{Cap.10} Não mais sardinhas prensadas.

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Nael fez mais uma de suas promessas, as fez agora para a Desconhecida, mas era como se estivesse estimulada em Adaliz. Depois daquele dia desastroso ele não conseguiu encarar Barbara mesmo quando Adaliz apareceu na manhã seguinte e a notou desbotada e distante, seus olhos não transmitiam nada. Como a senhora dizia, os olhos sempre espiram algo mesmo que a boca negue. Esse entendimento chamou sua atenção, então ela mesma convocou uma reunião. Nael teve que devotar todo seu trágico plano, sempre relembrando que ele seria para o bem maior a Bárbara. Adaliz expressou sua completa decepção por não ter sido avisada sobre o assunto, que Nael tinha a excluído mesmo que ela estivesse ali sempre o ajudando. Aborrecido com a visão das duas mulheres em suas aparências de conflito, insistiu que deveria fazer as pazes, qualquer emenda de pedido de desculpas, para que pudesse reencontrar sua consciência quieta. Disse que se mudaria, um local maior e talvez, dependendo do preço, uma casa real.

— Com reais jardins e com uma maior geladeira? Porque tenho tanta vontade de fazer bolo, mas a sua geladeira é minúscula.

A voz dela saiu com um tom feliz e Bárbara foi captada a seu humor enquanto a observava. Assim, prometeu a elas que faria mudanças, de certa maneira, mas que não sentia quando não deveria fazer ou ser como desejasse. Nas entrelinhas Adaliz podia ditar a palavra em oculto ego, mas resolveu aceitar a proposta de paz. Embora ele fosse tão teimoso a ponto de deixar seu falecido William no chinelo e ela pensasse em desistir dele a qualquer momento, se recusava a deixar a Desconhecida. Criou muito apreço por ela, além de sua intensa curiosidade em saber sua maneira de pensar, quem ela era, quando chegasse a se encontrar, a sua mente voltar. Contava que o coração de Nael fosse mudado também, orava sempre por isso, detinha de uma grande virtude sobre suas ações, era uma mulher vivida, as palavras que saíam de sua boca e de seu coração provavam sua honra. Diante de uma desesperança, Nael ficava por muito tempo distante e ela se sentia mais uma babá do que ajudante, ele dificilmente se incluía em suas conversas. Constatava os olhos altivos dele, o comportamento autossuficiente e raramente a dava ouvidos. E ela concluiu que, embora do seu ponto de vista não haja muito que os humanos possam fazer para mudar seu comportamento, uma mente redimida poderia. Com efeito, teria que acreditar que o que Nael lhe dizia vinha de um arrependimento genuíno, pois se não, dificilmente o ciclo não voltaria, e improvavelmente o final da história não seria um grande problema como Hylla sempre amaldiçoava. Adaliz teria sua própria filosofia, uma vida maior, contra tempo e dinheiro. Seu forte senso de julgamento sobre este assunto vinha de sua experiência. Quando seu marido ainda era vivo e depois de seus dez anos de casamento ela teve que resolver sua irritação com a vida que ele queria viver. Quando o negócio da família era sua principal prioridade.

Esteve diante a perder uma vida perante seus olhos, foi na sua religião que se reergueu, sabia na pele o quanto o envaidecimento pode matar, sabia quando a vida não levada a sério poderia proporcionar marcas irreversíveis, quase insuperáveis.

Nael, por outro lado, teve que efetuar outro grande esforço pedindo ajuda a Fernand. Tinham algumas lembranças juntos quando eram os "garotos de Busan"*¹. Fernand tinha o ajudado a se adaptar em Suwon logo após o curto curso de economia e administração em Busan, ele conhecia tudo e era muito prestativo com Nael. O mesmo não poderia acreditar que Fernand nutrisse algum carinho por ele, julgava ao negativo, como uma prestação de serviço e não uma amizade construída na infância. Saíram antes do final do dia, portanto estava nublado como de costume. Podiam esperar por um pé de chuva. Minner cutucara Jasper com a saída dos dois.

— Observe, o aumento de salário será de Fernand! Nael é como todos os outros que sobem. Se esquecem de olhar para os esforços daqueles que realmente estão sempre correndo.

— Não exagere Minner, por que você de uma hora para outra está com o humor tão alterado? Desde que ele assumiu o cargo de gerente você parece diferente.

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