J'Aime... - Cashton

- 7 -

- El Paso -

Calum passou a ponta dos dedos sobre o rosto de Ashton, abrindo um pequeno sorriso quando este sorriu para ele. Seus lábios se juntaram em um selinho antes do loiro voltar a deitar ao seu lado.

- Ashton, o que estamos fazendo? - perguntou em um sussurro, deitando sobre o peito de Irwin, que não tardou em abraçar sua cintura.

Ashton suspirou, não tinha uma resposta para aquilo, não sabia o que se passava, só sabia que era o certo, era o que lhes deixava feliz por um curto período de tempo antes de cair na profunda e cruel realidade.

Não importava o cheiro de bebida no pequeno cômodo improvisado, ou a bagunça que eles fizeram mais cedo, Calum sabia que nunca esqueceria as pupilas dilatadas lhe encarando com desejo antes de se beijarem.

O moreno queria que aquele pequeno momento durasse para sempre, mas ele sabia que, ao amanhecer, culpariam a bebida por saciar seus desejos e matar suas vontades. Não julgava, pois ele mesmo faria isto. O problema era outro agora, não tinha mais bebidas e Hood sabia que sentiria falta de seus lábios colados ao de Ashton em menos tempo do que poderia imaginar.

- ♡ -

- San Diego -

Calum queria dizer que estava arrependido do que havia feito noite passada, de ter beijado Ashton mais uma vez, de ter ficado em seus braços por longas horas, apenas apreciando a presença um do outro. Mas ele não estava. Ashton em tão pouco tempo virou seu lar, um lugar seguro, aconchegante e que podia confiar.

Sua cabeça latejava quando levantou da cama, todos já haviam levantado e faziam o almoço em silêncio. Calum pensou que todos estivessem em ressaca, assim como ele. Mas era impossível, já que Michael e Luke não beberem muito.

Se debruçou sobre o balcão, tendo a visão de Ashton fazendo comida sem a camisa, com os olhos carregados de sono. O cacheado não havia dormido quase nada, sua mente estava a mil e seus pensamentos sempre voltavam para Calum.

Irwin não precisou olhar duas vezes para ver que o moreno estava acabado pela quantidade de bebida da noite passada. Mordeu os lábios, pegando um comprimido e dando para o garoto, que apenas deu-lhe um meio sorriso em agradecimento.

- que horas é o ensaio? - Michael perguntou com a voz chateada e manhosa, não querendo ir para lugar algum.

- as duas. - Ashton lhe respondeu, vendo o garoto fazer bico.

- só vai dar tempo de almoçar. - reclamou, se jogando no sofá de modo totalmente dramático.

Calum queria perguntar o por quê do clima estranho, Luke mal havia levantado os olhos, nem mesmo para implicar com o colorido, como costumava fazer sempre.

Após minutos tendo que aguentar o silêncio de todos, resolveu voltar para o quarto, onde ainda estava escuro e fazia sua cabeça doer menos. Percorreu os olhos até a cama do cacheado, sorrindo fraco.

O que ele estava fazendo? Estava quase se acostumando com a idéia de ter Ashton com ele todas as vezes que bebia e queria que isso se repetisse todos os dias, ao mesmo tempo que sabia o quanto era errado. Era complicado, não sabia mais o que era certo e errado, seus sentimentos aumentavam e seu corpo todo entrava em êxtase quando Ashton lhe beijava, mas sua mente sempre voltava a fazer um nó e lhe lembrar que isso chatearia sua mãe.

O que sua mãe pensaria quando descobrisse que seu filho gostava de beijar somente Ashton? Seu estômago embrulhou com as mil possibilidades e vozes voltaram a repetir que não era certo, que havia algo errado com ele. Não com Ashton, ou com qualquer outro, mas com ele.

Mordeu os lábios até sentir o gosto metálico de sangue em sua boca, por que ainda não havia sentido arrependimento pela noite passada?

- ♡ -

Ashton arrumou a bandana em seus cabelos encaracolados antes de descer do ônibus e Luke não parava de arrumar o topete de minuto em minuto, em um sinal claro de nervosismo.

Calum respirou fundo, colocando um sorriso nos lábios. Havia câmeras lá fora e ele não queria dar a impressão de estar chateado ou coisa do tipo. Correu atrás dos meninos, não querendo ficar longe de nenhum deles e seguiu para os bastidores, que ainda estava sendo arrumado as pressas.

- Vocês já sabem a lista de músicas, certo? - um dos rapazes da equipe perguntou, vendo os garotos negarem. Passou a mão pelo rosto, incrédulo. - merda, será que ninguém faz nada aqui? - resmungou, farto da equipe desorganizada e logo já estava com a lista em mãos, a entregando para Ashton. - ensaiem muito, não percam tempo. - exigiu, apontando para os palcos.

- eles erram e a gente é castigado. - Michael reclama, revirando os olhos enquanto arrumava sua guitarra.

Eles foram para o palco, onde Ashton lhes disse a primeira música para tocarem. Calum olhou para a plateia, para os assentos vazios e os imaginou cheios de gente, lhe fazendo engolir em seco. Nunca imaginária que fosse chegar tão longe.

Irwin não tirava os olhos do moreno, vendo seu olhar distraído enquanto ora ou outro errava alguma letra, sendo motivo de brincadeiras da parte de Michael. Ashton queria entender o motivo de Calum quase não o olhar no momento, sabia que também estava errado por fingir esquecer das vezes em que se beijaram, mas não entendia porque Calum fazia o mesmo e, ainda pior, fingia que ele não existia até não puder mais ou ser obrigado a lhe dirigir a palavra.

Se concentrou em sua bateria, rodando uma das baquetas nas pontas dos dedos enquanto se movia ao som da mesma, era sua maior paixão, afinal. Em pouco tempo seu corpo brilhava a suor e seus músculos estavam exaustos, o cacheado não queria parar de tocar, mas seu corpo ainda não aguentava tantas horas seguidas como queria.

Seus braços ardiam e o ar pesava, mordeu os lábios com força ao imaginar não estar recuperado até o anoitecer, o que era pouco improvável já que a equipe da banda fazia de tudo para tal coisa não acontecer. Mas sua imaginação era fértil demais e ele sabia que não se perdoaria.

- Você está acabado. - Luke zombou, se jogando ao seu lado após largar a guitarra sobre um dos sofás.

- obrigado. - soou irônico, ainda ofegante. Estendeu as pernas, as apoiando sobre a mesinha do centro enquanto via Michael e Calum se sentarem em outro sofá.

Hood umedeceu os lábios ao notar Irwin jogado no sofá, subitamente o ar ficou quente para ele. Seus olhos percorriam tudo com calma e lentidão, Ashton Irwin era a forma mais perfeita e bela do pecado, sem dúvidas. Seu estômago embrulhou com a idéia de não senti-lo contra seus lábios ou de não tê-lo sussurrando em seu ouvindo com a respiração extremamente pesada.

Se culpou por aquilo, sua mente, seu corpo, seu ser estava em completa divisão. Entre o errado e o certo, o desejo e a razão, a felicidade e as consequências. Não havia ninguém para lhe ensinar ou lhe dizer o que podia ou não fazer ou sentir. Queria poder mandar em sua mente e lhe ordenar que parasse de lhe pregar peças com os lábios de Ashton nos seus ou os pensamentos impuros de seus corpos colados.