{Cap.20} Boa noite.

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Nael se levantou às sete da manhã e pegou o que havia juntado de suas coisas, não tinha dormido mesmo. Despediu-se do porteiro e entregou-lhe as duas chaves do apartamento, uma que era sua e outra que era de Bárbara, mas que ficava com Adaliz. Aliás, lhe parecia que sua decisão era o desfecho da amizade que teria com Hylla e Adaliz, a senhora tinha mandado numa caixa de correio de voz algumas implicações sobre o futuro e como habitual acrescentado muitas palavras e teria até chorado. Nael não contou desta vez, mas era certo de uma gravação de quase duas horas. Ela voltou a cumprimentá-lo como o rapaz muito bom e que ela viu estranhamente a puxar o braço de uma moça no parque, e que ele seria acrescentado na sua lista de possíveis sequestradores. Mas riu descompassadamente enquanto parecia chorar também e lhe disse que aquilo para ela foi uma divertida aventura e que fazia bastante tempo desde seu falecido Guilherme que não tinha tanta alegria acumulada em seu coração. No final pediu encarecidamente para Nael não fazer nenhuma besteira que o poderia levar para cadeia ou algo que pudesse dar dor a alma, ela lhe disse sentir o pesar, como ele também o sentiu. Deu-lhe todas as informações que havia recebido, e o quanto ela e Hylla ficaram investigando depois da descoberta vista no anúncio, cabia a Nael cumprir o resto. Tinha em seu coração de que aquela mulher tinha um lar e eles não eram o seu verdadeiro, apenas um provisório, percutiu pela gravação: "Havia pessoas esperando ela voltar, a nossa missão era levá-la até a isso..."

Se despediu com um som estridente de beijo então tudo ficou mudo. Não dormiu mesmo, viu o dia amanhecer enquanto olhava a rua da janela e aguardava a compreensão de alguém além das palavras de sua tia, mas era certo que aqueles que consideravam ser os seus mais próximos não o apoiariam em seu propósito. Sabia e ao mesmo tempo que não deveria estar a fazer isto, mas tinha toda uma adrenalina e uma total certeza que pareciam o deixar angustiado caso não cumprisse isto, caso não tentasse.

Indo a pé até a pousada que havia deixado Bárbara, foi se despedindo de toda passarela de ruas, lojas, comércios, parques, pontes, avenidas e cores tangentes de Suwon. A tonalidade era algo de que Adaliz havia o ensinado a contemplar. Bárbara também estava na janela quando Nael adentrou o cômodo, seus os olhos estavam perdidos no céu.

— Coloquei algumas de suas roupas e coisas nessa mochila. Com certeza terá mais coisas com o tempo. — ele entregou a pequena bagagem a Bárbara.

Para uma mulher não completamente minimalista em parecer, aquilo era pouco de mais do que pudesse conquistar. Nael ofereceu sua mão a ela que a segurou, saíram a balançar as mãos com os dedos entrelaçados até o balcão da recepção onde tiveram de soltar para entregar as chaves do quarto.

— Vamos, tem um táxi lá fora nos esperando. — entrelaçou novamente as mãos e assim seguiram do táxi até o aeroporto num silêncio exaurido pela ansiedade, num compasso desordenado de palpitações do coração.

No aeroporto, eles decidiram se sentar em um banco perto da fila de embarque.

— Passaremos um bom tempo aqui até que embarquemos. Algo te preocupa? — a perguntou com a pressa incontrolável que não cessava.

— Sentirei muita falta de Adaliz, não pude ver ela. — Bárbara respondeu cabisbaixa.

— Tenho certeza que poderá ligar para ela ou mandar uma carta, você tem o número e endereço dela na sua mochila, os escrevi na sua agenda.

— Você o tem também... o colocou mesmo aqui na mochila?

Nael desviou o olhar para as pessoas desembarcando na faixa de Suwon.

— Quer ir realmente embora de Suwon e deixar todos para trás?

— Eu já vinha pensando nisso muito tempo antes, a decisão bateu mais forte agora com os últimos eventos ocorridos.

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