LIVRO 1 DA SÉRIE IMPLACÁVEIS
Após descobrir o que motivou o marido a pedi-la em casamento, lady Evangeline Cavendish vê-se obstinada a odiá-lo para o resto da sua vida, focando a sua atenção na sua filha Grace, o único motivo pelo qual sente...
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As primeiras impressões sobre uma pessoa são sempre enganadoras. Estas podem corresponder à realidade, como podem mostrar uma imagem errónea sobre o indivíduo em questão.
Lorde Fallon mostrou-se isso mesmo, portador de uma primeira impressão que não correspondia em nada à realidade que se apresentava a seu respeito. Evangeline desconfiou das suas intenções quanto à aproximação do mesmo, mas agora via que em tudo, desde o começo, ele foi sincero. Ele queria somente a sua amizade, e a duquesa não estava minimamente arrependida de lhe ter concedido tal pedido.
Passou-se pouco mais de uma semana desde o começo da interação dos dois, a segunda semana em que Evangeline permanecia em Chatsworth House. Durante esses dias ambos passeavam pela vila, e até passavam tardes a conversar em Chatsworth. Naquela manhã inclusive, ambos passeavam em agradável harmonia ao longo do espelho de água da propriedade.
— Eu evito os bailes mais por medo do que por outra coisa. — Lorde Fallon prosseguiu com o assunto da conversa. — Na última vez em que compareci a um, tive tantas mães desesperadas a empurrar as filhas para mim, e outras tantas ladies a insinuar-se, que eu já estava em desespero e a interceder pela minha alma a Deus!
Evangeline não conseguiu evitar rir perante tal relato.
— Está a rir do meu desespero e má sorte, Lady Cavendish? — o conde fingiu estar ofendido.
Mas a realidade era outra. Ele adorou a forma como o rosto redondo da duquesa se iluminou com o riso que proferiu.
— Não me tome por malvada milorde, mas eu adoraria ter visto o senhor a fugir das matronas como se fossem uma praga. — confessou a duquesa ainda com um sorriso e a voz risonha.
— Não pense que elas me perseguiam pela minha beleza, era pelo título. Aliás, sempre é assim. Os casamentos são todos na base do título do noivo e do dinheiro envolvido no acordo nupcial.
— Nem todos são assim. Os meus pais casaram por amor, e o meu próprio casamento também foi. — retrucou Evangeline.
Porém ali só havia meia verdade. No seu casamento, só ela casou por amor. Era o maior desgosto que ela tinha que suportar, e que a dilacerava mais um pouco a cada dia.
Já George percebeu a mudança de humor no rosto da duquesa após a sua fala. Ele já tinha percebido que quando ela referia, embora muito superficialmente, o seu casamento, fazia-o com uma intensa amargura. Era como se o enlace lhe causasse um grande desgosto, ou como se algo tivesse ocorrido entre ela e o marido que viesse a causar tal sentimento.
Era nessas alturas em que o conde sentia um enorme ímpeto de a abraçar e acalentar, lançando para longe aquela tristeza. Ninguém merecia passar por tal tormento, mesmo não sabendo qual a dimensão da tormenta que Evangeline suportava.