmo instante, Anna sentiu aquela corrente elétrica percorrer suas veias, como se saísse da mão do garoto e chegasse até sua mente. Anna pôde, finalmente, ver. Mas ela sabia que não estava vendo através de seus olhos — ela sabia que aquilo fazia parte de outra habilidade de Daren. Porque, naquele instante, ela estava vendo como se estivesse no lugar dele. E, com o queixo caído, ela não emitiu som algum.

Porque, em sua frente, estava pousada uma enorme nave metálica, reluzindo o sol que batia em sua superfície, em um formato parecido com os caças militares que Anna conhecia. A diferença é que aquele era totalmente fechado e tinha duas turbinas grandes embaixo do mesmo. As turbinas — de onde saia uma chama azul — se desligaram e o mesmo pousou no terraço, por fim.

Íris VioletaWhere stories live. Discover now