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- Houston -

S

e perguntarem a Calum Hood como estava seus pensamentos agora, ele diria para imaginarem um nó. Ele não sabia reagir a confusões de sentimentos, não sabia sentir medo pelo proibido e, principalmente, não sabia como não se derreter quando via aquele sorriso. O sorriso no qual descobriu gostar.

Seria longos meses preso em um ônibus, com um espaço minúsculo junto a mais três pessoas que, na maior parte, é fácil de conviver. Ou não. Era estressante em alguns dias, bons em outros, precisa de total compreensão e não é sempre que isso acontece.

Por mais que isso ocorra a bastante tempo e que conhecer partes do mundo que jamais pensaram que fossem pisar, ainda lhe dava calafrios só de imaginar. Não por mal, ou por medo. Mas ficar longe de tudo que conhecia era complicado.

Todos estavam se despedindo e conferindo suas coisas, para não correr riscos de faltar algo, como as vezes acontecia. Luke ainda estava agarrada a sua mãe, que lhe dava instruções básicas, assim como Michael, que tinha os olhos quase fechados pelo sono e se apoiava na mãe.  Ashton foi o primeiro a colocar suas coisas no ombro para entrar no ônibus.

- tenho cervejas escondidas. - foi o que ele disse ao ver o rosto do moreno. - só não conta para a tia Liz. - piscou, entrando correndo no ônibus.

Longos meses? Não, longos dias. Definitivamente longos dias.

Lembrou-se das palavras da mãe, estranhando seu comportamento ultimamente. Ele não podia negar, estava agindo estranho, confuso. Não conseguia parar de pensar na sua última festa, no beijo que deu em seu amigo. Desde essa noite tudo parecia diferente, uma confusão sem igual em sua mente. Ele queria, mas não entendia, ele sentia, mas não compreendia.

Não conseguia tirar da cabeça, os pensamentos sempre voltavam para aquela noite, dando replay em suas memórias em todos os momentos, até os mais inoportunos. Passou o resto dos dias assim, distraído.

Entrou no ônibus meio a contragosto, se mal conseguia esconder de sua mãe e de si mesmo, como conseguiria de seus amigos? Que passariam todos os dias ao seu lado e lhe conheciam tão bem?

Passou pelos "cômodos", separados apenas por finas cortinas até chegar no quarto. Era a cabine maior, onde os quatro dividiriam. Calum deixou suas coisas no chão, as camas eram como beliches, tendo uma ao lado da outra, sendo separadas apenas pelo corredor estreito. O moreno sempre optou pela cama de baixo, todos sabiam seus lugares e quase nunca trocavam.

- Você está abatido. - comentou o garoto, cujo era motivo de tanta dúvida sobre si mesmo.

- não ando dormindo bem. - mentiu, jamais contaria a verdade ao amigo, pois o que este pensaria? - estou nervoso com a tour. - levantou os olhos, por fim o encarando. O que foi um grande erro, pois ele se perdeu naqueles olhos esverdeados por longos segundos.

- acho que sempre iremos ficar. - sorriu fraco. Calum não tinha uma resposta, pois mal havia prestado atenção em seu comentário, então apenas assentiu.

Praguejou a si mesmo, teria de tomar cuidado e não se distrair, ou pensamentos errados o consumiriam. E errado, no qual ele se refere, se remete ao beijo no qual queria repetir, ou talvez a mão do garoto deslizando pelo seu corpo, lhe causando sensações novas.

Não entendia, ou ao menos não queria admitir, o que sentia. Ashton era seu melhor amigo, a pessoa na qual ele confiava de olhos fechados sem pensar duas vezes, talvez estivesse apenas confundido os sentimentos, não sabia ao certo.

- Já estou com saudades de casa. - Michael comentou, jogando suas coisas sobre a cama. - trouxe alguns jogos, caras. - apontou para a mochila, que certamente estava cheia de dvd's.

- espero que tenha trazido algo para hidratar seu cabelo. - Ashton pegou em uma mecha do cabelo verde, sentindo a textura ressecada.

- quem precisa cuidar do cabelo? Logo cresce. - torceu o nariz, saindo do quarto para não ouvir mais comentários. Não gostava que falassem sobre sua aparência ou algo que remetia a mesma, pois lhe deixava desconfortável por um longo tempo.

Ashton revirou os olhos com a reclamação do amigo e se virou para Calum novamente, lhe dando um sorriso reconfortante.

- vai passar rápido, eu prometo. - ergueu a mão direita, como um juramento. Por mais que estivesse falando de casa, Calum optou por dar outro sentido a frase, se referindo aos seus sentimentos pelo cacheado.

J'Aime... - CashtonWhere stories live. Discover now