Existe uma linha ténue entre o desejo de recuperar a pessoa amada, e o desespero por essa mesma pessoa não estar ao alcance de um mero estalar de dedos.
Era um desespero que corroía Dorian até às entranhas, isto ao mesmo tempo em que o enfurecia. Uma semana se passou desde que Evangeline fugiu de Devonshire e Dorian ainda não fazia a mínima ideia de onde ela esteja. Enquanto isso ela permanecia segura, impávida e serena com Grace enquanto ele continuava em Londres com a paciência a esgotar-se e a calma já totalmente evaporada.
No fim das contas, qual era a dificuldade em descobrir o paradeiro da esposa? Embora a quantidade de residências seja considerável, se juntarmos as mansões e palacetes atrelados ao título e aquelas que Dorian adquiriu por conta própria, as opções de Evangeline eram, de certo modo, limitadas. Ela não iria para muito longe, logo não iria focar naquelas mais a norte ou até ainda mais para sul. Se Dorian não chegou a esta resolução mais cedo, foi porque a consternação que sentia não o permitiu.
Claro que a raiva acumulada precisa de ser extravasada, por isso é que naquela manhã tão sombria na sua conceção, Dorian dirigiu-se a um clube de cavalheiros para extravasar a energia acumulada, encaminhando-se até uma ala específica do local.
James, Aleksei e Christopher observavam Benedict e Dorian disputarem uma partida de esgrima, com o duque com clara vantagem sobre o marquês. Não era surpresa ou novidade o talento do duque de Devonshire para a esgrima, sendo ele considerado um dos melhores a bramir uma espada em todo o reino. Eram poucos os que se atreviam a desafia-lo e que conseguiam a proeza de vencê-lo.
Porém naquela manhã Dorian estava ainda mais agressivo, fazendo-o bramir o florete com ainda mais rapidez e agilidade, levando o escocês a ter dificuldade em acompanhar os seus movimentos.
— Dorian vai acabar por esquartejar Benedict se continuar com esta energia toda. — opinou Aleksei observando os lordes em questão.
Todos ali sabiam bem o motivo da consternação do duque e tal como Christopher, Benedict, James e Aleksei apontaram a principal causa para o casamento: a cláusula do testamento.
Nenhum deles atrevia-se sequer a duvidar dos sentimentos de Dorian, era nítido que ele amava Evangeline com loucura e intensidade, mas o restante da história não podia ser apagado ou resolvido apenas com uma palmada nas costas e um "esquece lá isso, já passou". Não era assim tão simples. Eles não passavam pano para as ações de Dorian, mas também não o faziam para a atitude da duquesa. Evangeline não devia ter entregue as suas vontades a instintos impulsivos, jogando com uma das maiores fraquezas do marido: Grace. O que ela devia ter feito era ter se acalmado, sentado e ouvido a explicação de Dorian para o sucedido, e depois de tudo escolheria se acreditava ou não no que ouviu. Porém essa era uma questão que eles tinham que resolver os dois. Sem intromissões.
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O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Historical FictionLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...