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- Los Angeles -

Qual seria a melhor forma de apoiar alguém? Ficando ao seu lado ou lhe dando o espaço necessário? E, principalmente, como adivinhar isto? Ashton não fazia a mínima ideia, sabia como era difícil lidar com algumas coisas, principalmente sexualidade. Dar espaço para que Calum se entendesse e se sentisse melhor talvez fosse uma forma de apoio eficaz, ao menos para ele era.

Manteve a distância que julgou melhor e necessária, estaria ali pelo moreno, estaria ali lhe dando suporte quando precisasse, não gostava de ver Calum se torturando daquele jeito, lhe partia o coração todas as vezes que se lembrava da noite que este lhe confessou seu segredo com tanto medo e dor.

Vez ou outra se pegava olhando para o garoto, que já agora falava tranquilamente com Luke e Michael, usando a desculpa de apenas andar meio mal ultimamente. Seus olhos escuros ainda se encontravam perdidos, como se ainda algo lhe machucasse, não importava quantas piadas Michael fazia e quantas vezes ele sorria, parecia ser tudo uma máscara para ninguém notar. Mas Ashton notava, ele sabia o que se passava.

Hood fazia o possível para se entender, pesquisas em cima de pesquisas, porém continuava com medo das consequências e revoltado por não controlar seus próprios sentimentos, deveria ter uma fórmula mágica para a paixão acabar, não deveria? Seria perfeito e acabaria com boa parte de seus problemas.

Seus pensamentos o traiam a cada instante, alívio e arrependimento batiam em seu corpo e arrancavam lágrimas de seus olhos todas as vezes que estava sozinho. Aquele misto de sentimentos estava acabando com seu corpo, com seu emocional e seu ser.

O alívio por ter contado, por ter soltado boa parte do nó que prendia em sua garganta em pura angústia, todavia o remorso também era enorme, ter Ashton distante após a montanha russa estar desgovernada em sua vida não era uma das coisas que gostou muito. O loiro estava com nojo dele? Era isto? Seus beijos, seus toques, palavras de apoio e sorrisos trocados, tudo isto foi apenas uma brincadeira? Não fazia sentido algum para ele ter Irwin afastado, não quando mais precisava, quando mais o queria por perto.

Tentava dizer a si mesmo que era melhor, pois talvez isso apagasse seus sentimentos, mas apenas a dor em seu peito aumentava e nada que jurou sumir, realmente sumia. Não sabia se havia perdido um amigo, mas sabia que tudo teria uma consequência gigantesca e nenhuma das opções que passou por sua cabeça lhe agradava.

Se ao menos pudesse segurar as rédeas de sua vida, controlar seus sentimentos e todas as lembranças, talvez pudesse controlar também seus pensamentos e isto deixaria tudo mais fácil, seguiria apenas o seu sonho, seguiria a música.

O quanto a dor poderia incomodar sua vida? Quantos estragos faria e quantas mudanças teria? Quantas vezes deixaria de aproveitar o momento, apenas por que estava mal?

Sentimentos não são fácies de controlar, tem vezes que nem esconde-los somos capazes, nem os que mais o fazem diariamente conseguem com sucesso algumas vezes, não é sempre que conseguimos ocultar nossa dor ou nossa felicidade, entre espirais e outras, uma hora vão ler nossos olhos e dizer o quão decadentes ou alegres estamos.

Calum pulava de pensamento para outro, de um lugar para outro dentro de sua própria mente, poderia estar nos ensaios, mas seus medos o levavam para outro lugar, para um futuro incerto e irreal, composto por tragédias e refeições. Quão louco estava ficando?

- Luke qual o seu problema? - Michael gritou do outro lado da sala, se levantando em um salto. - você era da minha equipe, não podia me matar! Onde estava com a cabeça? - falou furioso, apontando o controle para o amigo que se encolhia no sofá e gargalhava. - pare de rir! - exigiu, batendo o pé.

- eu já disse que você parece um gatinho raivoso? Não dá para levar a sério! - tentou se controlar, mas Clifford lhe arremessou uma almofada.

- vocês deveriam estar trabalhando! - um dos empresários reclamou ao entrar na sala e ver a bagunça que está se encontrava, fazendo os dois se encolherem, com certo medo. Suas faces mudarem de divertimento para algo totalmente inseguro.

- Ashton e Calum estão fazendo isso. - Luke ousou falar, apontando para os amigos do outro lado da sala, em um grande sofá. Ashton se encontrava em uma ponta e Calum em outra, separados por almofadas e talvez barreiras invisíveis nas quais passavam pela cabeça de Hood.

O empresário fez um som enraivecido, mandando todos voltarem ao trabalho e criarem responsabilidade, como um péssimo pai sempre fazia. Michael e Luke largaram o controle do jogo, os substituindo pelas guitarras e um caderno. O esverdeado se jogou contra o loiro, quase caindo em seu colo.

Hemmings deitou a cabeça no ombro de Clifford enquanto viam o empresário sair da sala, batendo a porta com força.

- eu odeio ele. - resmungou, ajeitando a guitarra no colo para poder tocar. - aliás, o que está acontecendo com vocês dois? Estão quase se fundindo com a merda da parede apenas para não ficarem perto, andaram brigando novamente? Olha só, somos todos amigos, seja lá o que for, vai passar e vocês vão rir disso no futuro. - Michael falou, sem olhar para os dois.

- E vão se achar grandes idiotas. - Luke completou, fazendo Clifford rir e concordar com a cabeça.

Calum já se achava um grande idiota, não pelo motivo que todos pensavam, mas por falar demais, por sentir demais. Por ser tão besta a ponto de contar algo tão horrível a quem gostava, por perder um amigo e fazê-lo sentir nojo. Hood se torturava com tais pensamentos enquanto voltava a se concentrar nos acordes de seu baixo, tentando afogar o que sentia na música. Todavia, cada vez mais a dor aumentava e lhe inundava, lhe sufocando e deixando tudo impossível. Não aguentaria para sempre. Ninguém aguenta.

Largou o instrumento na terceira música, saindo praticamente correndo da sala. As vezes nas quais chorava escondido estavam aumentando e ficando totalmente descontroladas, não havia mais hora ou lugar, não era como ele queria ou escolhia, era como se sentia. Quanto mais forte os pensamentos lhe atingir e o nó em sua garganta aumentava com tais ideias, mais forte as ondas vinham.

J'Aime... - CashtonDove le storie prendono vita. Scoprilo ora