𝔸𝕕𝕠𝕣𝕒𝕧𝕖𝕝 𝕖 𝔸𝕞𝕒𝕣𝕘𝕒 𝕍𝕚𝕟𝕘𝕒𝕟𝕔𝕒 - 𝔹𝕖𝕒𝕦𝕒𝕟𝕪 [CONCLUÍDA]

ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟚𝟠

Any Gabrielly

"Eu gosto de você..."

"Aceita namorar comigo?"

"Aceito, Beauchamp."

Essa sequência, um tanto inesperada, de frases ecoava insistentemente pela minha cabeça enquanto eu estava sentada na maca do pequeno hospital.

Assim que cheguei, uns enfermeiros me ajudaram a tirar Beauchamp, quase desacordado, de dentro do carro. Em seguida ele foi levado para a cirurgia. Já eu, estou esperando a enfermeira voltar para fazer meus curativos.

Eu não estava muito machucada. Apenas alguns arranhões leves e o local onde fui baleada de raspão no braço. Enquanto a mulher enfaixava o meu braço, minha mente viajava para saber se JB estaria bem, se ele sobreviveria a cirurgia.

Eu não estava brava comigo mesma por ter aceitado namorar Joshua, até porque o cara estava bem mal, talvez a beira da morte. Eu só queria satisfazer seu último desejo, certo?

Eu me repudiava por imaginar a morte de Beauchamp. Por mais que eu tivesse vindo para cá, justamente com esse único objetivo, eu estava cega de vingança, de ódio por uma pessoa que era puramente inocente das minhas acusações.

Uma parte de mim sabia que ele iria sobreviver àquela cirurgia, mas a outra parte, bem mais insistente, não parava de sussurrar que ele não iria sair bem. Assim que Beauchamp foi levado à sala de cirurgia eu liguei para Sofya vir até o hospital. Assim que saio da pequena sala onde estava fazendo o curativo, vejo uma figura loira correr desesperada em minha direção.

- Any? O que aconteceu? Pelo amor de Deus, me diz que meu irmão está bem. – ela diz desesperada – Eles não querem me dizer nada.

- Antes de tudo, vamos ficar calmas. – puxo ela até uma cadeiras – Não vou mentir para você. Ele estava mal, entrou na sala desmaiado.

- Ele não pode morrer Any, não pode. – ela começou a chorar desesperadamente em meus braços – Ele é tudo o que eu tenho. Eu amo o meu irmão, não quero perder ele.

- Vai ficar tudo bem, So. – digo enquanto faço carinhos em sua cabeça – Temos que ter fé e mandar energias positivas para ele. – faço uma pausa – Eu também gosto muito dele... – admito mais para mim mesma do que para ela - ...mas ele não iria querer que ficássemos desse jeito. Ele é forte, vai resistir.

- Obrigada Any. Obrigada por estar aqui. – ela diz conforme vai se acalmando – O Josh gosta de você, eu sei disso. Ele está diferente.

- Diferente? Diferente como? – pergunto, um tanto evasiva.

- Ele não se droga mais com frequência, não fica saindo com várias putas, está mais... – faz uma pausa para pensar - ...carinhoso? – ela solta uma risada.

- Fico feliz que ele esteja se tornando uma pessoa melhor. – digo.

- Mas e você? Gosta dele? – ela pergunta, porém eu não entendo o sentido do "gostar" e ela percebe – Digo, gostar como algo a mais, namorada talvez.

Por um momento, fico sem palavras. Minha boca abre e fecha a procura de uma resposta. A verdade é que meus sentimento estão uma verdadeira confusão.

- E-eu não sei, Sofya. – ela me encara, compreensiva – Eu gosto dele, sim. Mas não sei quais são os limites desse sentimento. Eu só me apaixonei uma única vez, e as coisas não acabaram bem. – sou totalmente sincera com ela.

- Você tem medo de criar sentimentos e acabar machucada, certo? – assinto – Olha, eu não sou a melhor pessoa para dar conselhos amorosos para alguém, mas o que sei é que você não pode viver sua vida inteira rodeada de medo, de insegurança. Precisa de arriscar. Nossas cicatrizes nos fazem mais fortes, e não são apenas as físicas.