LIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS
Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...
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O prenúncio de uma desgraça seria bem mais aprazível do que o clima frio e hostil que se apresentava entre o casal Cavendish. Um afastamento daquele aspeto era absolutamente comum num casamento nos tempos atuais, mas não para Dorian e Evangeline. O casamento deles era considerado algo atípico, tendo tal facto se iniciado com a constatação que ali havia amor envolvido bilateralmente. Tal não é visível diretamente agora, mas ainda continua presente.
Para Evangeline foi difícil dormir naquela noite, a noção de que Dorian estava logo ali no quarto ao lado tirou-lhe a paz e o sossego. E na manhã seguinte, mesmo que jamais o fosse admitir em voz alta, teve que conter os seus ímpetos maliciosos para não ir espreitar pelo buraco da fechadura o marido durante o seu banho. Porém o som da água a mover-se com os movimentos dele fez com que Evangeline testasse até onde a sua força de vontade iria.
Felizmente saiu vitoriosa.
O duque saiu cedo, tanto é que quando se foi vestir com a ajuda das criadas, Maisie relatou que ele saiu a cavalo, mas não lhe soube dizer para onde. Tendo em conta que ele não estava em casa, desceu e tomou o pequeno almoço no salão de refeições. Não podia evitá-lo para sempre, mas enquanto pudesse, iria fazê-lo.
Aquele dia estava particularmente quente, mas preferiu ir até à biblioteca para por a leitura em dia. Pegou numa coletânea de sonetos de Shakespeare, caminhando até uma poltrona perto da lareira e iniciou a leitura. Porém a sua atenção era constantemente desviada para os mais recentes acontecimentos.
Nunca pensou que seria enganada justamente pela pessoa em quem mais confiava no mundo. Doía ter aquela confirmação bem enraizada dentro de si, mas era uma realidade dolorosa que tinha de suportar. Era a sua penitência.
— Milady. — Maisie surgiu na entrada da biblioteca, atraindo a sua atenção.
— Sim?
— Vim saber se precisa de alguma coisa.
Evangeline sorriu para a dama de companhia, sinalizando para ela se aproximar. Indicou a poltrona em frente, pedindo silenciosamente para que se sentasse.
Maisie gostava muito da duquesa, pela primeira vez na sua vida sentia-se feliz num emprego. Ali os seus dias não eram monótonos, não era rebaixada pelos patrões e a sua empregadora era um amor de pessoa. Importava-se com a sua opinião e não ficava incomodada por expressar a sua opinião ou as suas preocupações.
— Não me tome por intrometida, Vossa Graça, mas tenho notado que está bastante cabisbaixa. — comentou olhando para a duquesa.
Evangeline deu um sorriso triste fitando a dama à sua frente.
— Além do mais, eu sempre ouvi dizer que entre marido e mulher não se mete a colher, mas eu notei um mal estar entre si e o duque.
Desta vez ela suspirou, não tencionando sequer disfarçar. Não podia fingir ou esconder para sempre. Além do mais, Maisie era de confiança, sabia que podia contar todas as suas angústias a ela, mas o motivo do mal estar entre ela e o duque ela não iria dizer.
