{Cap.6} Primeiras Lições.

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Ouviu-se batidas na porta, Nael pareceu desligado apesar do sonido contínuo. Estava tentando ensinar a Desconhecida a descascar batatas, lhe parecia uma tarefa desagradável demais para se fazer, e ele não a queria ter em solidão com uma hóspede em casa. Sim, agora a considerava hóspede. Havia mudado tão resolutamente de expressão que seus dias pareciam mais luminosos e aquilo era um vocábulo estranho a ele, e quase parou por um momento a pensar sobre. Levantou-se e foi até a porta, a abrindo foi encrespado a um beijo em sua bochecha pela senhora Adaliz. Pensou, que gesto mais desagradável! E era tudo que podia ver de longe, as duas se juntaram ao sofá já que Adaliz havia reclamado de sua coluna e começara a falar de sua infância até chegar a sua juventude, contos sobre sua energia e medalhas de competições de natação. A senhora era religiosa, algumas frases refletiram isto, assunto que afastou Nael, apesar de também já ter se cansado da voz dela muito antes de terem se passado sete minutos conclusos. Passou a falar de filosofia grudando um Agostinho com São Tomás de Aquino, o que ele definitivamente não queria dar importância, foi para seu quarto e lá permaneceu analisando os documentos que Hylla trouxera no dia anterior.

Algumas coisas haviam mudado em sua rotina, comia por vezes com Jasper e Minner, se bem consideraria que se divertiria muito mais sozinho. Não gostava nenhum pouco de comer com os outros. Estava sempre cercado de pessoas e isso o incomodava, porque lhe tirava a legítima rotina de um destinatário solitário. Sua sala era atração, mesmo que a hora do almoço fosse o horário de pico, sempre havia alguém ali, como imaginava que aconteceria, e isso o irritava. Achava que ninguém iria fazer melhor do que ele naquele lugar. Já tinha dito isto em voz alta antes, certamente não diretamente, a Hylla, que replicou apontando onde ele encaixaria aquela tarefa como sendo fácil? Sua dedução sobre ser superior em empenho o deixou estranhamente aliviado. Foi considerando-se sentimental demais durante todo este tempo, imaginando que não deveria ter tantas emoções em sua vida. Persistia em ter de volta a total satisfação na avaliação, tanto sua quanto a que as pessoas pudessem dirigi-lo. Se o estômago não se remexesse muito ele próprio daria um jeito de voltar com a ansiedade, que não assumiria nem para si que sentia, como um aconchego quentinho e doloroso, que parecia o fazer se sentir vivo ou cumprindo seu papel no mundo. Era a ardência que ditava de que ele não deveria ficar para trás.

Se encontrava com Hylla poucas vezes quando realmente não podia compreender por extenso algum termo do documento e isso lhe doía as têmporas*¹ como uma tarefa que atacava seu orgulho e Hylla sentia seu caráter ordinariamente teimoso. Adaliz progredia no ensino das palavras a Desconhecida que prontamente mantinha seus olhos bem abertos quando Nael começava a reclamar sobre as coisas e depois reclamava por reclamar demais e se sentia multifário*² em palavras. Era como se ela o pudesse entender, na verdade, era isso que ele se permitia confiar. Mas continuava com a piada interna desagradável da qual se lembrou de não se orgulhar, "Ela parece mais um cachorro de estimação, se comporta como um". Isso era tão mal de ouvir da própria mente que sempre saía de perto dela quando isso lhe vinha, por peso de consciência.

— Você precisa de um amigo. — Minner disse ao saírem da loja.

Tentava colocar toda a sua energia na fechadura do cadeado e ele nem se mexeu, toda a ladainha do dia do amigo já estava atingindo seus nervos.

— Te ajudo a fechar isso Nael, porque sou seu — Jasper respirou fundo antes de soletrar — a-mi-go.

Minner revirou os olhos, ela tinha o mesmo pensamento que a tia de Nael, ele só parecia se importar consigo mesmo e nada mais. Era uma observação que esconderia dele e havia muitas anotações em sua cabeça sobre a personalidade de cada pessoa em que se atreveu a conversar por mais de seis dias. Era o seu lema.

— Nos conte a causa de estar aborrecida naquele inesquecível dia de Nael, o gerente. — perguntou Jasper .

Passo a passo eles caminharam pelas ruas de Suwon, embora fossem quase dez horas da noite, havia tantas pessoas quanto em um parque de diversões. Ele só queria se perder deles por um deslize, o seu ponto alto seria chegar em casa sem precisa se envolver em atividades sociais.

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