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- Milão -

Calum acordou tarde no dia seguinte, o rosto inchado pelas lágrimas de tristeza e emoção causadas pela despedida de sua mãe e pelo apoio que está lhe deu após uma longa conversa. Joy  passou boa parte da madrugada entendendo seu filho, compreendendo e engolindo as mais novas informações lhe dada antes de voltar para a Austrália, com uma nova mente, um lembrete de brigar com Mali e um novo sorriso.

Ashton comemorou o dia que tinham livre e deu uma rápida olhada pelo mapa da cidade, conferindo onde ficava o centro da cidade antes de ir até Calum e o convidar para dar uma volta. Certo que, obviamente o moreno negou, mas Ashton o arrastou mesmo assim, não queria o ver triste por sentir saudades da mãe, então tirou o dia para distrair Calum e aguentar suas reclamações sobre ser obrigado a andar.

- o que você planejou? - perguntou, agradecendo aos céus por não ter nada envolvido com barcos ou mar, já era muita sorte não terem se perdido no oceano graças a Ashton, entretanto não sabia se teriam a mesma sorte se acontecesse novamente.

- podemos ir em algum museu, parque... Eu não consegui planejar tudo em dez minutos. - mordeu o lábio inferior, colocando as mãos nos bolsos.

- vamos ao parque, não acho que passar boa parte da tarde vendo pinturas religiosas seja interessante. - torceu o nariz, arrancando risadas de Ashton.

- para de ser idiota, não tem só coisas religiosas. - rolou os olhos em brincadeira e puxou o celular do bolso, verificando o mapa pelo Google.

- eu espero que você saiba ler esse negócio. - falou enquanto se inclinava para ver o que o cacheado fazia. Ashton o empurrou de leve e voltou a guardar o celular, lhe mostrando a língua.

- não nos perdemos antes, não vamos nos perder agora. - a confiança em sua voz fez Calum sorrir e estreitar os olhos, não perderia de provocar Ashton, não quando tinha a oportunidade servida em uma bandeja.

- esse é um lema bobo e você só estava com sorte. - soltou. - além disso, todas as vezes que saímos nunca nos distanciamos tanto. -

Ashton semicerrou os olhos e dessa vez mostrou o dedo do meio para Calum, que sorriu ladino com a língua entre os dentes.

- acha que é fácil? Por que você não lê o mapa então? - cruzou os braços, tentando manter a postura de chateado enquanto o moreno lambia os lábios lentamente. Calum Hood não cansava de lhe provocar das diversas formas mais diferentes possíveis.

- porque obviamente você é o guia aqui, querido. - piscou um dos olhos e estendeu o braço para a rua. - então faça seu trabalho. -

- claro, turista petulante. - brincou, fazendo uma pequena referência. - como podemos ver ao lado direito, temos um banco muito interessante e, ao lado esquerdo, uma rua movimentada. - continuou, sorrindo ainda mais ao ver Calum rir.

- idiota, você é péssimo. - o empurrou, negando com a cabeça enquanto seguiam o caminho para o parque. - você faria um bando de turistas caírem no sono em cinco minutos. -

- isto seria um recorde e eu ganharia muito dinheiro para fazer as pessoas com insônia dormirem. - arrumou a roupa, imitando a postura de um empresário. Calum voltou a rir e fez um gesto com a mão, Ashton era um caso perdido.

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Entre frases como "estamos chegando?" a cada cinco minutos e comentários bobos, Irwin se via em apuros para distrair Calum, além de tentar não tocar no assunto de sua mãe ou sobre sua sexualidade, assim como também tentar mostrar para o moreno que ele não estava certo e eles não estavam perdidos em Milão o que, só talvez, fosse mentira.

Ashton o arrastava para ruas estreitas, comércios lotados e todos os caminhos possíveis que achava interessante ou, no mínimo, diferente do que já haviam passado. Vez ou outra suas mãos se roçavam e o cacheado quase xingava as estátuas daquele lugar por não poderem se sentir a vontade, já podia ver o olhar preconceituoso das pessoas quando Calum sorria para ele ou colava seus corpos lado a lado após uma brincadeira feita.

As vezes, Irwin sentia a necessidade do toque, sentia o poder da distância e o desequilíbrio de sorrisos, sentia a manipulação das palavras, a prisão dos olhares e uma sentença de morte quando um flash atingia seu rosto. Ele sabia como uma única foto, um único momento errando, milímetros de distância, olhares errados e um segundo à mais poderia destruir sua vida, sua carreira, sua família, seu contrato. Um mísero papel controlava sua vida, lhe botava regras, o prendia em correntes e lhe sufoca de sentir, um mísero papel com uma assinatura a caneta era sua prisão, seu castigo, seu sonho, seu pesadelo. Um único papel.

- você vai me carregar nas costas, Ashton. Eu não sinto minhas pernas! - resmungou e olhou para o chão, seria taxado como maluco por sentar no chão? Parecia uma boa opção no momento e seu corpo estava doendo.

- já estamos perto. - repetiu, tentando se localizar entre as belas construções e monumentos. Milão era incrível, uma cidade de tirar o fôlego de qualquer pessoa. - vamos pedir informação. - sugeriu, ponderando ser a melhor decisão após olhar o mapa.

- estamos perdidos. - Calum disse a si mesmo após notar o olhar confuso de Ashton para o celular. - você me arrastou pela cidade inteira para nada. - bateu o pé, respirando fundo para não perder a paciência.

Ele amava ficar com Ashton, amava a companhia do garoto, mas estava exausto demais, cansado demais para pensar apenas nos lados positivos de seu passeio desastroso.

- relaxa, sim? - deu um pequeno sorriso, desejando segurar o rosto do garoto e encher seu rosto de beijos até aquela expressão emburrada ir embora. - vamos por aqui. - apontou para uma rua lotada, onde havia diversas barracas montadas, como uma feira.

Calum cuidava para não se distanciar tanto de Ashton enquanto se distraía com as barracas, cada uma com produtos diferentes,  variando de comidas e artesanatos, obras primas impecáveis. Seus olhos brilhavam com a diversidade e o encantamento que sentia, aquilo gritava a lar e era o ambiente mais normal que passou por semanas, com pessoas vestindo roupas do dia a dia, crianças com rostos sujos e comerciantes gritando promoções até ficarem roucos. Era uma realidade diferente, era a realidade na qual estava acostumado.

Bateu contra as costas do cacheado e soltou um grunhido, o garoto havia parado de andar sem aviso prévio e agarrou a mão de Calum, um ato proibido mas que não tiveram tempo para discutir, pois Ashton o arrastou para uma das barracas.

- feche os olhos. - o cacheado mandou, com um sorriso genuíno nos lábios enquanto o moreno lhe obedecia, curioso. - não espie. - ralhou quando Calum abriu um dos olhos, o fazendo rir com a queixa. Ashton pegou o objeto em mãos e o prendeu com cuidado, fazendo Calum se arrepiar quando suas peles se tocaram e prender a respiração quando o sentiu tão perto, deixando seu coração acelerado. - pronto. - sorriu, encarando o pingente.

- Ashy... - sussurrou, prendendo o lábio entre os dentes para conter a animação quando segurou o colar com as pontas dos dedos, vendo o pingente de lua brilhar.

- gostou? - perguntou, tentando ler as expressões do garoto. O moreno ergueu os olhos escuros, abrindo um sorriso enorme.

- eu amei, obrigado. - respondeu, enroscando os braços na cintura de Ashton e deixando um rápido beijo em seu pescoço antes de o soltar. Seus olhos se estreitaram para a barraca e seu sorriso aumentou com a ideia.

Pegou o colar idêntico ao seu, tendo apenas o pingente diferente e o colocou em Ashton, que segurou o pingente de sol antes de sorrir para o objeto.

- você é incrível. - falou, voltando a segurar a mão de Calum e a apertando de leve, seu sorriso apenas aumentava enquanto permanecia olhando nos olhos do garoto que tanto gostava, que tanto fazia seu coração bater apressado e o fazia sorrir no meio da noite com apenas lembranças.

J'Aime... - CashtonOnde histórias criam vida. Descubra agora