E is for Edged

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Edged

afiado
1. que age com ou tem perspicácia; penetrante, agudo

Taehyung entregou o teste ao professor sorrindo polidamente. Saiu da sala e, ao pisar no corredor, a nostalgia correu por seu corpo: era a última vez que estaria naquelas salas de aula.

Estava satisfeito com o que tinha conquistado ali. Deu o seu melhor em todas as matérias e saía com mérito. Seu objetivo era continuar mantendo boas notas e formar-se um bom profissional. Agora, seus ombros não carregavam todo o peso da cobrança de seu pai.

Só tinha mais um compromisso. Dias atrás havia recebido o e-mail prometido pelo Dr. Joel com o contato do estudante de doutorado em Estudo de Gênero. Taehyung conseguira marcar um encontro em uma sala de reunião na biblioteca, onde poderiam ter privacidade.

Quando Taehyung aproximou-se da porta da saleta, avistou um homem que não parecia ser muito mais velho que ele mesmo. Era alto e tinha os cabelos castanhos. Seu visual era despojado, uma camiseta vermelha sendo o ponto de cor forte na sua vestimenta.

– Namjoon? – Taehyung perguntou, usando o nome que o professor lhe dera no e-mail.

Namjoon sorriu acentuando suas covinhas. 

– Sim, você é o Taehyung, certo?

Deram as mãos e trocaram formalidades. Alocaram-se no lugar, o doutorando sentando de frente para Taehyung em um dos sofás. Parecia que estava em uma consulta real com um psicólogo. Talvez estivesse: Namjoon era formado na área afinal.

Entretanto, a postura dele era mais amigável do que a de um profissional, como se estivesse conversando com um conhecido e não um paciente.

– Bom, Taehyung, sobre o quê gostaria de conversar? – foi direto ao ponto, e Taehyung ficou grato. 

Taehyung respirou fundo e olhou para suas mãos repousadas no colo. Algo na aura de Namjoon o compelia, e viu-se mais confortável do que imaginou que ficaria quando andava até a biblioteca.

– Eu sempre me senti… Diferente. – Taehyung iniciou, levantando seu olhar para Namjoon, que o incentivou a continuar com um aceno de cabeça. – Eu sou gay e nunca tive muitas dúvidas quanto a isso, quanto a me sentir atraído por homens…

Taehyung suspirou, erguendo coragem para falar sobre o assunto. Mesmo sem tanto nervosismo, era difícil articular suas ideias, pois nem ele mesmo entendia o tumulto em sua mente.

– Apesar disso, eu sempre achei que faltava algo. Eu… Quando eu era pequeno, minha prima tinha esse salão de beleza para bonecas. – Taehyung pausou, sorrindo para si mesmo. – E eu adorava tudo, as cores de tinta para o cabelo, os acessórios. Achava algumas coisas meio toscas, é claro. Todas as bonecas eram iguais e isso me irritava.

– E você não se sentia representado por elas, certo?

Taehyung arregalou os olhos, a percepção de Namjoon lhe assustando.

– É. Assim, elas não representam ninguém realmente, não é? 

Namjoon riu, negando com a cabeça.

– Sim, você está certo. Então, você gostava de brincar com o salão da sua prima… Você teve um para você?

– Há. É claro que não. – Taehyung mordeu o lábio inferior, sua expressão bem-humorada. – Mas eu pedia um toda vez, e minha mãe dizia que não seria divertido brincar sozinho. Hoje eu vejo que ela deixar eu brincar na casa de alguém já era afrontar demais o meu pai… Ela jamais levaria um brinquedo de menina para a casa dele.

Lie to Me (jjk + kth) - ConcluídaΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα