Capítulo 15.

997 87 4
                                    

 Anna estava aninhada ao lado de Daren, o braço do garoto por cima da cintura da garota, enquanto dormiam embaixo do enorme e grosso edredom que havia naquela cabana. Abriu os olhos, lentamente, ao que ouviu o barulho de celular de Daren tocar. O garoto se remexeu para atendê-lo e, grunhindo, ele deu o primeiro “alô” da conversa.

— Daren? É Hector. Nós precisamos de você aqui.

— O que foi que deu? — ele pediu, sua voz sonolenta.

— O presidente quer uma reunião com os eonianos que estiveram na mesma sala que ele, no Corredor. Sage está indo te buscar. Não se atrasem. — e desligou, encerrando, por aquilo, a ligação.

— O que houve? — Anna resmungou, virando-se em direção a Daren, embaixo do cobertor. Ele a puxou, ainda mais, para perto e lhe beijou a testa.

— Era Hector. O presidente quer se encontrar com os eonianos que estiveram com ele no Corredor. Sage está chegando.

— Mas já? — ela disse, a voz rouca. — Queria que nossos dias fossem infinitos aqui.

— Serão, um dia. Nós vamos aproveitar tudo isso. Eu prometo.

E, abrindo os olhos, ela o olhou, vendo seus olhos tão violeta quando a noite passada, ainda mais agora que o Sol entrava pela janela acima da cama e o iluminava. Anna acariciou as madeixas que caiam sobre a testa de Daren, ao que ele fechou os olhos, respirando lentamente. Foi a vez dela de puxar o rosto dele para perto, beijando-lhe a testa, enquanto ele se aninhava no peito da garota, deitando ali, simplesmente.

— Sabe — ele começou —, eu percebi que sua cicatriz sumiu. Isso é um bom sinal.

— Eu não sinto mais dor. — ela falou — Eu sou forte, como você.

— Você sempre foi. — e ele sorriu, gentilmente. — Quero ver o quão forte vai ser para conseguir deixar essa cama.

— Ah, não! Isso não!

E o garoto se levantou, em um pulo, e puxou os cobertores para fora da cama, fazendo a garota se encolher com a breve brisa que a percorreu.

— Sage logo está chegando — Daren repetiu. Foi possível ouvir uma batida à porta.

— Estou entrando e não quero nem saber! — Sage berrou, o som da voz abafado pela madeira.

— Merda! — Anna berrou, puxando suas roupas do chão e correndo para o banheiro. Daren permaneceu em pé, ao lado da cama, usando apenas a calça de moletom da noite passada.

— Imaginei — Sage falou, balançando a cabeça, convencido. — Eu sabia que ia ser aqui que ia acontecer. Quatrocentos anos e nada de ação... ninguém merece, não é?

Daren o socou na barriga, fazendo o amigo recuar.

— Espero que guarde essa força para quando realmente precisarmos — Sage resmungou, enquanto massageava o local em que fora atingido. Daren vasculhava sua mala à procura de uma camiseta.

— Então, o que é que o presidente quer com a gente? — Daren pediu.

— A notícia sobre a evolução dos orths chegou aos ouvidos de Hector, consequentemente, ao presidente também. Ele quer discutir táticas de guerra e de como nos prevenirmos caso o pior ocorra.

— Não seria viável fazê-lo se realmente o pior acontecesse? — Daren questionou, enquanto vestia uma camiseta.

Sage deu de ombros. — Não sei. Só sei que precisamos estar lá. Precisamos do seu sangue, também. Estou quase seco de tanto doá-lo.

— E as pessoas, estão tomando? — Daren questionou.

— Há filas por toda a cidade, cara! Você tem que ver. São raríssimos os casos das pessoas que estão tendo efeitos colaterais, mas as mesmas estão sendo instruídas a irem a determinados locais em que os médicos, contratados pelo presidente, irão observá-las. Assim, não há como ninguém “de fora” saber sobre o que estamos fazendo.

Íris VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora