Lie to Me (jjk + kth) - Concluída

O is for Organismic

Organismic
organísmico
1. Diz-se do que é relativo a organismo.

–

É a terceira vez que ele faz uma aplicação desnecessária de CVC. Honestamente, nem mesmo quando éramos apenas estagiários cometíamos esse erro.– Taehyung apertou os olhos contra o punho, tentando mitigar o cansaço. – Existem efeitos colaterais em um uso de um cateter, ainda que não são graves. Provavelmente a arritmia do paciente foi por conta do cateter. Eu juro, ou o Mark melhora, ou ele sai do hospital. Se nenhuma das duas coisas acontecerem, quem vai sair sou eu. Não posso ficar me responsabilizando pela negligência dele.

O Cirurgião-Chefe assentiu, coçando o queixo, olhando para alguns prontuários que tinha em mãos. 

– Você está certo, Taehyung. Você é o melhor profissional que temos aqui, e jamais gostaria de perdê-lo. Mas, você sabe… – o homem engoliu em seco, procurando as palavras. – O tio de Mark é o vice-diretor do hospital. Estou de mãos atadas.

Taehyung riu com escárnio, olhando para o lado. O hospital não se importava de ter alguém que colocasse em risco a vida de seus pacientes? Ao que parecia, era mais importante distribuir cargos para os familiares de quem possuía um alto cargo. 

– Por hora, tire a tarde livre para descansar, Taehyung. Eu sei que a manhã foi agitada.

Taehyung concordou com a cabeça, agradecendo ao menos a atenção do seu superior direto.

Foi até o seu consultório e organizou suas coisas para ir embora. Agora que não estava pensando mais nos problemas do hospital, sua mente ocupava-se com um assunto que ele considerava ainda pior.

Três dias.

Era o número de dias que havia passado desde o (em boa parte) desastroso encontro com Jungkook. Um prazo curto que parecia ser muito, muito maior. As horas passavam dolorosamente lentas.

Ainda não sabia se sentia vergonha, confusão ou frustração. Talvez uma combinação de todos esses fatores. Uma coisa tinha certeza: precisavam terminar a conversa em algum momento, não podiam continuar deixando pontas soltas.

Ou conversavam sobre tudo, dando um fim definitivo para a história que tinham, ou...

Ou…

Ou eles começavam algo de verdade. Taehyung olhou para suas memórias daquele dia que descobrira sobre o acordo com Hyungsik. Era fácil lembrar da traição, de como tinha sido usado por Jungkook. 

A parte difícil era lembrar de Jungkook de joelhos, os seus olhos implorando por perdão. Da carta, do dinheiro que ele devolvera, da despedida no aeroporto. Era difícil lembrar dessas coisas, pois era esse lado de Jungkook que doía mais. 

Podia perdoá-lo?

Já tinha perdoado Jungkook?

Ele podia estar sendo o maior tolo de todos, mas sentia que sim. Sentia que esse Jungkook de hoje era tão parecido com ele mesmo. Que ambos tinham cumprido o seu papel na sociedade em suas carreiras, que ambos tinham vidas estáveis, mas…

Mas suas vidas eram vazias de amor.

Taehyung nunca tinha presenciado um amor como aquele de novo.

Antes de voltar a conversar com Jungkook, Taehyung precisava assentar seus próprios sentimentos, mas ao mesmo tempo parecia que a única maneira de fazê-lo era resolvendo todas as pendências que tinha com ele. Era paradoxal: precisava acalmar-se para conversar com ele, ao mesmo tempo que necessitava da conversa para que pudesse tranquilizar suas emoções.