23. Tudo por amor

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Costumam dizer, que quando estamos em uma linha direta para á morte, toda a nossa vida se passa como um filme em nossa cabeça, nos lembrando dos momentos bons, ruins, insanos e afetuosos. Isso não aconteceu comigo, por mais que eu saiba que estou prestes á ser morta pelo pai furioso que adentrou o posto policial, rodeado por seguranças e eu podia ouvi-los tentando afastar os paparazzi de plantão.

Pela pequena televisão encontrada na sala do Tenente Harisson, eu pude ver que o meu rosto e dos outros jovens apreendidos estava em todos os jornais e provavelmente sendo assunto em todo o mundo. Eles fizeram questão de pontuar que eu era a filha do presidente.

Eu sei que as notícias correm rápidas e se espalham como uma praga, mas não imaginava que algumas horas fosse o suficiente para eu ter virado assunto em todo mundo.

Noah. Eu não o vejo desde que cheguei, mas consegui arrancar informação de um policial rechonchudo e calvo. Ele se comoveu com o meu choro exasperado, confuso e temeroso, me dizendo que ele estava em uma cela com mais outros quatros jovens que também foram apreendidos em mesma situação, mas por mais que eu tenha gritado e implorado para vê-lo, ele não se comoveu novamente, apenas me entregou com copo com água que eu mal pude segurar devido as algemas rodeadas em meus pulsos.

Batendo os dedos sobre a mesa amadeirada do Tenente, engulo em seco quando ouço a porta sendo aberta e ouço os passos pesados adentrando a sala, assim como saltos batendo no assoalho de madeira. Olho para trás e vejo a minha mãe correndo em minha direção, eu tenho apenas o tem para ficar de pé antes de ser esmagada pelo seu abraço acolhedor.

Não consigo lhe retribuir, pois meus braços estão juntos ao meu corpo, fazendo com que eu fique impossibilitada de fazer muitas coisas, mas não de chorar. Eu chorei á todo momento desde que cheguei, mesmo que eu soubesse claramente que de nada adiantaria e não mudaria o que aconteceu á exatas cinco horas.

O que me restou, além de pensar sobre o que meu pai faria e em Noah, foi ficar sentindo-me inquieta e incomodada com a pequena ampulheta sobre a mesa do Tenente, assim como o relógio recostado sobre uma das paredes, tornando o silêncio da sala algo estranho com os seus pêndulos batendo de um lado para o outro.

— Porque fez isso, Sina? - mamãe pergunta ao se afastar de mim, mas me segura pelos ombros.

Seus olhos claros estão vermelhos, assim como a ponta de seu nariz.

Arrisco olhar para o meu pai, mas não o reconheço. Ele está pálido, abatido e com uma expressão nítida de raiva e amargura.

— O que exatamente ela fez? - meu pai pergunta rudemente para o Tenente que ajeita sua gravata antes de sentar em sua cadeira reclinável.

— Não tivemos acesso á nem uma câmera de segurança para dizer se ela participou da corrida, mas ela estava no local de uma corrida ilegal, anteriormente fugindo da apreensão, mas logo voltou e foi apanhada por nossos oficiais. - diz de maneira profissionalmente calma. — Conseguimos contatar o dono do local, que não tinha nem uma ideia de que ali estava se tornando um ponto de corridas ilegais. Ele estava em Boston, mas pela manhã estará aqui para prestar queixa sobre a invasão de sua propriedade.

Bem. Isso me pegou de surpresa, pois eu pensei que o local poderia ser de Matthew ou de algum de seus amigos, pois todos pareciam muito confortáveis no local, dançando, bebendo e correndo como se nada pudesse acontecer.

— Que merda havia em sua cabeça, Sina? - meu pai explode. — Você me pediu uma chance para ir á faculdade, eu lhe dei, por mais que eu não achasse que daria certo. Agora veja no deu!

— Pai...

— Era para isso que queria estar em uma faculdade? Era para isso que reclamava dos seguranças, me fazendo tirá-los de você? Era para que, Alexia? - ele grita novamente. — O que mais você fez de errado? Drogas? Bebidas? O que mais, Sina?

🍉ִִֺּֽֽׂ֪֤֭ׄؒᬼ ⃟͊🎯ᮭ 𝗼𝗽𝗽𝗼𝘀𝗶𝘁𝗲 𝘀𝗶𝗱𝗲𝘀 | noart ✓Where stories live. Discover now