LIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS
Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...
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Evangeline teve noção do quão furioso Dorian estava quando chegaram à sala de estar após a saída de lorde Fallon, fúria esta presente na força que ele empregou para fechar a porta, que fez um estrondo medonho ecoar pela casa, e pelos seus ossos.
A sua postura era facilmente comparável a um touro bravo. A respiração ruidosa, o corpo tenso, o olhar compenetrado e furioso, pronto para atacar a qualquer instante. E Evangeline voltou-se para ele, preparando o seu escudo para se defender do ataque eminente.
Não achava necessária toda aquela fúria, no fim das contas não o havia traído. Os seus princípios morais nunca o permitiriam. Observava cada passo dele atentamente, acompanhando os seus passos pesados em direção à janela, com o mesmo semblante carregado.
— Dorian, o que viste ali fora...
— Suponho que vás dizer que não foi nada do que eu estava a pensar. — interrompeu o duque, com uma frieza cortante na voz.
— A tua capacidade de adivinhação está cada dia melhor.
— E o teu cinismo está cada dia mais odioso. — rosnou de modo severo, ainda de costas para ela.
Evangeline ficou em silêncio por alguns instantes, absorvendo aquela faceta do marido que não a agradava nem um pouco. Era como se uma pedra de gelo estivesse ali no lugar dele, mas ela tinha a perfeita noção de que era uma questão se tempo até ele explodir como um vulcão ativo, capaz de ser tão ou mais destrutivo do que o próprio Vesúvio.
Lentamente Dorian voltou-se para ela, fitando-a com os olhos a faísca de cólera pura. Ele fitava-a como se ela fosse culpada de algo.
E estranhamente ela sentiu-se como se fosse exatamente isso.
Sentiu-se culpada por ter permitido que lorde Fallon se aproximasse de si daquela maneira, permitindo que ele tomasse a liberdade de tentar uma abordagem mais ousada, mas isso não significa que Dorian a olhe como se ela fosse uma criminosa, ou até uma traidora.
Mesmo que as coisas entre eles não estivessem mais como antes, nada justifica uma traição, muito menos ser olhada como tal.
— Não te traí, se é isso que julgas. — era facilmente detetável o ressentimento na sua voz.
— Não gostaria de fazer tal julgamento, mas creio que estejas ciente de que as circunstâncias estão contra ti. - retrucou lorde Cavendish seriamente.
— Como assim Dorian? Achas mesmo que eu seria capaz de fazer tal coisa?
Não conseguia aceitar que Dorian estivesse a pensar aquilo dela. Era injusto! Jamais o faria.
— Não faço a mínima ideia do que és ou não capaz Evangeline. — disse fitando-a de modo incisivo. — Eu pensava que te conhecia, isto até há duas semanas atrás, quando tiveste a coragem que fugir pela madrugada, levando Grace contigo!
