A flor da Pele

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<Música do capítulo - "Oh Wonder - All We Do">

Capítulo 23 - A Flor da Pele


        Dois meses se passaram desde o aniversário de Rafaella, e nesse meio tempo, as garotas se viram apenas três vezes. Em todas as vezes houveram tribulações causadas pela mãe da mineira, que deduzia que a filha iria se encontrar com a noiva e desencadeava "crises emocionais" instantâneas.

       As duas mulheres estavam a flor da pele. Bianca se sentia indiretamente culpada e com medo de que sua sogra tivesse alguma complicação nervosa e morresse durante as crises. Isso mesmo, ela ficou paranóica a esse nível, pois ela realmente pensava que não queria ser o motivo indireto da morte da mãe da mulher que ela amava.

       Rafaella estava com o seu emocional por um fio. Ela tinha três prioridades na vida: o trabalho, sua família e Bianca. Ter duas dessas prioridades em desarmonia a machucava. Não conseguir continuar dando o que Bianca merecia a machucava. Sua mãe doente e os pensamentos involuntários de que ela poderia morrer, a machucavam em dobro.

Manu estava no Rio e o primeiro lugar que foi após cumprir sua agenda, foi na casa da amiga Rafaella. Aquele era o primeiro momento em que a loira desabafava com alguém presencialmente:

— Tá muito difícil... A gente já chegou em junho e eu to nessa situação desde o meu aniversário. Na verdade, eu e a Bia estamos. To me sentindo péssima, mas péssima MESMO. — sentou na cama.

— Amiga, eu sei que a situação é delicada, mas você segue sendo um indivíduo que tem o direito de ter tempo pra si e pro seu relacionamento. — continuava em pé.

— Cê não tá entendendo... — deu um sorriso quase desesperado. — Das últimas vezes que eu mencionei passar o fim de semana fora, minha mãe passou mal no mesmo instante. É horrível, porque não é como se ela falasse alguma coisa contra... — pontuou. — Ou ela passa mal ou ela começa a chorar sem pausa. Ela tem crises de verdade, já chegou a vomitar em desespero, eu não sei mais o que fazer...

— E a Bia, como tá com tudo isso? — perguntou tentando absolver a situação.

— Ela tá sendo incrível. — suspirou com peso. — Tá lutando pra não enlouquecer tanto quanto eu. Mas sei que ela também tá péssima. Além de namorada, noiva, etc, a Bia virou minha amiga... Ela sabe de tudo que tá acontecendo aqui, das crises de choro que a minha mãe tem antes mesmo de eu pensar em mencionar o nome dela... Parece um pesadelo Manu... Mas ela é a minha mãe, é quem me deu a vida. — fechou os olhos.

— E se você fingisse que acabou o noivado? — sugeriu.

— Eu já pensei nisso, mas a dona Genilda me conhece... Me conhece tanto que sabe o quanto eu amo a Bia, e é daí que vem o desespero dela. Ela saberia se eu tivesse fingindo. Uma coisa é fingir que to triste, mas se eu acabasse com a Bia... — pausou. — Eu ficaria inconsolável, e isso eu não sei fingir... E ela sabe disso, de tudo isso.

SÃO PAULO - Casa de Bianca

— Bi? — Mari chamou a garota que estava com os pensamentos distantes.

— Falou comigo?

— Uhum... Cê tá tão tristinha ultimamente... — atestou com pesar. — Você não acha que o gelo que deu na Flay não tá bom não? Ela anda preocupada com você.

— Nem tava lembrada dela... — piscou como se tivesse despertado. — Mas fala pra ela relaxar que não to com raiva dela e nem nada do tipo.

— Ela pode vir pra cá na sexta? Acho que uma reuniãozinha de meninas ia levantar seu astral.

HOPE [Rabia]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora