Mudança

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Capítulo 12
Conrado.

No dia seguinte chego bem cedinho a Espanha, Júlia está me esperando e assim que me vê corre e se joga nos meus braços, eu deixo minha mochila no chão e a aperto. Parece que estamos sem nos ver há meses.

— Vamos querido, tem um carro nos esperando. — Ela pega minha mochila e saímos do aeroporto de mãos dadas.

Entramos no banco de trás do táxi e cumprimento o motorista. Ele nos leva até o nosso destino que fica em uma cidade vizinha a Ciudad Real, vamos para o hotel onde Júlia está hospedada e conversamos sobre seus pais enquanto esperamos Taylor se arrumar para irmos tomar café da manhã. Júlia ligou para ele no nosso caminho do aeroporto para o hotel. Vejo que minha mulher está tensa com o meu encontro com os pais dela, na última vez que os vi não foi um encontro muito agradável e minha antipatia para com eles continua a mesma. Mas é óbvio que não os trataria mal, não que eles não mereçam mas porque respeito Júlia e jamais faria ela passar por essa situação, mas também não digo que vou os tratar bem.
Minutos depois Taylor bate em nossa porta e saímos para tomar café em uma padaria em frente ao hotel.

— Você já conversou com seus pais sobre a mudança? — Pergunto a Júlia enquanto olho o cardápio para escolher o que quero.

— Sim, eles concordaram em se mudar para a casa que tem na mesma rua onde eles moram.

— Ótimo, estou louco para acabar logo com isso e voltarmos para a Itália. — Digo sem rodeios, no final acabo optando por um café preto sem açúcar.

— Conrado você não precisa ser obrigado a comprar uma casa para eles, eu posso ajuda-los.

— Eu não estou comprando uma casa para eles, estou comprando uma casa para você. Por mim eles que se explodam, estou fazendo isso por você. — Taylor nos olhos em silêncio e Júlia bufa de raiva.

— Você está um saco, eles são meus pais Conrado não posso deixá-los na merda.

— Não estou dizendo isso, nós podíamos ter resolvido tudo lá da Itália. Odeio que você tenha contato com eles, depois do que fizeram.

—  Crianças, vamos parar? — Taylor diz e dou de ombros me calando.

A raiva com relação aos pais da Júlia não me deixa pensar direito e estou realmente sendo extremamente grosso com ela, mas não consigo evitar.
O garçom nos serve e comemos em silêncio, ninguém diz mais nada e o clima fica super pesado mas eu não dou um passo para mudar essa situação.
Depois do café da manhã nós nos mandamos para a casa dos pais dela. E dou razão a Júlia assim que entro na residência, a casa está caindo aos pedaços. Os pais dela me cumprimentam e eu dou somente um aceno de cabeça querendo sair dali o mais rápido possível.

— O dono da casa a venda nos espera para ver o imóvel mais uma vez. — Júlia diz e os pais concordam.
Enquanto Júlia fala com eles eu saio e fico esperando encostado no carro, Taylor me acompanha.

— Cara, se acalme assim você deixar Júlia ainda mais chateada, é difícil pra ela essa situação toda.

— Pra mim também, não consigo olhar pra cara desses dois. No avião fiquei pensando em como deveria me comportar com eles para não chatear Júlia, mas os ver em minha frente novamente me deixa revoltado e lembro de tudo que aconteceu anos atrás. — Taylor aperta meu ombro amigavelmente.

— Eu te entendo, mas faz uma forcinha daqui a pouco voltamos pra Itália e tudo isso vai passar. — Concordo e cruzo os braços.

Coloco uns óculos de sol para esconder meu olhar. Minutos depois Júlia sai da casa sendo acompanhada pelos pais que mudaram demais desde a última vez que os vi, o tempo foi realmente cruel para eles. Estão bem mais velhos e como a casa estão caindo aos pedaços, não me alegro em vê-los assim mas também não me entristece, como dizem por aí: cada um tem aquilo que merece.

Como a casa fica no final da rua nós vamos andando mesmo e vejo como Júlia estremece assim que passa em frente a uma casa de fachada amarela, ela evita olhar pra casa e anda mais rápido quando passa em frente. Franzo o cenho e olho o terreno que parece estar vazio.

— É essa aqui, o que acha? — Júlia me pergunta e dou de ombros me aproximando dela.

— Você que tem que achar algo, já que a casa é sua.

— Não quero uma casa aqui, pode por no nome deles. — Nego rapidamente com a cabeça.

— A casa será posta em seu nome e você poderá vender quando quiser. — Digo próximo a seu ouvido.

Entramos na residência onde tem um homem negro e alto nos esperando, o imóvel já está mobiliado. Dou uma olhada na casa e parece estar em bom estado.

— A casa foi reformada há dois meses, tudo é novo. — O corretor diz enquanto nos mostra tudo. Olho para Júlia pedindo instruções e ela concorda sem eu precisar perguntar nada.
Depois da visita ao imóvel nós vamos até um cartório passar a escritura da casa para o nome de Júlia. Passamos por todo aquele trambique de venda e compra e pago à vista para acabar logo com isso.
Depois de um dia todo praticamente dedicado a compra do imóvel nós pudemos voltar para o hotel.

— Obrigada pelo que fez, sei que é difícil para você tudo isso. — Júlia diz e passa os braços por minha cintura.

— Fiz tudo isso por você, quero vê-la feliz e realizar tudo que você quiser.

— Até permitir que meus pais conheçam Benjamin e Ester? — Fecho a cara e tiro os braços dela de mim.

— Tudo menos isso.

— Conrado você viu o quão frágeis eles estão, não quero que morram sem nem conhecer os netos.

— Eu não me sinto confortável com a presença deles, não quero que meus filhos tenham contato com os dois. Eu sei o quão cruel eles podem ser. — Grita de frustração e fecha a cara também, mas eu não darei o braço a torcer, meus filhos não vem a Espanha, estão ótimos na Itália longe dessa radiação toda.

— Por que você não quer isso? São dois velhos que querem conhecer os netos, só isso. — Incapaz de ficar calado eu explodo.

— Porque eu te peguei nos meus braços sem vida, te vi lutar para continuar entre nós na cama de um hospital toda cheia de tubo por causa de um maldito assassino, por causa de um homem nojento e escroto que os seus pais defendiam com unhas e dentes. Se você esqueceu de tudo que passou nas mãos deles, eu não esqueci ok? E não quero que meus filhos tenham contato com eles. — Ela sai do quarto soltando fogo pelas ventas e bate a porta assim que sai.

Mando uma mensagem para Taylor e minutos depois recebo uma mensagem dele dizendo que Júlia está com ele. Resolvo não intervir e vou tomar um banho para ver se consigo relaxar.

Meu Querido E Sexy Marido.Where stories live. Discover now