34- Responsabilidade

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Narradora (😈👺)
Gilbert dirigia sentindo o vento bagunçando os seus cabelos, e se sentiu tentado a fechar os olhos para poder apreciar por um instante o cheiro da terra molhada pela chuva que havia caído, misturada com o som dos passarinhos cantando do lado de fora. É, era assim que ele queria viver para sempre.

O singelo sorriso que estampava o rosto de Blythe, não estampava o da ruiva que olhava para as árvores com os seus olhos vazios. Parecia que ela não estava ali, e Anne de fato não estava. Seus pensamentos estavam no futuro, e o futuro a assustava, porque não conseguia o ver com clareza, porém, ela não conseguir ver o futuro com clareza não era o que estava a perturbando. O que estava a perturbando é que ela não conseguia ver ele lá.

A única certeza que a garota possuía era que ela era a errada na história agora, tanto que olhar nos olhos de Gilbert havia se tornado uma das coisas mais difíceis do mundo nestes dois dias que eles voltaram para a estrada. Quando ela o fazia, sentia que ele estava a oferecendo o mundo inteiro, e ela só estava o dando ilusões, e doía, porque o amava, mas também não conseguia o dizer isto.

A estrada fluía bem, enquanto a consciência de Shirley não.

Ela apenas estava adiando o inevitável, e sabia disso. Mas por quanto tempo poderia adiar isto? Três meses, cinco meses, nove meses? Ou o fazia agora, ou o fazia agora. Sim, era isso que ela tinha que fazer, mas como o fazer? Deveria ser simples, mas eles nunca foram simples.

Todos nós conhecemos quando o momento em que a coragem chega ao seu ápice vem. Coração acelerado, respiração desregulada, boca seca e uma sensação de que toda a sua vida está ali, bem à sua frente esperando para ver para que caminho você a levará, e Anne sabia que foi sob os olhares julgadores das árvores que aquele momento chegou.

—Gilbert, eu acho que precisamos conversar -diz com a sua adrenalina elevada, sentindo que lembraria desse momento para o resto de sua vida, e de fato sabia que iria-

—Conversamos todo dia e você nunca me perguntou se eu queria, acho que é uma boa ideia começarmos a fazer isso agora -fala brincando, e mal sabia que ver a felicidade em seu rosto partia o coração de Anne naquele momento, porque ela sabia que essa mesma alegria não duraria muito tempo, e tudo seria culpa dela-

—Gilbert, nós precisamos voltar -profere fazendo com que Blythe quase perdesse o controle do carro, assim assustando a ruiva que ansiou respirar aliviada quando o garoto parou no encosto, mas continuou tensa ao ver o alemão com seu maxilar travado-

Em certo momento da vida, o sonho da liberdade e da felicidade se colidem em uma explosão maior do que o Big Bang. As palavras podem até rimar, mas os seus significados não se combinavam, pelo menos não os significados que Gilbert e Anne criaram em suas cabeças.

Anne sonhava com a sua felicidade, mas principalmente com a felicidade das pessoas ao seu redor, e isso incluía a felicidade de seu povo, enquanto Gilbert sonhava com a sua liberdade, e retorno a falar algo que lhe disse lá no começo leitor, você nunca é totalmente livre quando ama.

Independente do tipo de amor, ele vai te prender, e isso nem sempre é ruim, tanto que Blythe abriu uma exceção e deixou uma ruiva de olhos azuis adentrar em seu sonho de liberdade, porque ele preferia pagar o preço e ser um pouquinho menos livre, do que viver sem ela, porém, Gilbert sabia que o sonho dela destruía totalmente o seu sonho, pois ser refém da vontade de fazer os outros feliz, também era uma espécie de prisão, e talvez a mais traiçoeira.

—Eu não entendo, achei que esse assunto já tivesse sido encerrado. -fala frio o que faz Shirley exalar essa frieza e transformar em fogo dentro do seu ser que se exaltou, mas tentou não demonstrar, algo muito difícil para Anne Shirley Cuthbert-

Road Trip - Shirbert e Anne with an E Where stories live. Discover now