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- Detroit -

- Desculpe, Mali. - mordeu o lábio, prendendo a respiração. - tem tanta coisa acontecendo que mal tive tempo. - mentiu. Estava evitando pegar o celular a dias como se, de alguma forma, os julgamentos fossem lhe afetar como pedras.

- entendo, primeira tour sozinhos. - Calum sabia que ela sorria do outro lado da linha, isto lhe deixou aliviado. - estou surpresa que ainda estejam bem. - zombou, com a voz carregada de divertimento.

O moreno voltou a maltratar os lábios, seus pulmões pareciam carregados de chumbo com a ideia de lhe contar tudo, de assumir tudo. Se não o fizesse, se sentiria mal e lotado de arrependimento, todavia se o fizesse e ela o rejeitasse, isso lhe quebraria em mil pedaços. Um nó se formou em sua garganta com tais possibilidades.

- Mali... - chamou pela irmã, com a voz trêmula e medrosa. - você sempre estará por mim, não é? - indagou, podia notar as palavras tão falhas quanto às batidas de seu coração.

- sempre, não importa o que aconteça. - Mali respondeu rapidamente, confiante. - aconteceu algo, Cal? - a preocupação era nítida para o garoto, que ouvia sua irmã andar de um lado para o outro, certamente em seu quarto.

Seu estômago embrulhou, o moreno sentia o corpo tremer e o ar faltar, carregado de angústia e medo, seu peito falhava com pavor. Ele precisava fazer isso, sentia que precisava, mas por que doía tanto? Seus olhos lacrimejaram e um soluço escapou por entre seus lábios.

Podia ouvir Mali lhe chamar, mas estava tão distante quanto qualquer outra coisa, seu corpo estava pesado, sufocado. Quando deu por si, o ar já lhe faltava, seus pulmões lotados de chumbo e sua visão turva, o nó e a angústia cresciam em sua garganta e lágrimas desciam de seus olhos, existia uma solução para a rejeição?

- t-tem algo errado comigo. - sussurrou gaguejando, fazendo a voz desesperada de sua irmã de calar. Ela até lhe tentou o chamar, mas Calum precisa lhe dizer, era isso ou morreria em agonia. Precisava terminar de uma vez por todas com isso, já tinha a própria vida, não tinha como sua família lhe deixar sem nada, além de destruí-lo por inteiro. - eu sei que...que pode ser nojento, errado e outras derivações. - soluçou, fechando os olhos com força como se isso fosse o suficiente para acalmar seu coração. - só peço que não me julgue, não tanto. - implorou com a voz carregada em sofrimento. Respirou fundo, pegando o último vestígio de coragem que tinha e contando de uma vez por todas. - eu gosto de homens. - sussurrou, tão baixo que mal sabia se sua irmã havia escutado. Dizer em voz alta era novo e parecia ainda pior. Uma nova onda de arrependimento lhe atingiu.

Mali ficou em silêncio por algum tento, engolindo a informação e a dor de seu irmão, aquilo lhe deixou tão mal como se fosse ela na pele dele. Respirou fundo para não deixar sua voz falhar em momento algum.

- e onde está a parte errada? - questionou, tentando tranquilizar Calum. - eu disse que sempre iria lhe apoiar e é isto que vou fazer, Cal-Pal. Estou aqui por ti, sempre poderá contar comigo, somos nós contra o mundo, lembra? - sorriu, revivendo as memórias de infância. - está tudo bem gostar de homens, isto não é errado ou nojento, é normal. Não deixe estas pessoas ignorantes lhe impedirem de amar, de sentir. -

- Não está zangada? - indagou, totalmente confuso. Podia jurar que o seu coração parou por segundos e seu corpo flutuava sobre o sofá. Não podia ser possível.

- por que estaria? Estou orgulhosa que tenha me contado, sabe? - sorriu ainda mais, voltando a andar pela casa. - sinto muito que lhe dói tanto, mas saiba que tem meu apoio, não importa o que aconteça. -

Calum demorou alguns segundos para engolir aquilo, lhe era novo e lhe restaurou de um jeito impossível de ser descrito, soltou o ar que prendia em medo e sorriu em alivia. Desta vez, as lágrimas que molhavam sua bochecha era de facilidade e seu coração, tão quente e contente, estava agora calmo. Tudo voltou a ser leve novamente, até seu corpo que antes doía em pavor.

- eu te amo. - foi o que conseguiu dizer, limpando os olhos com as costas da mão. Lhe contaria tudo, o que sentia, o que passou e até sobre Ashton. Seria uma longa madrugada.

- ♡ -

- Chicago -

Calum acordou como nunca havia antes, com alívio percorrendo o corpo e um grande sorriso nos lábios, ignorou os olhares confusos dos garotos, que estranharam sua alegria. Normalmente, Calum era rabugente, mas hoje, se sentia alguém novo, alguém com força, alguém sem o peso do mundo nas costas.

Mali lhe dizer que está ao seu lado, foi uma das melhores coisas que já o ocorreu, ele sempre achou que seria rejeitado por sua família, que iriam virar as costas para ele e, saber que Mali não o odiava, lhe deixou tão contente.

Nada tiraria o sorriso de seu rosto, nem mesmo Luke ou a entrevista no qual eles estavam se arrumando para participar. Normalmente, Calum odiava isto mas hoje não se importou. Antes que entrasse no palco, Ashton lhe segurou por trás, fazendo sua pele arrepiar e seu sorriso aumentar.

- vai me contar por que está tão feliz? - indagou curioso, sussurrando no ouvido do moreno enquanto colava seus corpos, deixando um beijo rápido em seu pescoço.

- conversei com Mali ontem. - contou, virando-se para encarar o cacheado e arrumando sua bandana vermelha, que estava torta. - ela me aceitou, Ashy. - explicou, tão feliz que pensou que iria explodir.

Ashton sorria tanto quanto o moreno, rapidamente lhe rodopiou em seus braços antes de encher todo seu rosto de beijos. Calum apenas fechou os olhos, soltando uma baixa risada antes de segurar o rosto de Ashton e o beijar.

O cacheado lhe apertou nos braços, sorrindo genuinamente com a notícia, apostava que ficaria feliz até o final do dia e, se duvidasse, pelo resto da semana. Sabia o quanto era importante para Calum, todo o apoio que Mali lhe daria, todas as palavras de ajuda que ele tinha certeza que está falaria. Uma pessoa à mais o dando forças era gratificante e Ashton sabia sem precisar pensar duas vezes que aquilo lhe daria determinação para não desistir.

Deixou mais alguns beijos pelo rosto de Calum, selando seus lábios por fim. Seus olhos brilhavam mais que o próprio sol naquela tarde e Ashton só podia sentir orgulho daquilo.

- vamos entrar antes que alguém nos veja. - falou o moreno, vendo Irwin fazer bico mesmo que concordasse. Se soltou de seus toques e, mesmo que tentasse, não conseguia esconder seus olhares para Ashton durante toda a entrevista. Seu corpo estava em festa.

J'Aime... - CashtonHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin