HISTÓRIAS DE TERROR

160 44 180
                                    

ME SENTO NO SOFÁ da sala de estar, estou cansado demais para continuar em pé. Passamos horas procurando uma saída, mas a cada segundo que passava nossas esperanças só escorriam pelo ralo. Olho para o rosto dos outros cinco que me acompanham no descanso, todos tão incrivelmente divergentes, mas obrigados a ficarem encarcerados juntos. É óbvio que é algum tipo de castigo.

O que eu sei dessas pessoas?! Seus nomes? Acho que lembro do da maioria. Suas idades? Acho que nenhum citou nada do tipo. Das suas personalidades? Isso é bem perceptível em cada um. Mas se eu vou passar mais algumas horas com eles eu preciso saber mais.

Thaís aparentemente está bem. Depois do seu banho parece que ela cuidou dos ferimentos que não estão mais escorrendo ou com aparência horripilante, e que provavelmente não foram profundos nem graves. Faz um bom tempo que ela não chora também, talvez o choque tenha passado e ela tenha conseguido digerir tudo que está acontecendo ao seu redor, se é que essa seja uma coisa boa.

Mariana continua com seu olhar intimidador, mas não para o lado de Katarina. Elas criaram um vínculo, nunca se desgrudam e passam o tempo todo interagindo, não é como se fossem melhores amigas, mas ter alguém para confiar nessas circunstâncias é muito bom.

José é bem mais calado, assim como eu e o Nícolas. Não conversei muito com eles, na verdade com ninguém e eu sei que isso é um grande problema, por isso proponho que façamos um resumo de nós mesmos. No começo ouve o silêncio de sempre, o medo, não conseguia imaginar quem começaria, o que diria, como diria, se seria realmente verdade, todos concordaram em fazer, mas ninguém realmente quer começar. Então, pondo muita força nos meus lábios, eu começo a forçá-los a falar.

–Meu nome é Davi, como vocês já sabem... – percebo o quanto é patético fazer aquilo. –Tenho 22 anos, moro com meus avós... – citar isso retira um sorriso dos meus lábios. Desde criança moro com eles, não porque meus pais morreram ou algo do tipo, mas porque os quatro decidiram que seria melhor assim. –Eles são as pessoas mais importantes da minha vida. Trabalho na floricultura deles, ela é a melhor da cidade, sem querer ser modesto... – rio de novo. –Cuido do Victor, um Golden Retriever, mascote da casa e namoro a... – eu deveria terminar a frase, mas alguma coisa me impede, as recentes lembranças dão um nó na minha garganta. O rosto dela dá um chute no meu estômago, suas últimas palavras então... –Namorava a minha parceira de trabalho. – e me calo.

–Ok! Eu sou um ano mais velha que o Davi. – Katarina continua, acho que ela percebeu que depois do meu pronunciamento um longo e dolorido silêncio se seguiria, ainda bem que ela impediu isso de acontecer. –Moro sozinha em um apartamento bem espaçoso e aconchegante no centro da cidade. O lugar é bem movimentado, eu particularmente gosto disso... muitas pessoas, barulho de veículos... – ela faz uma pausa. –Ah! Também tenho um animal de estimação, é um papagaio. Ele já é adulto, mas não muito inteligente. – a expressão que ela faz enquanto, provavelmente, está pesando nele, é engraçada.

–Você tem irmãos? – José pergunta.

–Não, meus pais depois que me tiveram decidiram aproveitar a vida. Vivem viajando, trabalhando, não tem tempo. – ela sorri e José acompanha. Suspiro aliviado pela ideia está dando certo, que todo mundo está cooperando e não está sendo algo massacrante.

–Eu tenho uma irmã! – Mariana corta meu pensamento com sua voz pesada. –O nome dela é Jenny. – toda atenção é direcionada a ela. –Ela é mais nova, tem 19 anos. – suas frases são curtas. –Às vezes ela vai lá em casa com minha mãe, as duas amam minha sobremesa. Minha mãe me criou solteira, passamos por tudo juntas, minha força existe graças a ela. As coisas que ela já fez por mim... Espero que estejam me procurando.

Apreciados A Ascendência do Traidor [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now