Capítulo 17.

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 Anna abriu os olhos e puxou o ar, lentamente, para dentro de seus pulmões. Piscou várias vezes até que a visão se ajustasse à luz do cômodo. Ela não se lembrava de muita coisa, sentia-se zonza. Quando virou sua cabeça para o lado, vendo aquele lírio branco e brilhante sobre um dos bancos que havia no quarto, ela soube que tudo estava bem.

Foi a vez da garota, sem saber, se apoiar pelas beiradas da maca e tentar se por de pé. Mesmo sentindo dor onde o corte fora feito, em seu peito, Anna ignorou as fisgadas que sentia e se colocou sentada à cama. Percebeu que a camisola que usava estava rasgada, então, aproximou-se de um dos guarda-roupas, do outro lado da cama, e o abriu. Vasculhou por um par de calças brancas e uma camiseta de mangas compridas, da mesma cor. Vestiu-as, na velocidade que conseguiu e, após fazê-lo, pegou o lírio de cima do banco e partiu em direção ao corredor.

O silêncio penetrou os ouvidos da garota. Não havia voz que pudesse perturbá-lo. Anna sentiu um calafrio com toda a quietude da Casa Branca. Por um momento, sentiu-se, até mesmo, vulnerável. Será que havia algum orth ali? Será que alguém estava escondido para matá-la?

Anna segurou firme o lírio e, apoiando-se pelas paredes, ela continuou a andar. Tateava pelos quadros, pelas estantes, por qualquer objeto que estivesse em seu caminho. Precisava de equilibro até se aproximar de uma janela ou de uma saída.

Assim que Anna finalmente avistou, no final do corredor, aquela janela, ela cambaleou, com pressa, até a mesma. Achava estranho o fato de ser noite. Puxou, bruscamente, a cortina que a cobria e observou o que acontecia lá fora.

Ela vira as barracas, todas iluminadas, as pessoas sendo atendidas. Ela via, também, alguns eonianos olharem de relance para cima, como se vissem algo que não quisessem que estivesse ali. Quando ela ergueu seu olhar, entre as nuvens escuras daquela noite, ela viu do que se tratava.

A nave ortheoniana se fazia presente ali, estática, parada a alguns metros longe da própria Casa Branca. Ela segurou o ar e os batimentos acelerados de seu coração e começou a correr, do jeito que podia, até a saída. Anna tropeçou, cambaleou, deixou objetos caírem. Mas ela precisava saber porque é que estavam agindo como se não houvesse uma enorme ameaça pairando o ar.

Quando sua visão se resumiu à porta principal da Casa, a qual dava para o jardim em que as barracas estavam montadas, Anna ignorou os guardas à porta e a abriu. Desceu os degraus que haviam ali e começou a observar os rostos das pessoas por quem passava. Ela sabia diferenciar os humanos dos eonianos, mas, ainda assim, não encontrava ninguém que conhecia. Anna começou a sentir o desespero possuir seu corpo, ainda mais ao perceber os detalhes da nave no céu acima, e seus passos aceleraram cada vez mais. Começou a andar pelas barracas até que encontrasse uma garota de cabelos vermelhos.

— Adra?

— Anna? O que está fazendo aqui? — Adra largou o que estava fazendo e foi de encontro à humana. — Você precisa se recuperar, por Deus do céu!

— Eu estou bem. E você? — Anna sinalizou para a perna da eoniana.

— Melhor — Adra respondeu.

— Que é que está acontecendo? Por que eles estão ali? — Anna murmurou, para que ninguém ouvisse, e apontou para cima.

Adra mordeu os lábios. — Estão aí desde a tarde. Amanhã é o dia, Anna. O gás será liberado.

— Mas se estão ali, conseguem ver nosso plano e...

— Não. Essas naves são controladas de longe, possuem apenas o gás. Helium nos contou... antes de tudo ter acontecido. — Adra suspirou.

— Então, não há nenhum orth ali?

— Céus, não! Se tivesse, você e Daren estariam trancados em um quarto de alta proteção.

Íris VioletaWhere stories live. Discover now