Os três dias impostos por Dorian que antecederam a partida de Chatsworth demoraram a passar. O duque passava a maior parte dos dias ou em reuniões com os administradores ou a percorrer a propriedade com eles, assim como a visitar a residência dos arrendatários. Isso aliviou-a, pois assim os seus encontros com o esposo foram reduzidos substancialmente, cingindo-se somente ao horário das refeições.
Mas não tinha a intenção de voltar a fugir dele, desta vez iria enfrentá-lo de frente, de igual para igual, com todas as armas que tinha ao seu dispor. E Evangeline tinha como plano destabilizá-lo, e para isso iria usar um atributo que usado por uma mulher, era capaz de dobrar e enlouquecer um homem, do mais recatado ao libertino: a sedução e provocação. Não iria permitir avanços indevidos pois não tencionava aceitá-lo na sua cama novamente, apenas queria enlouquece-lo, vingar-se pela mentira até que ele não aguente mais e peça pelo seu perdão, sendo honesto com ela por uma vez que seja.
Se Maomé não vai à montanha, então vai a montanha a Maomé.
Se Dorian não estava disposto a desculpar-se pelo seu erro, então Evangeline faria de tudo para induzi-lo a isso mesmo.
Porém se há coisa que não para é o tempo, e embora tenha demorado a passar, os últimos dias em Chatsworth House chegaram ao fim. Na manhã do terceiro dia Maisie entrou no quarto da duquesa para a auxiliar a fazer as malas.
— Tilly já terminou de arrumar os pertences de Grace, milady. — infirmou a dama organizando as inúmeras joias da duquesa nos respetivos baús.
— E ela já está pronta? — perguntou Evangeline.
— Quando lá estive, a ama estava a terminar de a vestir.
— Certo. Obrigada Maisie. — disse Evangeline pegando nas suas luvas e no chapéu amarelo, da mesma cor do seu vestido.
Não se sentia preparada para voltar a Londres, mas pelo lado positivo poderia voltar a ver os pais e os irmãos, que encontravam-se em Londres para a temporada social que já havia iniciado. Costumava comunicar-se com a mãe por cartas e ela informou na última que já se encontravam na capital. Aquilo deixou-a feliz e nervosa ao mesmo tempo, pois temia a reação deles quando soubessem do estado do seu casamento. Mesmo que a sua simpatia pelo marido tivesse sofrido uma queda intensa, não queria criar um mal estar entre ele e os seus pais, e os irmãos também, porque quando se referia a si, agiam como se fossem os seus guarda costas. Enquanto solteira, sempre que um lorde tentava uma aproximação mais ousada que a incomodava, se Elliot, Oliver e Liam vissem, então facilmente qualquer pessoa pensaria que eles estavam a ir para a guerra. Evangeline era a mais velha dos quatro, porém era a única mulher, e isso fazia surgir um intenso sentimento de proteção, especialmente em Elliot, que era mais novo que ela um ano apenas.
Porém a sua preocupação estava na mãe, pois por muito bem que disfarçasse, temia que ela descobrisse só de olhar para si. A mulher parecia que tinha olhos em todo lado, até na nuca. A realidade é que Lora Borton conhece bem os filhos que tem, nada lhe escapa.
YOU ARE READING
O perdão de Lady Evangeline - Série Implacáveis
Historical FictionLIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...