{Cap.1} Um curso, enfim.

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Trabalho em uma bela loja localizada, ao meu considerar, em uma das mais belas ruas de Suwon que fica na Coreia do Sul. Muito bem movimentada, cheia de andantes a todo momento e a noite iluminada ao brilho dos variáveis telões dos prédios. Nael, de sobrenome que não me vale muito verificar, esta é a parte de todo entre aspas de uma história inicial de vida com um viés terrível acompanhado pelo abandono por parte de mãe, seja lá onde esteja meu pai, e com seguimento em rebeldia, que meu bom primo me perdoe. Nada que realmente valha um ponto de vista apenas.

Profissão? Talentosíssimo vendedor, com tanto tempo na Market Live, devo até me considerar o melhor que vejo nesta área. Vejo-me com um dom que não posso renegar ou talvez possa aborrecê-lo ditando que o tempo e esforço fazem um bem danado também! Mas sei muito bem me posicionar com os clientes, tenho uma certa habilidade em lhes ler, em vender ou enrolar para o que visam. De extrato para agora a rotina é isto, do começo ao fim das seis da tarde. Um pouco de tempo para o almoço e uma jornada pelas revistas do jornaleiro. Foi num desses momentos, se me recordo bem, quando alguém encarava minha comida, ao meu redor mesas e cadeiras, não havia mutirões às 14:03. Uma garota metida numa blusa grande de frio jeans sujo e um pouco rasgado, mas não rasgado daquilo que se mostra, mas rasgado daquilo que o tempo pune. Olhava para o meu sanduíche, suas pupilas nem se mexiam. Bolei me extraviar da cadeira, mas lá estava ela nula ao frio que jaz não sedoso, desprendeu-se também.

Coração de vendedor não ao talento, mas a evento, comprei-lhe um também, daqueles sanduíches que a carne vermelha não escondia o sabor e o mostrava para que o freguês o devorasse muito antes na mente de seu coração. Me aproximei e ela não achou mal, o que esperava eu, que se levantasse e corresse? Um cachorro talvez, mas não um faminto!

Enquanto comia olhava suas unhas encardidas, um desespero na comida e sem afeição por mim. Ousei perguntar seu nome, mas ela não respondia. Perguntei se o dia estava quente, mas isso não a atraía. Até se um dia foi casada apenas para a resposta ignorante que receberia, mas nada, nada falou e comia. Comia desorganizadamente de uma forma meio louca mostrando como estava bom, quando acabou me olhou, como um obrigado sincero que não saberia discernir.

Não perguntei mais e enquanto voltava para o trabalho golpeava o olhar em sua direção e ela não saía do lugar. Seus olhos permaneciam fixos no chão, como se ali tivesse pombos coloridos ou nuvens de algodão. Não importa talvez seja baboseira, mas vivenciar aquilo mexia em algo no meu coração, de sentimento, talvez clareza. Trabalhei o menos pouco que consegui, eu recebia fleches vivos dos olhos dela, a maneira minguada com que ela olhava para o nada. Eu estava desligado, alguns de meus colegas até me provocaram pelas poucas vendas que cheguei no fim. Meu espírito competitivo estava mortificado.

Quando dei por mim estava a correr de volta aquele lugar apenas para que o Nael sentimental sossegasse um pouco e preservasse sua sanidade, mas a moça não estava ali, porém caminhando algumas quadras a encontrei parada perto a uma fonte com a mesma faceta sem o mesmo olhar. Fiquei com medo de me aproximar, mas lembrei-me o quanto sou insistente. Um homem por ali perto passava, me encarou como se soubesse meus segredos e me falou:

— Essa daí eu já tentei, não fala, acho que não é daqui e não sabe nosso idioma.

O jeito como ele disse o "já tentei" era estranho. Do que ele realmente tentou? Ou o que quase fez? Olhei para dentro da fonte e nada. Desprendi um pouco o nó da gravata pronto a não me entregar aos nervos. Balbuciei algo que era esquisito, ela se virou de repente e me encarou, não parecia assustada.

— Está aqui há muito tempo?

Ela olhou sem retroceder, a boca um pouco se abriu como se quisesse entender.

— Sabe do tempo, daquele que conta as horas? Um relógio por exemplo. — e mostrei o meu pulso, ela o olhava, via os ponteiros no seu ritmo e arqueava a sobrancelha perdida.

Quem dera hoje fosse sexta ou domingo! Seria o meu dia de rodízio e nem nessa rua passaria, esse momento não chegaria, talvez nem de casa sairia.

— Ok, e abrigo? Sabe, lugar de dormir. — e tentei imitar alguém dormindo abraçando as duas mãos e as apoiando ao lado de meu rosto.

Ela apontou para o chão e se deitou como se me mostrando ser onde dormia. Fechei os olhos para pensar, em que lugar a levar?

Peguei em sua mão, ela não arquejou, seguiu-me como criança, sua mão era tão leve que me dava inconstância. De ponto a ponto tinha que olhar para baixo para tentar perceber se ainda estava ali, se o que segurava era o vento ou o vento vinha atrás de mim. Tinha um abrigo de minha conhecida e de sorte um quarto também. Pretendia deixá-la lá e isto deveria ser acrescido em meu livro de bons gestos e caridade. A observei, célebre de que havia melhorado sua condição, enquanto ela olhava tudo de um modo distante e encarava a cama sem parecer compreender.

— Nada de se deitar mocinha, precisa tomar um banho e deslargar dessa blusa. Sabe Nael, alguns que vem para cá já vem com seus objetos que não querem largar não importa o quanto insistimos. Ontem à noite resgatamos um senhor de idade e ele insistiu querer manter o boné na cabeça e não queria molhar a cabeça! Quanta luta passei naquilo...

Esta é Florinda, a organizadora, sua boca continuou se movendo enquanto girava pelo cenário do quarto a catar roupas no chão, se inclinou para a Desconhecida que permanecia a observar o armário de madeira aberto e vazio e a janela que dava para o jardim. Volta e meia me olhava como se eu fosse a resposta que ela não conhecia.

— Ela ficará bem aqui, Nael, já podes ir.

Com insistência Florinda me empurrava para fora e eu ficava perdido no que a moça me prendeu, no sanduíche ou no olhar da fome? Queria lhe perguntar da paz que estaria me roubando, mas talvez ela nem soubesse o que é paz. Voltei para casa pensando que aquilo era baboseira e que amanhã mesmo já estaria na eira, me esquecendo de novo dessa preocupação sem sentido. E poderia ser isso mesmo se não tivesse caído no meu próprio sentimentalismo.

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