MARIANA

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ABRO MEUS OLHOS, PERCEBO que estou tonta e enjoada. O mundo gira ao meu redor e eu não consigo focar em nada. Ainda estou desorientada e meus pensamentos e lembranças estão confusos na minha mente. Levo minha mão até a testa e me assusto com o corte que surgiu nela. Meus dedos se encharcam de sangue que escorre pelo meu rosto e eu começo a entender tudo o que aconteceu antes de eu bater a cabeça.

Davi! Penso.

Não consigo entender o porquê de José ter me empurrado para o desconhecido. E porque nem ele, nem Davi estão aqui embaixo comigo. Começo a sentir medo. Não sei onde os dois estão e nem o que aconteceu depois que eu caí. Não sei quanto tempo fiquei desacordada e nem onde estou localizada.

O chão é gelado e minha pele estranha a textura. Olho para cima e a escuridão me impede de enxergar o alçapão. O que aconteceu? Começo a desconfiar da postura de José e isso me enfurece. Olho ao redor ainda perturbada e me surpreendo com o que encontro. É uma espécie de laboratório abandonado, ele possuí algumas lâmpadas acessas, mas a maioria está quebrada ou piscando sem parar. Vejo cabos elétricos coloridos jogados no piso sujo, bolsas de sangue penduradas em arames de ferro, espalhadas e derramadas por toda a parte, maquinas de diferentes tipos e tamanhos, que nunca vi na vida, mesas e cadeiras derrubadas, gás saindo de tubos presos na parede e capas de plásticos cobrindo alguma coisa que minha visão não alcança. Consigo ouvir pingos caindo e se chocando contra alguma algo metálico e o som de patinhas minusculas correndo por todos os lados.

Me levanto com cuidado já com a pistola em punho. Sinto uma dor aguda no braço e no joelho por causa do impacto, minha visão apagar e que quase caio. Ando me arrastando, passando por macas, tubos de ensaios quebrados e objetos científicos. Nada disso faz sentido. Sigo direto no corredor, que dos lados, contém vários escritórios pequenos com grossas paredes de vidro. Dentro deles é possível ver materiais de pesquisas, bancadas de trabalho, estantes, telas de computador desligadas, microscópios e mais objetos estranhos. É pior que a mansão! Espero não ter que passar muito tempo aqui. Sinto um calafrio subir pelo meu corpo, o ar fica mais rarefeito e eu vejo um vulto passar por trás de um dos escritórios e desaparecer. Ele se esbara com algum compilado de ferro que cai no chão fazendo um barulho estrondoso. Meu corpo pula sem minha autorização e eu corro para me esconder atrás de uma cabine branca do meu tamanho que está jogada pelo caminho.

Fico parada lá, em transe, quase sem respirar. Nenhum barulho volta a soar, mas resolvo não me arriscar. Depois de muito tempo imóvel tomo coragem e saio do meu refúgio voltando a caminhar pelo corredor. Cada passo que eu dou meu coração acelera mais. É sufocante estar num lugar como esse sozinha. Onde está Davi? Será que ele desceu para me procurar? Será que ele ainda está na cabana com José? José tem que ser confiável, alias, Katarina que é o traidor está morta, não faz sentido esse comportamento dele. Me proíbo que enxergar o óbvio.

Sinto um frio absurdo.

Cada escritório de vidro contém uma porta branca de metal lacrada, em algum deles dá para ver maquetes do corpo humano, quadros com fotos de partes humanas, do cérebro e cálculos intermináveis. Nada que demande a minha atenção. Mais bolsas de sangue penduradas, jalecos sujos jogados de toda forma no chão e líquidos coloridos derramados. O quer que tenha acontecido aqui não foi nada bom e os cientistas tiveram que evacuar o local com presa. Talvez eu deva estar perto da saída! Mas não vou sair daqui sem Davi. Continuo procurando por qualquer coisa, sempre mantendo cuidado.

Viro à primeira direita no corredor e me deparo com um corpo estirado no chão. Ele traja a roupa cinzenta que encontramos na cabana e por isso não consigo identificar quem seja. Ao redor dele não tem sangue aparente e todos os seus membros se encontram intactos. Pode estar apenas desmaiado. Torço.

Apreciados A Ascendência do Traidor [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now