11- Ok, precisamos de regras

2.1K 293 435
                                    

Anne
Atolados
Essa definitivamente era a palavra que definia o meu estado e o estado de Gilbert agora.

Descobri da pior maneira que a casa dos Blythe's na França, era basicamente do outro lado da cidade, e consequentemente do mercado que nós estávamos, fazendo com que fôssemos obrigados a carregar milhões de sacolas de compras de uma vez só.

—Blythe, eu tenho uma leve impressão que nós não vamos conseguir levar tudo isso. -falo enquanto ainda tentávamos sair do mercado cambaleando por causa da quantidade de compras-

—Sério?! Oh meu Deus eu estou chocado com tamanha revelação. -diz fazendo com que eu batesse nele, mas logo depois caísse no chão com o meu corpo em cima do meu pé e com várias compras em cima de mim- Ok, desculpa, minha culpa. Você tá bem?

Gilbert me ajudou a levantar e me deixou sentada em um banquinho enquanto catava as compras do chão e eu passava a mão delicadamente no ralado que eu consegui na parte de dentro do meu braço e na minha batata da perna, e tentava mexer o meu pé esquerdo, que a cada movimento que eu fazia, doía mais e mais, até que o garoto termina de deixar as sacolas perto das cadeiras e vem até mim.

—Posso ver os ralados e o pé? -pergunta preocupado e eu concordo, mostrando os mesmos- A gente comprou kit de primeiros socorros né? -pergunta novamente depois de analisar tudo cuidadosamente-

—Temos, mas eu acho que não vai ser necessário. Logo isso já vai estar bom. -respondo olhando para o meu pé e ele nega procurando nas inúmeras bolsas o kit-

—A gente têm que limpar esses ralados e a senhorita deixar esse seu pezinho pra cima e com algo gelado, porque pode não ter torcido, mas vai dar uma inchada e doer. -diz colocando algumas sacolas com coisas geladas que vão para a nossa geladeira portátil em cima dos bancos vagos ao meu lado e depositando o meu pé ali- Vou buscar o carro e enquanto isso você vai passar álcool nos ralados e depois colocar um bandaid, pode ser? -respondo que sim e quando ele já estava de costas, volta rapidinho sorrindo- Ah e aproveita e escuta a playlist que eu fiz enquanto eu escuto a sua também.

E assim Gilbert Blythe me deixa ali, na frente do mercado, gemendo passando álcool nos meus machucados, escutando a playlist dele, e principalmente pensando o quão diferente ele é.

As vezes eu rio com ele, as vezes eu me estresso com ele, as vezes eu me divirto com ele, as vezes eu odeio ele, e as vezes eu adoro ele. Nunca havia conhecido alguém que ocupasse tanto os meus pensamentos que nem Gilbert Blythe faz.

Tentava descobrir a personalidade dele, mas sempre que alguma situação nova surgia, eu me deparava com um Gilbert totalmente diferente. Hoje por exemplo conheci um menino que poderia ser um futuro médico, oposto do garoto que alguns dias atrás eu diria que seguiria na carreira política.

Talvez ele só fosse humano demais, ou eu fosse humana de menos e não conseguisse perceber todas as camadas que Blythe tinha, sobretudo as que ele escondia, porque eu sabia que elas não se encerravam no médico.

Mas tudo isso acabava de uma maneira rápida e demasiadamente estranha quando ele aparecia. A visão do garoto saindo do carro e me cumprimentando, fazia todos aqueles pensamentos irem embora e eu só conseguia prestar atenção nele.

Em como ele franzia a testa quando pegava as sacolas pesadas e as dirigiam para o enorme carro, em como ele sempre sorria quando se virava e me via sentada emburrada por não estar ajudando (quando na verdade, eu sabia que estava emburrada porque ainda não tinha descoberto totalmente a sua personalidade), em como ele me segurou quando me levou para o carro, com o seu maxilar mais travado do que normal, pois estava concentrado, ou em como ele riu deixando dessa vez o seu maxilar mais relaxado quando eu comentei sobre as músicas dele, já deitada com o meu pé apoiado na janela do banco de trás do veículo.

Road Trip - Shirbert e Anne with an E Where stories live. Discover now