Capítulo 10.

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 — Obrigada por ter vindo — Sage disse à garota, sentada no assento do copiloto, ao seu lado. — Eu dificilmente conseguiria domar Daren depois do encontro com seu pai — explicou. Anna sorriu levemente, assentindo. Logo depois de entrarem na nave, Daren havia se jogado em um dos assentos — havia quatro, para aquele modelo de aeronave — e apagara. Precisava dormir para repor suas energias.

Anna ajudou a passar o cinto de segurança no garoto e foi ao lado de Sage para se sentar. Fez o mesmo consigo e não conseguia deixar de observar cada canto do aeromóvel. O visor enorme, permitindo a vista de qualquer lugar pelos quais passassem, o painel de navegação — composto por uma tela touch screen retangular de sessenta centímetros quadrados — que se dobrava, de trás de cada banco, até a frente dos dois copilotos, deixando-os horizontalmente sob seus respectivos colos, bem como o capacete, junto ao assento, no qual inseriam suas cabeças e um visor transparente se faria presente em frente aos seus olhos — indicando todas as informações relacionadas ao voo.

— Não precisa mexer em nada. — Sage continuou — Pode deixar que eu piloto a nave.

— Tem certeza? Não deve ser à toa que foram feitos assentos para dois copilotos... — Anna revidou, empolgada.

— Anna, eu vim da lua até aqui. Acha que não sei voar por alguns quilômetros até Nova York? — e, debochando dela, ele se virou para frente e começou a mexer rapidamente com os dedos na tela acima de seu colo. As mesmas movimentações que apareciam no painel de Sage, apareciam no de Anna. Ela apenas observava tudo, mas haviam símbolos e abreviações demais para que ela os entendesse. Um único botão se fez presente na tela e Sage o apertou — as turbinas inferiores da nave começaram a funcionar e, em poucos segundos, já estavam levitando.

Anna passou os primeiros minutos de sobrevoo em silêncio, apenas observando sua cidade lá de cima. Os prédios que tanto conhecia — a universidade, a B&L, os bares... —, a natureza, o céu azul e o sol que logo iria se pôr. Estava maravilhada. Só foi sair de seu transe quando percebeu que já estava em uma cidade diferente, desconhecendo as paisagens que se faziam presente abaixo de si.

“Tempo até alcançar o destino: duas horas e quarenta e cinco minutos”, uma voz feminina anunciou para toda a nave.

— Pode ficar tranquila, Anna. Até chegarmos, a nave fará seu trabalho e ninguém poderá nos ver. — Sage explicou. Anna assentiu e girou seu rosto, observando Daren no banco atrás do de Sage, desacordado.

— Será que ele vai ficar bem?

— Ele usou muito dos seus poderes. Nós, mooners, não temos a necessidade de dormir todos os dias — mas quando usamos nossos poderes dessa forma, precisamos repor as energias. Ele iria apagar, hora ou outra. Acho que só estava esperando você aparecer.

— E quanto a mim... será que ele vai ficar normal?

— Não se preocupe com isso. Nenhum mooner está em seu melhor estado quando está sem energia. Ele vai acordar e ficar feliz em te ver. Quem tem de se preocupar sou eu, afinal, estamos à procura do pai dele.

Anna franziu os lábios. — E será que é o que o pai dele quer?

— Ele não tem opção. Precisamos dele em nosso plano. É isso ou... ou Daren terá de fazer a viagem de volta para a festa em que o presidente estará.

— Mas ele disse que não consegue...

— Não consegue. Ele vai morrer se o fizer. Explodir em milhões de pedacinhos. Se fosse apenas para mandá-lo de volta, ele o faria. Mas ele precisará enviar o próprio corpo e o do presidente até o Corredor. É energia demais para ele desfazer e rematerializar.

Íris VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora