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- Liverpool -

Calum queria jogar seu celular contra a parede quando o ouviu tocar naquela manhã, seu corpo estava exausto e ele não queria atender, mas quando todos os outros celulares tocaram, as coisas ficaram um pouco diferentes. Se viu forçado a procura-lo, tateou por de baixo de seu travesseiro e o arrastou até tê-lo em mãos, estreitando os olhos ao ver o número.

A barra de notificações de seu celular estava lotada mas, algo que lhe chamou a atenção, foram as mensagens de seu empresário. A ligação fora ignorada enquanto percorria o dedo pela tela, parando ao ver uma foto. Seu estômago revirou e, por um momento, o mundo parou, congelou.

Mal havia notado que os outros garotos haviam atendido a ligação, o clima estranho predominava no quarto, um medo percorria o ar. Calum deixou o celular cair, com a foto de quando estavam no evento, dançando colados. A cortina foi aberta bruscamente enquanto saia as pressas para o banheiro, deixando todo seu jantar sair. As náuseas estavam insuportáveis, assim como as tonturas, parecia tão irreal, não imaginou que, o pesadelo que tinha todas as noites, se tornará real antes do previsto.

Deixou o corpo cair após dar à descarga e limpar sua boca, suas mãos tremiam e seu rosto estava pálido como a neve quando Ashton abriu a porta. Nenhuma palavra foi trocada, ele apenas sentou ao seu lado, sua aparência indicava que não estava em uma situação muito melhor e as lágrimas em seus olhos apenas mostrava o temor que sentia.

Existe um abismo em aceitar quem você é e aceitar as consequências que isto vai causar. Calum ainda estava em seu processo de aceitação, suas dúvidas caíram, seus medos diminuíram mas nada havia sumido. Estavam lá, eram poucas, mas estavam. Ashton e Mali o ajudaram por imenso nesse processo, mas vinha dele também, de se auto conhecer, se auto aceitar.

Quando tudo voltou a tona, quando seus medos acabaram de se tornar concreto, tudo que achou ser capaz de lidar, desmoronou.

- o que vamos fazer? - sussurrou, como se estivessem a contar um segredo. Ashton engoliu a seco, pois não tinha a resposta para isto. - isto parece um castigo. - confessou e, desta vez, Ashton o olhou.

- não diga isto, venha cá. - o puxou para seu colo, onde Calum rapidamente se aconchegou em seus braços e voltou a chorar. Ashton podia sentir seus tremores, podia o ouvir tentar controlar seus soluços, mas apenas podia chorar também. Não tinha palavra alguma que amenizasse aquilo. - vamos encontrar uma solução. - falou, deixando um beijo no rosto do garoto.

Nenhum dos dois acreditava muito naquela frase, afinal. Tinham medo de ser a última vez deles juntos, medo das consequências que podiam surgir. Será que iria obrigar um deles a sair da banda? Ou algo pior? Quantas ameaças eles iriam ouvir? Quanto pavor iria sentir?

Calum se culpou por ter se deixado levar naquela noite, por ter ficado tão acomodado com a situação de que tudo estava bem. A culpa voltou a lhe atingir, sua mente voltou a lhe perguntar que aquilo era mesmo o certo.

- sabe, meu eu do passado estava tão certo. - comentou pensativo, passando as pontas dos dedos sobre os músculos de Ashton enquanto encarava sua pele. - eu não vou aguentar as consequências, não sou capaz de lidar com algo deste tipo. - mordeu o lábio, sentindo as bochechas úmidas.

Irwin o apertou nos braços, sua cabeça latejava e já não sabia quanto tempo estavam trancados na cabina apertada. Ashton sabia as inseguranças de Calum, entretanto não sabia o tamanho delas, muito menos o que eram capazes de fazer. Hood se encolhia em seus braços, como se fosse a última vez que iriam se ver, se tocar, se sentir.

- vamos mentir. - argumentou após algum tempo. - vamos falar que estávamos apenas brincando ou algo do tipo, que estávamos bêbados demais para saber o que estávamos fazendo. Eles não vão acreditar muito, mas também não vão deixar de ponderar isto. - apertou os lábios, enchendo os pulmões de ar. - quando sairmos ao público ou a algum lugar que tenha outras pessoas além de nós quatro, iremos ficar longe um do outro. Ficaremos apenas entre quatro paredes, entre a segurança de nossas promessas. -

- acha que isto vai dar certo? Que vai limpar e os fazer esquecer? - o olhou. Não queria se afastar tanto de Ashton, não quanto este estava sugerindo. Mas era o melhor agora. Seu estômago embrulhou com a ideia de voltar a ser como antes, de se esconder, de engolir o que sentia.

Ashton levou a mão até seu rosto, acariciando sua bochecha com o polegar. Calum fechou os olhos com a carícia e sentiu os lábios do loiro contra os seus, em um selinho lento e cheio de sentimentos, de dor.

- temos que tentar. - falou roçando seus lábios antes de o abraçar novamente. Ashton não sabia ao certo, mas talvez não conseguiria esconder seu sofrimento.

J'Aime... - CashtonWhere stories live. Discover now