14. Estou entregue

3.4K 294 693
                                    

O caminho inteiro para o apartamento de Noah, fomos em silêncio. Eu não sabia o que dizer, mas também não sabia se ele queria me ouvir. Um temporal estava caindo do lado de fora do carro e ele parecia irritado com o transito que estava tendo que enfrentar.

Minha cabeça ainda estava girando um pouco. A sua história é intensa, e eu entendo que a sua casca quase que impenetrável o torna forte, ao menos para ele. Mas o que ele não sabe é que esse tipo de proteção afasta pessoas que querem o seu bem. Não entendo muito de decepções, pois toda a minha experiência vem de filmes ou de novelas que eu via quando ficava trancada no meu quarto, todos os dias.

O meu primeiro e único beijo foi aos quinze anos de idade, com o filho de um dos acionistas do meu pai. Ele era bonito e gentil, mas eu não sabia como agir com ele, e nem soube como contar para a minha mãe sobre aquele acontecimento, mas contei a Margo, e como uma ótima linguaruda, ela me entregou para a fera. Minha mãe me beijou e chorou por longos minutos. Eu pensei que fosse de decepção, mas foi apenas por eu estar crescendo, depressa demais, segundo a sua visão de mãe.

Beijar Noah foi algo diferente. Era algo caloroso e firme. Sua língua trabalhava com velocidade em minha boca, e explorava cada mínimo milímetro. Ele sugava meus lábios como se tentasse gravar o meu sabor em sua boca e em sua mente. E o seu gosto, a sua experiência me causava sensações estranhas. O meu estomago se contorcia e toda a minha sanidade fugia, dando lugar para a minha imprudência e desejo ardente por ele.

Toco meus lábios levemente inchados e solto um suspiro. De canto de olho vejo Noah me olhando, sem expressão. Afasto os dedos dos meus lábios e sinto meu rosto esquentar.

Olho para fora da janela e percebo que estamos parados em frente a um prédio, em uma área da cidade que eu nunca estivera antes.

— Vamos pegar um pouco de chuva para entrar. - ele diz e abre a porta do seu lado.

Retiro o cinto de segurança que ainda me prendia no banco, e abro a porta. Saio apressada, sentindo o meu corpo ficar ligeiramente molhado.

Subimos uma pequena escadaria e entramos no prédio, não muito grande, comparado aos que eu já virá antes, em alguns outros lugares.

Noah segue em minha frente, jogando o seu cabelo agora molhado para trás. Agora, subimos três lances de escadas e eu estava um pouco ofegante quando paramos em frente para uma porta escura e levemente envelhecida. Noah retira do bolso de sua calça um molho de chaves e gira uma delas na porta, logo agarrando a maçaneta e empurrando a porta para trás.

Ele entra e dá espaço para que eu faça o mesmo. Olho ao redor do pequeno espaço e me surpreendo um pouco por ser organizado e simples. Na sala há um sofá e uma pequena poltrona, no meio há uma mesa baixa e pequena e logo a frente há uma televisão e um vídeo game ao lado. Fora isso, não existe mais nem uma decoração. Não há quadros, vasos de flores ou lustres grandiosos ou outras bugigangas exageradas que tem na sala da minha casa.

Continuo rolando os olhos e encontro uma divisão de parede e um balcão. Tudo indica que aquele lugar é a cozinha. Há também mais a frente um corredor estreito com algumas portas fechadas.

— Não sabia que tinha um apartamento. - digo e Noah fecha a porta. — Pensei que morasse nos dormitórios.

— Eu comprei há pouco tempo. Venho aqui às vezes para pensar e ficar sozinho. - ele diz e eu o olho.

Olho para os meus pés e vejo a poça de água formando-se embaixo dos meus pés e umedecendo todo o piso de madeira. Noah acompanha o meu olhar e sinto-me corar.

— Quer tomar um banho? - ele pergunta e eu engulo em seco.

Eu aceitei vir até aqui, mas não pensei no que eu estava fazendo e nem no que eu faria quando chegasse até o seu lugar. Essa é a sua casa. Hoje eu conheci uma parte da vida de Noah, e agora estou em seu território.

🍉ִִֺּֽֽׂ֪֤֭ׄؒᬼ ⃟͊🎯ᮭ 𝗼𝗽𝗽𝗼𝘀𝗶𝘁𝗲 𝘀𝗶𝗱𝗲𝘀 | noart ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora