Novo trabalho.

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Capítulo 6
Júlia

Hoje eu acordei animada, finalmente chegou o dia de ir até o escritório de advocacia. Como sempre, me arrumo de forma impecável. Pensem na saudade que eu estava de me arrumar bem, tirar minhas roupas sociais do guarda-roupa, largar o moletom e a blusa de manga. A casa já estava vazia e eu estava terminando de me arrumar, optei por uma blusa de seda vermelha de gola alta e saia preta que ia até o joelho e salto alto, eu me sentia poderosa em cima do salto. Pego minha bolsa e saio, vou até meu carro e dirijo de forma super prudente ao prédio onde era localizado o escritório da Senhora Fiore.

Entro no saguão e cumprimento a todos como se eu já fosse funcionária. Entro no elevador e aguardo pacientemente até chegar no quinto andar do prédio. O andar onde fica o escritório não é tão grande, tem um homem aparentando ter a minha idade atrás do balcão, mas ele está abaixado mexendo em alguma coisa que não consigo ver o que é. Limpo a garganta para chamar a atenção dele e o rapaz se assusta.

— Desculpe não quis te assustar. — Digo segurando a risada e ele se levanta com as bochechas vermelhas. 

— Eu estava amarrando meu tênis, você é? 

— Júlia Carter. 

— Ah claro. A senhora Fiore foi na lanchonete em frente pegar um café e estará de volta em um momento. A senhora Fiore não gosta do café daqui. Você pode se sentar, aceita uma água? Ou um cafézinho?

— Não precisa se incomodar, obrigada. — Digo e me sento.

Enquanto isso reparo no local. Paredes brancas, o balcão tem uma bancada de mármore onde o recepcionista fica. Ele é bem fofinho, usa óculos de armação preta, tem cabelo cacheado, é alto e um pouco fortinho. Ele olha para mim e me pega o olhando o que me faz ficar envergonhada.

— Aliás, eu sou Vicente, você vai trabalhar aqui ou veio para contratar os serviços da Senhora Fiore? — Pergunta e arruma os óculos. 

— Vim para a entrevista. 

— Ah claro, espero que consiga. — Concordo com um sorriso amigável nos lábios.
 
Poucos minutos depois a Senhora Fiore adentra o local carregando um copo de café e assim que me vê abre um super sorriso.

— Júlia, mil perdões por te fazer esperar. Vamos por favor. — Ela diz, eu aceno para Vicente e a sigo para dentro de seu escritório. Ela tira o sobretudo e o coloca sobre uma poltrona. Fiore deve ter uns cinquenta anos é negra com cabelo bem curtinho cacheado, tem os olhos castanhos e um sorriso encantador.

— Desci rapidinho para pegar o café, Vicente é um amor, mas o café dele é um desastre e eu não gosto de mandá-lo na rua para fazer as coisas para mim já que eu só o pago para ficar na recepção. 

— Certíssima. 

— Então Júlia, eu disse que a vaga era para secretária o que não é uma mentira, mas atualmente eu estou precisando mais é de uma palestrante. Eu sou convidada por vários representantes de grupo de apoio, faculdades e instituições de ajuda para mulheres vítimas de abuso e agressão. Eu queria saber se você se sente à vontade para falar em público e se o assunto em que tanto falamos seria um gatilho para você. Será que você conseguiria falar sobre o assunto sem acordar demônios já adormecidos? Eu li seu livro e o jeito com que você abordou o assunto. — Penso por um momento sobre suas palavras. 

Eu sofri muito com tudo que aconteceu há anos atrás, no começo de tudo eu pensei em desistir, mas encontrei o meu anjo chamado Taylor que me salvou da desgraça que poderia ser a minha vida, passei por tudo depois que Henrique me encontrou em Madrid e estive entre a vida e a morte. Mas pensar sobre isso, para mim, é algo incrível, pois eu olho para trás e vejo por tudo que passei e tudo que eu sou agora, com dois filhos lindos, uma sobrinha que considero como minha filha mais velha, um marido maravilhoso e fui adotada por sua família que me recepcionou muito bem desde que me conheceram. E eu também tenho o melhor amigo que uma pessoa pode ter. Pensar sobre tudo que passei só me deixa abalada pois sei que muitas mulheres que passam pela mesma coisa, muitas das vezes não conseguem se livrar de tudo isso e muitas das vezes acabam mortas ou destruídas por seus companheiros. Pensar em poder ajudar outras mulheres é algo grandioso para mim e me traz grande felicidade.

— Senhora Fiore, seria uma honra para mim poder estar em total harmonia e envolvida com esse assunto, eu quero ajudar essas mulheres, eu quero que elas possam ouvir meu relato e terem um pouquinho de esperança. Sei o quão difícil é passar por isso sozinha e eu quero ajudar. 

— Ai Júlia você é tudo que eu estava procurando, bem-vinda a nossa equipe. Todo este andar é de minha empresa, então fique a vontade, Vicente irá lhe mostrar o andar. Tudo bem para você?

– Ótimo. — Nós saímos de seu escritório e Vicente me acompanha pelo andar destinado a empresa de Fiore. Ele me mostra minha mesa que é bem espaçosa. Eu achei que o lugar fosse pequeno, mas é tudo bem grande.

Falo com mais alguns funcionários que me recepcionam super bem, todos aqui são bem simpáticos. Fecho com Fiore de começar na segunda-feira. Irei trabalhar somente cinco horas por dia, eu ainda vou conseguir pegar as crianças no colégio. Estava super animada por essa nova fase, esse é o meu primeiro emprego na Itália e eu não via a hora de começar. Quando Vicente acaba de me mostrar todo o andar e de me deixar por dentro de tudo que eu preciso saber nós descemos, eu vou embora e ele vai almoçar pois já está na sua hora de almoço. Nesse meio tempo eu descobri que ele tem 27 anos e é apaixonado por animes e pela cultura espanhola. Flertou comigo uma só vez, mas logo parou e se desculpou quando eu disse que era casada, mas continuamos conversando como se nos conhecêssemos há dias. 

— Bom, nos despedimos aqui. Fico feliz que agora você faça parte da equipe, bem-vinda.

— Muito obrigada, você é um amor Vicente. — Ele da um sorriso e suas bochechas coram. Ai que incrível, tem séculos que não vejo um homem corar tanto.

— Posso te dar um abraço de despedida? — Concordo e ele me abraça fortemente mas mantendo uma distância respeitosa. Nos despedimos com beijo no rosto e ele aproveita que o sinal está fechado para atravessar. 

Avisto Charles me esperando com a porta do carro já aberta e assim que entro vejo Conrado com o cenho franzido olhando pela janela. 

— Diga-me que era um primo perdido, caso contrário não irei aceitar. — Reviro os olhos e coloco o cinto.

— É meu novo colega de trabalho. 

— Sério? Esse cara que estava arrancando sorrisos de minha mulher será companheiro de trabalho dela? Fala sério. 

— Conrado nem comece, é um colega que por sinal foi muito receptivo comigo e gentil. — Ele respira fundo e me olha agora com um sorriso no rosto. 

— Nossa, finalmente resolveu sorrir, você estava tão ranzinza. 

— Olha só quem fala, vem cá. — Solto meu cinto e sento bem coladinha nele que passa os braços ao meu redor e deposita um beijo em meu pescoço. 

— Teremos aquela comemoração anual onde reunimos os presidentes e secretários das demais sucursais. Tem muito tempo que não temos essa comemoração. — Dou risada, pois lembro de quando eu o acompanhei nessa comemoração e fui embora puta da vida depois dele ter ficado contra mim na briga com Valquiria Andreatta.

— Ainda lembro da última vez em que participei disso.

— Ai, como eu era um idiota. Estava louco por você, mas mesmo assim fui um tremendo babaca e grosseiro.

— É tão bom saber que você reconhece quando é um babaca. — Ele me aperta ainda mais e começa a beijar todo meu rosto.

— Pois é, mas agora você estará ao meu lado como minha esposa e dona de tudo também. A chefona de tudo, querida. Agora me diz, como foi na entrevista? — Conto a ele de forma animada tudo que conversei com Fiore e ele me ouve com total atenção, dando alguns pitacos na hora certa. Conrado acaba me perguntando sobre Vicente e eu conto tudo sobre ele e também que não aconteceu nada.

Acabamos passando no clube onde as crianças estavam com Taylor e Frida, a babá. Buscamos eles e fomos direto pra casa dos pais de Conrado, pois Madalena havia organizado um almoço em família e queria todos lá, até mesmo Taylor. Madalena diz que Tay continua sendo seu genro mesmo depois de ter terminado com Mia, então é por este motivo que Taylor é incluso em tudo o que acontece na casa dos pais de Conrado e Mia. Sei que meu amigo ama isso, ele querendo admitir ou não eu sei que ele ainda é apaixonadinho pela mia. 

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Queria agradecer a Leylane_Silva por ter revisado o capítulo para mim pois eu estava com preguiça suficiente para fazer isso. Beijosss.

Deixem a estrelinha e comentem bastante. 😍

Meu Querido E Sexy Marido.Onde histórias criam vida. Descubra agora