Capítulo 14.

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 Os olhos de Anna se abriram lentamente, a dor ainda presente em seu corpo. Piscou algumas vezes até que sua visão se acostumasse com o ambiente. Sem se mover, observou o local em que estava.

Uma cabana de madeira, uma lareira acesa em frente ao sofá em que estava deitada. O frio não chegava ali dentro. O cheiro de antiguidade inundava aquele casebre. Ao fundo, Anna conseguia ouvir o rádio.

“... os presidentes, em anúncio global, declararam hoje, pela manhã, a criação de uma vacina anti-tudo, capaz de curar várias doenças e trazer benefícios à saúde de até mesmo àqueles que não estão debilitados...”, ouviu o radialista dizer. “...a qual será distribuída, a partir de amanhã, gratuitamente a todas as pessoas, em qualquer posto de saúde de sua cidade”.

Anna apoiou-se em seu cotovelo e, ao fazê-lo, sentiu uma dor horrenda em sua barriga. Ela teve flashes do que havia acontecido. Lembrou-se de ver Rheo atacando o presidente. De ter se jogado em frente a ele, de ter teletransportado-os. Lembrava-se da dor se espalhando quando se deu conta que a adaga estava fincada em sua barriga. Balançando a cabeça, Anna voltou a abrir os olhos e esquecer das lembranças. Percebeu que vestia uma calça e um moletom largos e espessos. Não usava mais o vestido azul, rasgado e cheio de sangue.

Seus movimentos foram precisos — apesar de estar receosa por dentro — ao erguer o moletom que usava. Anna percebeu, em sua barriga, a enorme cicatriz que se formara. Ela sentira que o corte fora maior do que a cicatriz mostrava; mas, talvez, a mesma estivesse diminuindo. Anna não sabia dizer o que houve, depois de sentir que a vida desvanecia de si.

— Da-Daren? — ela gaguejou, chamando.

Anna ouviu, de um dos corredores da casa, passos se aproximarem da sala em que estava.

— Anna? — Sage chamou. — Que bom que acordou. — aproximou-se da garota, agachando-se ao seu lado.

— Onde está Daren? — e levou a mão à cabeça, a dor ainda presente.

— Ele saiu. Foi buscar alguns mantimentos. Sabíamos que iríamos acordar logo e precisávamos te alimentar.

Anna assentiu.

— Onde estamos?

— Escondidos. Eu vim para ficar de olho em você enquanto Daren saiu, mas, assim que ele voltar, tenho de ir ajudar na vacina. Preciso doar sangue.

— E Adra?

— Já está fazendo-o. — Sage respondeu. — Apesar de tudo, nosso plano foi bem-sucedido.

— O que fizeram com Rheo?

Sage balançou a cabeça e fechou os olhos, como se se lembrasse do que ocorrera.

— Rheo... — ele começou, suspirando. — Rheo havia feito um trato com os ortheonianos. Algum espião havia garantido que ele viveria, mesmo com todo o plano de extinção sendo colocado em ação. Disse que, se Rheo ajudasse a estragar qualquer plano que pudéssemos criar, ele teria seu assento na nave dos orths.

— Maldito! — Anna grunhiu, baixinho.

— E é por isso que Zed o matou.

Anna arregalou os olhos.

— O-o quê?

— Isso aconteceu tudo no milissegundo que você teletransportou Hector e o presidente. Zed o colocou contra a parede, eu o ajudando, e Rheo simplesmente começou a falar. Daren entrou no quarto, ouviu o que seu próprio pai havia feito. Simplesmente nos lançou um olhar consentindo o que quer que fôssemos fazer e desapareceu. E Zed o fez. Sem titubear, ele alcançou uma das adagas dos guardas que deveriam contê-lo e mirou-a nos corações de Rheo, esfaqueando-os repetidamente. Eu tive de contê-lo, sua raiva estava o dominando. Eu tirei a adaga de Zed e Rheo simplesmente caiu duro no chão. Eu nunca pensei que teria de passar por isso. — e ficou em silêncio, sem saber o que dizer.

Íris VioletaWhere stories live. Discover now